Therezinha de Jesus retoma atendimento de urgência

Usuários com traumas voltaram a ser encaminhados para a unidade. Convênio estabelece repasse de R$ 200 mil por mês


Por Rafaela Carvalho

09/08/2017 às 06h03

(Foto: Felipe Couri)

O Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus voltou a atender usuários com traumas encaminhados à unidade pelo Samu. A retomada do serviço é resultado de negociação entre a direção do hospital, a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Estado de Saúde (SES), e visa a desafogar o Hospital de Pronto Socorro (HPS), que, desde 2015, assumiu o atendimento de urgência de média complexidade dos 94 municípios que compõem a macrorregião Sudeste. Como contrapartida, R$ 200 mil mensais serão repassados para o hospital pelo Estado.

Conforme a subsecretária de Urgência e Emergência do Município, Adriana Fagundes, a instituição voltou a atuar na rede de urgência e emergência como referência nível 2 para trauma, atendendo usuários referenciados pelo Samu. “O Samu faz o primeiro atendimento e redireciona o paciente a um hospital da rede, respeitando a gravidade do trauma”, explica. No entanto, somente usuários com fraturas de média complexidade podem ser atendidos na unidade, sendo que os casos de politraumatismo continuarão tendo como porta de entrada o HPS.

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Apesar disso, a expectativa é que, em breve, o hospital se torne também porta de referência para politraumatismo. No entanto, é necessário aguardar habilitação do Ministério da Saúde. “Nós respeitamos a complexidade das unidades hospitalares, considerando a capacidade técnica de cada uma. O Therezinha de Jesus fez uma solicitação de habilitação para neurocirurgia, mas ainda não obteve o credenciamento. Normalmente, o politraumatismo envolve a necessidade de uma neurocirurgia e, por isso, chegamos ao acordo de mantê-lo como média complexidade. No entanto, não perdemos o olhar para a expectativa de um habilitação. Quando isso ocorrer, atualizaremos os fluxos hospitalares da rede”, destaca Adriana.

Para a subsecretária, o acordo beneficia a urgência e emergência em todos os sentidos. “Com a retomada do atendimento de urgência, o hospital vai desafogar o HPS, além de agilizar os procedimentos cirúrgicos de média complexidade em toda a rede. Esses foram os nossos principais condutores para fechar esse acordo.” A Secretaria de Saúde vai atuar como fiscalizadora do convênio. A SES será a responsável por repassar o montante mensal acordado entre as partes, mediante prestação de contas por parte do hospital.

Impasse começou em 2014

O Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus paralisou os atendimentos em urgência e emergência oficialmente em março de 2015, quando a instituição já acumulava déficit de R$ 10 milhões. Na ocasião, a unidade afirmava não ter recursos para manter as portas da urgência abertas, já que, desde o ano anterior, o Governo estadual tinha deixado de repassar R$ 2.977.102,00 para custear o serviço. Desde então, a parceria entre o hospital e as secretarias de saúde ficou estremecida, mesmo com a instituição continuando na rede. Os atendimentos, então, passaram para o HPS, sobrecarregando o hospital, que não recebe recursos da rede.

Segundo o presidente do conselho do hospital, José Mariano Soares de Moraes, a instituição tem déficit acumulado de mais de R$ 20 milhões em razão da falta de repasses do Estado. “Em fevereiro de 2014, iniciamos o atendimento de urgência e emergência com nível 1, contando que o Estado ia honrar esses pagamentos. Assim trabalhamos 13 meses, mesmo sem os repasses, o que acumulou um prejuízo de R$ 20 milhões, ainda em aberto. Atendemos os 94 municípios da macrorregião, e isso foi muito grave, pois o hospital é filantrópico. Hoje, estamos negociando para equacionar esta questão.”

Sobre a expectativa para a retomada do atendimento de urgência, o presidente afirma que a instituição aguarda habilitação para a neurocirurgia, mas considera que o principal desafio é regular o atendimento na rede. “A ponderação que estamos tentando fazer, e que está sendo custosa, mas está evoluindo, é desenhar o fluxo de quem vai ser encaminhado para a unidade e quem não vai, pois é muito difícil analisar, no momento do atendimento, quem tem politraumatismo e quem não tem. Vamos buscar a integralidade do atendimento da urgência e emergência.”

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