Idoso é preso por suspeita de abusar do filho de 4 anos

Suspeito foi capturado em casa na Zona Norte um mês após denúncia da mulher e mãe da criança; ele nega o crime hediondo


Por Sandra Zanella

03/04/2018 às 13h46- Atualizada 03/04/2018 às 18h07

Aposentado de 65 anos foi preso mediante mandado de prisão temporária expedido pela Justiça; delegado Rafael Gomes (à direita da foto) comanda as investigações (Foto: Leonardo Costa)

Um aposentado de 65 anos foi preso por suspeita de abusar sexualmente do filho de 4 anos. Mediante mandado de prisão temporária expedido pela Justiça, ele foi capturado por policiais civis da 3ª Delegacia, na manhã desta terça-feira (3), em sua casa na Zona Norte de Juiz de Fora. De acordo com o delegado à frente das investigações, Rafael Gomes, as apurações começaram há cerca de um mês, após denúncia da própria companheira do idoso e mãe da criança. Em 2010, ela já havia registrado boletim de ocorrência suspeitando que o companheiro molestava o próprio enteado, hoje com 11 anos e na época também com 4. A queixa, no entanto, não foi levada adiante. Desta vez, a mulher deixou a residência e foi para a casa de parentes.

Em depoimento, o aposentado negou as acusações e alegou manipular os órgãos genitais do filho apenas após as necessidades fisiológicas e durante o banho. Segundo o delegado, chamou a atenção relatos de familiares sobre a questão que o idoso fazia de dormir todas as noites com o menino. “Fomos procurados pela ex-esposa do suspeito, e ela nos relatou que, em data pretérita, seu filho de 11 anos havia relatado que o menino de 4 anos estaria sofrendo abuso sexual por parte do pai. Instauramos inquérito policial, fizemos a oitiva da mãe e dos irmãos. Tudo com muita cautela, muito zelo, porque é uma situação envolvendo família muito delicada”, avaliou Rafael, acrescentando que o garoto também possui um irmão de 12 anos por parte de mãe, além de, pelo menos, outros dois mais velhos, pelo lado do pai.

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De acordo com o policial, a vítima foi submetida a exames no HPS e passou por acompanhamento psicológico. “A criança relatou aos médicos e à enfermeira que seu pai estaria manipulando seu órgão genital, apalpando suas partes íntimas. Esse laudo foi anexado ao inquérito.” Ainda conforme o delegado, os depoimentos dos parentes corroboraram a suspeita. “Todos foram categóricos em afirmar e confirmar os abusos. Disseram que o pai era muito apegado à criança, somente ele dormiria com o filho, ninguém mais poderia. Alguns comportamentos que indicam que realmente esse menino estava sofrendo abusos. Psicólogos conversaram com a criança e, mais uma, vez foi confirmado. Também juntamos aos autos uma gravação realizada pela própria mãe, na qual a criança relata o abuso sofrido.”

Difícil elucidação

Rafael destacou que esse é um crime de difícil elucidação, mas todos os indícios reforçam a denúncia. “O comportamento do suspeito, aliado aos depoimentos das testemunhas, as provas que temos nos autos e a transcrição da gravação são contundentes em apontar que realmente essa criança vinha sofrendo abusos por parte do genitor.” Conforme o delegado, não foi possível precisar o início dessa relação criminosa. “Realizamos um levantamento da vida pregressa do suspeito e encontramos o boletim registrado contra ele em 2010. A mãe teria presenciado o padrasto apalpando as partes íntimas do afilhado.”

Após descobrir novamente a mesma situação, só que com o filho do casal, saiu de casa e pediu ajuda a parentes. “O motivo de ter deixado a residência foi exclusivamente por ter descoberto os abusos. Caso tivessem brigado por outros motivos, poderíamos até suspeitar de denúncia para prejudicá-lo. Mas o próprio suspeito, em depoimento, diz que a relação com a mulher era boa. Ela tem um histórico de uso de drogas, porém, atualmente está recuperada.”

O idoso foi encaminhado ao Ceresp, onde ficou à disposição da Justiça, e deverá responder por estupro de vulnerável. O delito previsto no artigo 217-A da Lei de Crimes Sexuais tem pena de oito a 15 anos de reclusão para quem mantiver qualquer tipo de relação sexual com menor de 14 anos. “Com base no robusto acervo probatório, representamos pela prisão temporária dele. Por se tratar de crime hediondo, a prisão é válida por 30 dias e pode ser prorrogada por mais 30. Agora vamos fazer no bairro um levantamento da vida pregressa do suspeito, uma vez que trabalhou durante 19 anos prestando serviços gerais em um campo de futebol frequentado por crianças, desde 5 anos, até adolescentes de 17. Vamos verificar se existe mais algum caso de abuso”, finalizou Rafael.

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