Delegacia de Homicídios assume caso após descoberta de ossada

Comparação entre os restos mortais e os materiais genéticos dos pais pode comprovar morte de rapaz desaparecido há mais de 4 anos


Por Sandra Zanella

12/07/2018 às 15h36

Segundo o delegado Rodrigo Rolli, a investigação sobre o caso está sendo tratada como prioridade “para dar a resposta que a família da vítima merece” (Foto: Felipe Couri)

A Delegacia Especializada de Homicídios assumiu nesta quinta-feira (12) a investigação sobre o possível assassinato de Rodrigo Santiago Sebastião, desaparecido desde 3 de abril de 2014, quando tinha 22 anos. Segundo o delegado que iniciou as investigações na época e atual responsável, Rodrigo Rolli, a ossada encontrada no último sábado (7) no quintal de uma casa próxima ao local onde o carro da vítima foi abandonado, às margens da Estrada União e Indústria, pode trazer a materialidade do crime. A comprovação será feita no setor de Antropologia do Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, por meio da comparação entre os restos mortais e os materiais genéticos colhidos dos pais de Rodrigo.

“Há vários indícios que levam a essa confirmação”, disse Rolli, acrescentando que novas buscas deverão ser realizadas no mesmo terreno onde a ossada foi achada e em um açude próximo, a fim de localizar o crânio. “Vamos procurar para vermos, por exemplo, se houve algum traumatismo craniano”, explicou o delegado sobre os levantamentos necessários para identificar as prováveis causas da morte. O delegado também vai solicitar um novo exame de luminol no carro usado por Rodrigo no dia de seu desaparecimento, para verificar possíveis vestígios de sangue.

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Na próxima segunda-feira (16), serão ouvidas oficialmente as primeiras pessoas, incluindo os pais do jovem e o agente penitenciário que encontrou a ossada quando limpava seu quintal, acionando a Polícia Militar. Um dos objetivos é saber detalhes dessa localização e há quanto tempo o morador residia naquele endereço. “A família já reconheceu um cinto, uma etiqueta da calça jeans e um pé do tênis (achados junto com os ossos). Vamos ver se haverá necessidade de buscas pelo Corpo de Bombeiros no açude.”

Além de expedir ordens de serviço para sua equipe realizar novos levantamentos de campo junto aos locais de crime e aos possíveis envolvidos, Rolli determinou outras diligências. “Os materiais já foram enviados ao setor de Antropologia do IML em BH, a fim de determinar a comprovação da materialidade do crime, e requisitei perícia de local. Vamos reinquirir também pessoas ligadas ao caso. A família já conversou comigo e foi intimada para segunda-feira (16).”

O delegado afirmou que essa investigação está sendo tratada como prioridade “para dar a resposta que a família da vítima merece”. “Desde o início, o inquérito era de homicídio e, não, de desaparecimento. Pedi ao delegado Rodrigo Massaud (atual titular da 6ª Delegacia) para me repassar o caso, uma vez que já conheço. Acredito que agora, com a equipe formada com quatro anos de experiência, novas informações podem surgir, e vamos dar uma resposta à sociedade.” Rolli lembrou que quem tiver qualquer informação sobre o caso pode fazer denúncias anônimas por meio do 181.

Fim de um drama que já dura quatro anos

Em entrevista à Tribuna na última terça-feira (10), a mãe de Rodrigo, Núbia Santiago Sebastião, falou do drama vivido pela família há mais de quatro anos. No dia em que a ossada foi encontrada próxima ao local onde o carro do jovem foi abandonado, o pai chegou a comparecer ao endereço, levantando a hipótese de os restos mortais serem de seu filho. A expectativa é de que a suspeita seja comprovada, para colocar fim, ao menos, à dor da dúvida. “Ao longo desses anos de espera e de muito sofrimento, nossas vidas ficaram estacionadas. Estivemos sempre em busca de uma resposta. Agora esperamos que essa dor seja amenizada”, disse a mulher. Ela também espera por justiça e responsabilização pela morte do filho.

O veículo foi achado apenas no dia 11 de abril de 2014, oito dias depois do desaparecimento do rapaz. O carro estava aberto às margens do Paraibuna. O Corpo de Bombeiros chegou a fazer buscas na área a fim de localizar a vítima no rio. Em maio daquele ano, o caso já passou a ser tratado como homicídio pelo delegado Rodrigo Rolli, que estava à frente da 6ª Delegacia na ocasião. Ele sempre destacou o fato de o jovem não ter envolvimento com crimes e ser trabalhador. Na época, uma acareação foi realizada com os três rapazes que estiveram com Rodrigo no dia de seu sumiço. Todos negaram qualquer envolvimento.

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