Discursos de ódio e pornografia infantil são principais desafios da internet

Racismo corresponde a quase um terço das denúncias recebidas pela SaferNet em 2017


Por (ABr)

13/02/2018 às 07h00

FOTO: STEVE MARCUS/REUTERS

(ABr) – Cerca de 63% das denúncias recebidas no ano passado pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, coordenada pela ONG SaferNet, estão relacionadas a discurso de ódio. O racismo corresponde a quase um terço dos conteúdos denunciados. Além disso, 69% das vítimas que procuram ajuda por bullying, perseguição e ameaças são mulheres. Os dados foram apresentados no início do mês, durante eventos que marcaram o Dia Mundial da Internet Segura, que acontece em mais de 100 países, com ações de conscientização, orientação, prevenção, autocuidado e promoção do uso seguro da internet.

Em 2017, foram recebidas 63.698 denúncias anônimas envolvendo 32.936 páginas distintas. As páginas de pornografia infantil denunciadas somam 20.975, um aumento de 18,87% em relação a 2016. A entidade lembrou que o número de operações e prisões de agressores sexuais realizadas pela Polícia Federal também aumentou. Em 2016, foram 61 operações deflagradas e, em 2017, foram 110, e o número de prisões dos agressores subiu de 140 para 245.

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Em relação aos casos atendidos pelo Canal de Ajuda da SaferNet Brasil, em que as pessoas buscam orientação, as demandas mais frequentes em 2017 foram ciberbullying/ofensa (359 casos), problemas com dados pessoais (299), sexting/vazamento de nudes (289), fraudes/golpes (140) e conteúdos violentos (116).
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Escolas apontam que vazamento são comuns na internet

O levantamento realizado pela SaferNet com educadores de escolas públicas e privadas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, da Bahia e do Paraná mostrou que questões como vazamento não-consensual de imagens íntimas, humilhação e ciberbullying são comuns no ambiente escolar.
De acordo com 51% dos entrevistados, algum educador conhecido seu já contou que foi humilhado, agredido ou chantageado pela internet; 8% já tiveram material íntimo (fotos, vídeos, mensagens) exposto sem sua permissão; e 9% sofreram humilhação, piadas violentas com vídeos e/ou mensagens de difamação.

Além disso, 76% relatam que já tiveram casos de ciberbullying nos locais onde trabalham; 26% ainda não conhecem a Lei 13.185/2015, que trata da obrigatoriedade de ações de enfrentamento ao bullying e ao cyberbullying nas escolas; 56% já souberam de casos de vazamentos de nudes de alunos em suas instituições; 60% consideram que ainda têm dificuldade em encontrar materiais para trabalhar esses temas com os alunos; e 70% são a favor de manter esse tema como transversal nas diferentes disciplinas em vez de ser uma disciplina específica.
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Curso gratuito a distância

Diante desse cenário, a SaferNet anunciou o Educando para Boas Escolhas On-line, um curso a distância que vai promover a formação de educadores sobre o uso seguro, responsável e consciente da internet. “O objetivo dos quatro módulos do curso (direitos e deveres, ciberbullying, sexualidade on-line e segurança digital) é que professores desenvolvam formação para o uso crítico e cidadão das tecnologias, dentro e fora da escola”, destacou a ONG. O curso será inicialmente oferecido às secretarias estaduais e municipais de Educação.

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