Por menos clubistas e antis no futebol


Por Juliana Netto

05/09/2019 às 07h02- Atualizada 05/09/2019 às 10h52

“Ótimo cruzamento, capricha na cabeçada, João Pedro”, exclamei eu na redação da Tribuna na última segunda. “Qual é, Ju?! Tá doida? O Avaí é o time de azul. Vai torcer para o Flu fazer gol? Não tô te entendendo”, respondeu meu colega André, da portaria do jornal, rubro-negro de coração, como eu.

Já na correria para não perder minha carona, só deu tempo de comentar o básico da minha filosofia futebolística: “Se o time em questão, sobretudo carioca ou mineiro, não estiver jogando com o Flamengo, pouco me preocupo em torcer contra.” Ainda mais no caso do Tricolor das Laranjeiras, time do meu saudoso pai, que encontra-se em uma colocação na tabela há muito tempo frequentada pelo time da Gávea em Brasileirões passados.

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Não sei se o meu pensamento esteja relacionado ao excesso de hormônios de mulherzinha, mas, definitivamente, não vejo motivo de ser antibotafoguense, vascaína ou tricolor, por mais que muitos amigos não tenham cerimônias em zoar os flamenguistas em dias de resultados ruins.

Clubismo desnecessário que também observo na avaliação depreciativa em relação à convocação de Bruno Henrique à Seleção. Um jogador bem acima da média dos outros atacantes brasileiros neste 2019, que viveu um grave problema no olho, ano passado, que foi descoberto em um campinho de várzea em Belo Horizonte, há alguns anos, e que, como atleta e profissional, está vivendo seu ápice na carreira.

“Desconfio que nem este rapaz – em um tom um pouco desdenhoso, interpretei eu quando ouvi – imaginava ser convocado por Tite”, escutei logo após a divulgação da lista.

Talvez a convocação do destaque rubro-negro na temporada tenha sido, de fato, precipitada. Ou impulsionada por empresários que, como, infelizmente, é algo bem explícito, ditam quem vestirá ou não a amarelinha. Mas, opinião por opinião, prefiro a de Casagrande, ao também comentar o assunto: se Bruno Henrique dará certo ou não na Seleção, só o tempo dirá. Somente a partir do dia que ele, de fato, estrear em campo com a camisa brasileira é que Tite saberá se foi feliz ou não na escolha. Não há como criticar um atleta antes mesmo de ele atuar.

Ou realmente penso muito com a cabeça de mulherzinha ou, de fato, essa torcida contra e o excesso de clubismo eram coisas para estar em desuso no mundo do futebol. Claro que são questões bem peculiares do esporte bretão, mas que, sinceramente, não sei se contribuem para uma torcida saudável e para a evolução da modalidade aqui no país.

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