Aos 43 do segundo tempo


Por Juliana Netto

11/04/2019 às 07h15- Atualizada 11/04/2019 às 10h51

O ano era 2001. O mês, maio. O dia, 27. Uma pequena torcedora acreditava, bem lá no fundo do seu coração, que seu time teria chances de virar um 2 a 1 sofrido contra o arquirrival para uma vitória por dois ou mais gols de diferença que assegurasse mais um título à série de duas conquistas consecutivas.

Quarenta e três do segundo tempo. Ela, mesmo que esperançosa, jamais imaginaria que o lance seguinte seria tão espetacular e fosse ficar marcado na história do futebol. De longe, bem de longe, a cobrança não era a das mais fáceis. Mas eis que o camisa 10 ajeita a bola e vai para a cobrança, que poderia ser a última chance do time na partida. Jogadores ansiosos no banco de reservas, torcida com as mãos estendidas, em sinal de troca de energia, locutores eufóricos, respiração presa em frente à TV.

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De repente, gol! Gol, gol, gol! Mas não um gol qualquer. Uma curva precisa. Um pequeno triscar de dedos do goleiro e a bola morrendo no canto superior da rede direita. O autor do lance histórico corre, se atira ao chão, o técnico vibra e chora, torcida e narradores entram em êxtase. E a pequena torcedora de desespera agora com os longos minutos finais que estavam por vir.

Cerca de 18 anos depois, todos os detalhes daquela cobrança, vista e revista centenas de vezes, ainda estão em sua mente. Algum tempo depois, os dois adversários voltam a decidir uma final de campeonato. Ela, hoje bem mais adulta e torcedora menos fervorosa, já não vê tanta beleza no futebol tal como naquela época. Mesmo capaz de entender melhor certas coisas, ela se esforça, mas não consegue assimilar bem o formato do campeonato, que já não tem o brilho de outrora.

Mas aquele gol de falta habita sua memória afetiva. Aquela final está na lista dos momentos esportivos mais marcantes que já vivenciou. E a faz sonhar, como criança, com a possibilidade de um dia rever um lance tão raro e incrível como aquele.

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