Juiz de Fora ganha dez ciclorrotas


Por Nathália Carvalho

08/06/2016 às 17h23- Atualizada 09/06/2016 às 08h33

[Relaciondas_post] A partir da próxima semana, dez ciclorrotas serão instaladas nas principais vias de Juiz de Fora. A avenida mais importante da cidade, a Rio Branco, será a primeira a receber o modelo, que prevê a implantação de sinalização de trânsito sobre a presença de ciclistas. O plano, que busca oferecer mais segurança e respeito aos usuários de bicicleta na área urbana, foi lançado na manhã desta quarta-feira (8) pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB), no Auditório da Escola de Governo, no Bairro Ladeira. Também estiveram presentes o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, e os grupos de ciclistas Mobilicidade, Entabike, Os Cabritos e Pedal Ecológico. As sinalizações começam a ser implementadas a partir da próxima terça-feira, e a estimativa é de que todas estejam instaladas até o fim deste ano. Além da Rio Branco, as ciclorrotas serão na Getúlio Vargas, Dom Silvério, São Mateus, José Lourenço Kelmer, Vitorino Braga, Santo Antônio, Francisco Bernardino, Andradas e Itamar Franco. No total, 500 placas serão colocadas ao longo dos trechos, que totalizam cerca de 40 quilômetros.

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Conforme a Settra, a ciclorrota consiste na instalação de sinalização vertical e horizontal direcionada aos motoristas, ciclistas e pedestres, informando a existência de uma rota compartilhada. O objetivo é promover a segurança e facilidade para os ciclistas que utilizam as vias, informar o próprio ciclista em relação aos seus direitos e deveres, além da conscientização de motoristas e de toda a sociedade em relação à presença dos ciclistas nas ruas. “Nosso objetivo é inserir a bicicleta como modelo de transporte na cidade, e isso está sendo possível após muita discussão e análise de vários modelos. Pretendemos avançar ainda mais neste assunto, ouvindo as sugestões dos ciclistas”, ressaltou o chefe do Executivo. A Prefeitura fará ainda a divulgação do mapa informativo com as principais rotas ciclísticas da cidade para a população.

“O prefeito seguiu o caminho correto e percebe-se que a iniciativa atende às demandas dos ciclistas. Consideramos um grande avanço para nossa luta”, afirmou o diretor do grupo Mobilicidade, Guilherme Mendes. Um dos coordenadores do grupo, Kiko Zaninetti, classificou o momento como um “marco” para a luta dos ciclistas no município. “Considero que estamos vivendo um divisor de águas na inserção da cultura da bicicleta na cidade. Ocorrências fatais envolvendo ciclistas foram registradas recentemente, e a gente espera diminuir esse dado. Demos o primeiro passo, mas continuamos com muitas ideias. Uma delas é a ciclovia na Brasil, mas consideramos que as ciclorrotas são ainda mais importantes, principalmente pela questão da educação”, salientou. Antes do evento, cerca de 20 ciclistas se concentraram no Parque Halfeld, Centro. De lá, eles seguiram em uma bicicletada até a Escola de Governo. A Polícia Militar acompanhou o trajeto.

Zona Norte
Durante a coletiva, a presidente da Associação de Moradores de Benfica, Aline Junqueira, questionou sobre a não contemplação da Zona Norte no projeto. Em resposta, o prefeito afirmou que iria pedir à Settra que aprimorasse o estudo para implantá-lo na região. “Este já era o plano, e não há nenhuma dificuldade em avançarmos nisso. Vou solicitar para que a intervenção seja feita ainda neste ano”, garantiu.

36% da população da cidade vivem em área plana contínua

As ciclorrotas foram traçadas a partir do resultado da oficina de avaliação da demanda cicloviária em Juiz de Fora, organizada pelo Mobilicidade e outros ciclistas. O projeto vinha sendo discutido há cerca de dois anos e meio por ciclistas e Poder Público. Em fevereiro, um mapa com os principais trajetos utilizados por bicicletas no município foi entregue à Settra. Além do traçado, o documento continha diretrizes para implantação de equipamentos que garantissem maior segurança e comodidade no trânsito. No documento, foi mostrado que o ponto de maior incidência de bicicletas é a Avenida Rio Branco, inclusive atestado pelos cálculos de ciclistas desenvolvidos pelo grupo em três pontos.

