Autopapo com Boris Feldman: Brasileiro não liga para segurança no carro
Apesar do airbag obrigatório, tem gente que morre por estar perto demais
A concessionária da rodovia BR-116, que liga São Paulo a Curitiba, divulgou estatísticas de pesquisas realizadas no trecho. Elas revelam que o motorista definitivamente não se preocupa com segurança, pois ainda flagrou 1% dos condutores sem o cinto de segurança. No banco traseiro a surpresa é menor, mas 48% de quem vai atrás acha desnecessário utilizá-lo.
Lady Di devia pensar o mesmo até morrer no banco traseiro da Mercedes que se esborrachou contra o pilar de um túnel em Paris. E também o dramaturgo Dias Gomes, que faleceu ao ser cuspido (também sentado atrás) num acidente de táxi em São Paulo. Todo mundo afirma que “não precisa, pois estou protegido pelo encosto do banco dianteiro” ou pensa que “acidente só acontece com os outros”.
O prezado leitor tem carro com airbag? Sabe qual a distância mínima o motorista deve manter do volante? E o passageiro, em relação ao painel? Ninguém sabe, pois os lobistas apenas fizeram aprovar a lei que o tornou obrigatório. Nem governo nem fabricantes se preocuparam em divulgar como funciona. E já morreu motorista dirigindo próximo demais do volante quando a bolsa inflou.
Aliás, por falar nisso, outra estatística inacreditável acaba de ser divulgada: no Brasil, apenas 16% dos carros convocados para o recall dos airbags produzidos pela Takata foram levados às concessionárias. Isto significa que milhões de brasileiros estão correndo o risco de se ferir ou morrer não por causa do acidente, mas pelos estilhaços de aço dos airbags arremetidos a quase 300 km/h…
O prezado a-do-ra dirigir o carro com o filho no colo? Não deveria, pois é grande o risco – mesmo em baixas velocidades – de o próprio pai esmagar a criança contra o volante no caso de um impacto frontal. Outra irresponsabilidade paterna é deixar as crianças no porta-malas do hatch, perua ou SUV: no caso de um impacto traseiro, aquela parte da carroceria foi propositalmente projetada com menor resistência, para se deformar.
Finalmente, outra estatística espantosa: dois modelos compactos brasileiros foram recentemente submetidos (pelo Latin NCAP) ao teste de impacto lateral: Chevrolet Onix e Ford Ka. Ambos tomaram bomba e foram contemplados com zero estrela na proteção ao adulto, por falta de resistência lateral da carroceria. As consequências no mercado? Ambos deram um salto nas vendas logo depois de anunciado que foram reprovados nos testes…