Até radares estão encobertos por mato em rodovia sem manutenção


Por Eduardo Valente e Marcos Araújo

03/05/2017 às 07h00

Placas que indicam os radares e fornecem outras orientações para condutores são impossíveis de ser vistas, diante do matagal (Foto: Fernando Priamo)
Placas que indicam os radares e fornecem outras orientações para condutores são impossíveis de ser vistas, diante do matagal (Foto: Fernando Priamo)

Os cerca de 15 quilômetros da rodovia MG-353 que separam Juiz de Fora, a partir do posto da Polícia Militar Rodoviária, no Bairro Grama, Zona Nordeste, até o trevo de acesso a Coronel Pacheco, escondem obstáculos e perigos aos condutores causados pela falta de manutenção periódica. A situação mais grave é gerada pela ausência de corte da vegetação, que escondeu os acostamentos e agora impede a visibilidade das placas de sinalização. Nem mesmo os radares fugiram do problema, sendo que vários deles estão encobertos pelo mato alto. E não são poucos, já que, desde a reativação dos equipamentos, a partir de outubro do ano passado, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) instalou sete conjuntos apenas neste segmento, totalizando 14 equipamentos nos dois lados da via. Muitos deles, além de escondidos, foram colocados próximos de curvas, dificultando a reação dos motoristas à velocidade máxima permitida nos trechos, que é de 60 quilômetros por hora.

O problema se tornou evidente nos últimos feriados, quando o fluxo de veículos na estrada aumentou. Na última segunda-feira (1º de maio), uma jornalista de Juiz de Fora, usuária da MG-353, passou pelo trecho e lamentou a falta de manutenção. A preocupação dela estava, principalmente, com relação aos radares que, por consequência do mato, estão mal sinalizados. “Somente o usuário é responsabilizado pelos erros, enquanto o poder público está se isentando da sua responsabilidade no que diz respeito a conservação das placas e da vegetação no entorno”, reclamou. Ela lamentou, ainda, as crateras na via, mesmo em pontos onde há recapeamentos recentes e a falta de acostamento, que coloca ciclistas e pedestres em risco. “Na segunda-feira, vi uma mulher caminhando pela rodovia, sem qualquer segurança. Este é um segmento com muitas propriedades rurais e casas no entorno da rodovia, então o fluxo é constante.”

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Ciclistas se arriscam na estrada onde mato impede circulação nas margens da via, que tem traçado antigo e sinuoso (Foto: Fernando Priamo)
Ciclistas se arriscam na estrada onde mato impede circulação nas margens da via, que tem traçado antigo e sinuoso (Foto: Fernando Priamo)

Uma moradora de Juiz de Fora, natural de Tabuleiro, afirma que a situação “ultrapassou os limites”. “Vale destacar que a estrada liga duas das principais cidades da região: Juiz de Fora e Ubá. Isso sem falar no Aeroporto Regional. Uma situação precária, tanto para motoristas quanto para pedestres, que perderam todo o acostamento para o mato.”

 

Radar é necessário

Conforme a última atualização do DEER/MG, entre outubro de 2016, quando os radares foram ligados, e fevereiro deste ano, mais de cinco milhões de veículos foram fiscalizados pelos equipamentos nas rodovias de Minas na Zona da Mata. Desde total, 6.659 foram autuados por excesso de velocidade. De acordo com o tenente Jader Augusto Oliveira, comandante do Pelotão Rodoviário de Trânsito da Polícia Militar, na região, os equipamentos estão posicionados nos locais onde existia maior incidência de acidentes. “Percebemos que a instalação foi feita com o objetivo de preservar vidas. Inclusive, já notamos a redução de acidentes nestes trechos. Mas o que está prejudicando a visibilidade aos equipamentos são mesmo as placas encobertas pelo mato.” Sobre a vegetação, o tenente salientou que esta correção é de responsabilidade do DEER/MG. Em nota, o departamento informou que “vai enviar uma equipe técnica à MG-353 para verificar as condições de sinalização dos radares e de manutenção da via para tomar as providências necessárias”.

 

Trevo perigoso no acesso à rodovia BR-040

O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) está prestes a concluir a estrada que liga a rodovia BR-040 à MG-353, na altura de João Ferreira, distrito de Coronel Pacheco. A última fase desta intervenção foi a ligação do novo segmento com a rodovia estadual. No entanto, o grande trevo colocado está causando uma série de dúvidas aos condutores. Quem segue a partir de Juiz de Fora, por exemplo, depara-se com uma pintura de “Pare” no meio da rodovia, dando a entender que a preferência de tráfego passa a ser de quem caminha a partir do trevo. No entanto, quem segue pelo novo caminho também é surpreendido com duas placas de sinalização vertical indicando “Pare”, o que impossibilita saber de quem é a preferência. Há preocupações de condutores com relação à possibilidade de ter que parar o veículo em plena rodovia e, desta forma, causar acidentes.

Sinalização de "Pare" no meio da MG-353, em trecho onde foi construído acesso à BR-040, causa estranheza a motoristas, que temem acidentes no local (Foto: Fernando Priamo)
Sinalização de “Pare” no meio da MG-353, em trecho onde foi construído acesso à BR-040, causa estranheza a motoristas, que temem acidentes no local (Foto: Fernando Priamo)

Mas este não é o único problema no trevo. No sentido contrário, em direção a Juiz de Fora, os veículos agora passam por dentro do trevo para seguir viagem. Quem está na faixa da direita seguirá pelo novo acesso, enquanto que, na faixa da esquerda, manterá viagem pela MG-353. Porém, uma seta invertida, pintada sobre o asfalto, logo após outra seta que indica a direção correta, confunde os motoristas. O resultado é que vários deles estão indo em direção à nova estrada, de forma equivocada, obrigando um retorno.

O tenente Jader Augusto, do Pelotão de Trânsito Rodoviário da Polícia Militar, preferiu não emitir opiniões sobre estas sinalizações, pois, segundo ele, tudo foi feito a partir de estudos de engenharia promovidos pelo DEER/MG. O órgão, por sua vez, reforçou que vai enviar uma equipe técnica à estrada para verificar a situação.

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Obra inacabada

Até o último feriado, o acesso para a nova estrada estava fechado por defensas metálicas e fitas nas cores preta e amarela. Ontem, parte do segmento estava aberto, possibilitando a entrada de veículos. Conforme tenente Jader, o DEER afirmou que a passagem ainda é proibida, pois a via, em obras, é considerada de acesso restrito. Por isso, a retirada de parte das defensas pode ter sido feita sem autorização. “Inclusive há registros de ações de vândalos neste segmento, que danificaram as placas de sinalizações recém-instaladas.”

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