Suspeito de golpe da tetra chave tem 12 inquéritos no último mês

Criminoso costuma agir em edifícios sem porteiro, passando-se por parente de moradores e pedindo dinheiro emprestado


Por Sandra Zanella

05/10/2017 às 15h34

O homem de 33 anos suspeito de aplicar golpes como o da tetra chave em apartamentos, principalmente na Zona Sul de Juiz de Fora, foi apontado como suspeito de 12 inquéritos de estelionato e furto abertos pela 1ª Delegacia de Polícia Civil apenas nos últimos 30 dias. Os crimes aconteceram nos bairros Alto dos Passos, Bom Pastor, Boa Vista e São Mateus. Desde 2014, quando surgiram as primeiras ocorrências do tipo, já são quase 20 procedimentos instaurados, segundo informações do delegado Luciano Vidal. Ele acrescentou que o homem foi preso em flagrante pela Polícia Militar no último dia 17, mas acabou liberado pela Justiça dois dias depois. Em 2015, chegou a atuar na região do Cascatinha e ficou quatro dias detido. “Nos próximos dias vou ouvir todas as vítimas, proceder o reconhecimento fotográfico e pensar em uma estratégia para retirá-lo de circulação”, garantiu.

O delegado destacou que o suspeito age sempre com o mesmo modus operandi. “Ele tem acesso a correspondências do prédio alvo da ação. Com a informação do nome de um morador e do número do apartamento, bate na casa de um vizinho e se passa por parente daquele morador. Ele pede um valor que gira em torno de R$ 20 a R$ 50, seja para comprar um botijão de gás ou para contratar um chaveiro para acessar o ambiente, alegando que o parente não está em casa. Ele pede emprestado pequenas quantias, garantindo que devolveria o dinheiro no dia subsequente, mas depois some”, explicou. “O modo de atuação dele é sempre o mesmo. Mas além desses estelionatos, temos constatado também a prática do crime de furto. O acesso ao prédio e à residência é feito da mesma forma, mas, ao invés de conseguir dinheiro por meio de uma história, subtrai um celular que esteja ali à mostra, por exemplo, e foge. Em uma das ocorrências a mulher nega fornecer a quantia solicitada, e ele pede para tomar água. Aproveita a distração e pega um telefone.”

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Um desses casos de furto citado por Vidal aconteceu no dia 2, quando um homem de 26 anos teve furtados dólares e pesos argentinos, além de um celular, em um edifício na Avenida Rio Branco, na altura do Bairro Bom Pastor. O suspeito bateu à porta, se identificando como sobrinho de uma moradora do mesmo edifício. Ele acrescentou que precisava fazer a cópia de uma tetra chave, porque a mesma teria quebrado, e solicitou emprestada a quantia de R$ 40. Sem perceber que se tratava de um golpe, porque os dados fornecidos estavam corretos, o morador foi buscar o dinheiro e deixou a pessoa aguardando na sala. Depois ele constatou o furto do telefone, 55 dólares e 500 pesos argentinos.

O delegado fez um alerta para vítimas não caírem no golpe: “Normalmente ele acessa os prédios que não têm porteiro. Recomendamos não abrir o portão eletrônico para pessoas desconhecidas, mesmo que aleguem ser parentes de vizinhos. E se alguém chegar à porta de sua casa, nessa modalidade que estamos divulgando, deve-se evitar passar o dinheiro, porque não vai ter retorno dessa quantia.”

Subnotificação
O delegado não soube confirmar se o suspeito é o mesmo apontado pela Polícia Civil há três anos por suposto envolvimento na prática de diversos crimes de estelionato semelhantes, mas acredita se tratar da mesma pessoa, devido ao modo de ação, à idade e ao endereço de residência no Bom Pastor. Ele foi identificado em março de 2014 ao ser flagrado por câmeras de segurança de um prédio na Avenida Itamar Franco, em São Mateus, onde teria conseguido dinheiro com a fraude da tetra chave.

Sobre o fato de o suspeito continuar solto mesmo diante de tantos inquéritos, Vidal informou que, apesar de se tratar de muitos crimes, as quantias envolvidas são pequenas, e o homem acaba conseguindo responder em liberdade. “Isso cabe ao Poder Judiciário, mas podemos perceber que há uma grande subnotificação dos casos. As vítimas não registram as ocorrências como elas deveriam, na quantidade em que elas ocorrem. Seja por acreditar que a quantia é pequena e não vale a pena ou por se sentir constrangida de procurar a polícia. Pedimos a população, às pessoas que foram vítimas desse homem ou de outros, mas com essa mesma modalidade, que procurem a delegacia da área. Os moradores da Zona Sul e da Cidade Alta devem comparecer à Polícia Civil no São Mateus, para que seja aberto inquérito policial para investigar o crime. Com vários procedimentos instaurados, acreditamos que, futuramente, essa pessoa tende a ser retirada de circulação.”

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