Em tempos de pandemia, uma reflexão: como anda nossa ética?


Por Marize Alvarez Saraiva, advogada e professora especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário e Direito Civil e Processo Civil

21/04/2021 às 07h00- Atualizada 22/04/2021 às 21h05

Hoje eu gostaria de convidá-lo a refletir comigo a quantas anda sua conduta ética diante dos desafios cotidianos que passamos a ter que enfrentar em decorrência da pandemia, os quais surgiram impiedosamente na saúde, na economia, na ordem social em geral, sempre atrelados a um agravante: o da ansiedade de tentarmos prever como será o momento posterior a este.

Não bastasse isso, passamos a conviver diuturnamente com notícias, estatísticas, índices, previsões e sabe-se lá mais o quê, capazes de nos tirar do eixo da normalidade e, se não ficarmos atentos, correndo ainda um risco iminente de nos tornarmos tolos donos de verdades, que nem mesmo nos pertencem.

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Conseguimos verificar com facilidade o quanto somos individualistas e que muito pouca educação para o senso coletivo recebemos ao longo de nossa formação, de modo que pudéssemos ser capazes de pensar e agir pelo bem de todos de forma natural e espontânea. E observe bem, é exatamente em tempos de crise que a ética das pessoas e das instituições emerge como de fato ela é, escancarando suas fragilidades.
Durante todo esse período de pandemia, inúmeros têm sido os exemplos capazes de nos evidenciar o quão longe estamos de possuir uma ética que naturalmente tenha um senso coletivo.

Infelizmente, vários são os exemplos, como daquele que se nega a usar a máscara em lugares públicos, apesar de ciente da necessidade da mesma; o que teima em não lavar as mãos e utilizar o álcool em gel; a conduta criminosa e desumana de requerer um auxilio emergencial do Estado, sabendo que dele não necessita para nada; a postura impassível diante da fome e da dor do próximo causada pela crise sanitária; a coragem de participar de festas e/ou aglomerações, apesar de ciente da proibição das mesmas e dos efeitos catastróficos que podem provocar na sua saúde, de sua família e de terceiros, dentre tantos outros.

Mesmo com tantos desafios, necessário é que entendamos que a ética não é individual e que tem ela a ver com todos, ainda que não haja um consenso entre as pessoas do que seja ser ético!

Num momento como o atual necessário se faz entender que não estamos a viver uma competição sobre quem está certo ou errado. Ao contrário, a situação nos exige união de esforços, e é exatamente aí que a ética com sentido coletivo ganha um espaço exponencial para fazer valer as virtudes que a permeiam, como empatia, responsabilidade, solidariedade, prudência, etc, as quais precisam ser notadas e sentidas pelo outro em função das ações que eu pratico em favor do todo e não evidenciadas em mim. Observe que ética é sobretudo, ação! E ação pelo bem da coletividade.

O certo é que precisamos sair do lugar. Aprendermos com estas lições e buscarmos um crescimento efetivo, sanando o problema na sua causa já identificada e tendo plena consciência de que nessa luta, se formos inteligentes, não haverá vencedores e vencidos. O que vale mesmo a pena é seguirmos juntos!

 

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