A partir daí, conforme a Prefeitura, foi possível iniciar a identificação das principais rotas feitas pelos ciclistas na cidade. Nesta análise, ficou constatado que o percentual da população que reside na grande área plana contínua de Juiz de Fora é de 36%, o que representa 154 mil habitantes. “Chegamos a conclusão de que a declividade não era um obstáculo para os ciclistas”, afirmou o secretário de Trânsito, Rodrigo Tortoriello. A Settra informou ainda que outras áreas planas que já possuem alto fluxo de ciclistas não foram agregadas ao estudo por estarem descontinuadas, em virtude de trechos de declividade.

Com o resultado deste estudo de rotas cicláveis, foram definidas as áreas de implantação prioritárias. O Centro foi escolhido para a primeira fase do projeto devido ao alto fluxo de ciclistas, características topográficas e capacidade de atração de outros adeptos. A partir daí, foram escolhidas rotas específicas para receberem as sinalizações de trânsito, demarcando assim as ciclorrotas na Rio Branco, Getúlio Vargas, Dom Silvério, São Mateus, José Lourenço Kelmer, Vitorino Braga, Santo Antônio, Francisco Bernardino, dos Andradas e Itamar Franco.

Tipo de sinalização

Entre as sinalizações horizontais que serão implantadas está a guia compartilhada, que permite o compartilhamento da faixa de pedestres com o ciclista e garante a largura mínima para a faixa de pedestres, que é de 3 metros. Outra horizontal é a “bike box”, uma área de espera no semáforo destinada aos ciclistas, de forma a dar espaço para eles aguardem pelo sinal verde. “Isso serve para dar mais segurança na disputa com o carro no momento em que o sinal abre”, enfatiza o secretário. Toda sinalização baseia-se nas normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Confira simulação acima.

Ciclovia da Brasil depende de fim das obras de despoluição do Paraibuna

Uma reivindicação antiga dos ciclistas é a implantação de ciclovia na Avenida Brasil, em um projeto que seguisse pela margem do Rio Paraibuna até a Zona Norte. Na solenidade ontem, o assunto voltou à tona, e o prefeito Bruno Siqueira afirmou que existe a vontade do Executivo em realizar o projeto, mas que isso depende da finalização das obras de despoluição do Rio Paraibuna. “Desde o início da nossa gestão, estamos com a despoluição em execução ao longo do rio, sendo que depois vamos avançar para os córregos. Ficava inviável a construção de uma ciclovia na avenida porque haveria necessidade de destruição do projeto por conta das obras. Agora convidamos vocês a participarem dessa iniciativa, pois pretendemos elaborar um projeto e captar recursos. É necessário muito estudo, para que haja total segurança aos ciclistas”, afirmou, dirigindo-se aos ciclistas que estavam presentes na solenidade.

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Outras demandas
Outro pedido dos ciclistas foi o aumento no número de paraciclos – tipo de suporte para bicicletas -, bem como a garantia de segurança nos locais onde eles são implantados. Há poucos meses, o prefeito vetou o projeto de lei que previa a instalação de paraciclos em pontos que dispõem de mais de dez vagas de estacionamento e mais de 20 empregados. O prefeito explicou que foi necessário vetar o projeto em virtude de uma inconstitucionalidade. “Este tipo de projeto precisa ser de iniciativa do Executivo, é uma questão de lei e, por isso, precisei vetar. Mas já estamos elaborando uma proposta nos mesmos moldes daquela apresentada pelo vereador e encaminharemos à câmara”, disse.

Foi levantada ainda pelas associações a questão da adequação dos coletivos urbanos para se transportar as bicicletas. Um Projeto de lei apresentado na Câmara Municipal recentemente buscava determinar a instalação do suporte para transporte de bicicleta nos ônibus coletivos urbanos. A medida, de autoria do vereador Antônio Aguiar (PMDB), foi retirada pelo autor após recomendação da Procuradoria Geral do Município, que o orientou a procurar o Contran para saber sobre a regulamentação do equipamento, já que poderia haver algum impeditivo na legislação.

Além disso, foi sugerido pelos ciclistas que haja um trabalho de conscientização em autoescolas e com motoristas de ônibus e táxis sobre a cultura da bike. “Ontem (terça) tivemos uma reunião com a Polícia Civil e discutimos sobre como poderíamos inserir esta questão em exames de direção. A ideia é trabalhar isso com o Detran, para que seja cobrado nas autoescolas”, afirmou o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello.

 

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