Decisões em meio ao caos


Por Bruno Kaehler

07/04/2021 às 07h00

Quis a cúpula insensível da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) que o esporte juiz-forano tivesse os dois jogos mais importantes dos últimos anos nestes sábado (10) e terça (13), em meio ao colapso sanitário no país. As semifinais da Superliga B começam para o JF Vôlei às 16h, em Natal, contra o Aeroclube, do experiente levantador Marlon, além dos conhecidos Fábio Paes, líbero, e do técnico Alessandro Fadul, dupla de destaque entre os profissionais que já passaram por aqui.

A CBV rejeitou uma proposta dos clubes de que os semifinalistas subissem à Superliga A. Seria um fim de torneio completamente compreensível para evitar mais viagens em meio ao pico de coronavírus. Os próprios atletas não têm treinado pelas restrições dos protocolos de combate à Covid-19. Há semanas.

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No contexto da proposição das agremiações, as despesas – única pauta relevante às confederações e federações brasileiras -, com dois participantes a mais na temporada subsequente, aumentariam, na teoria. Mas se em condições normais os clubes já lutam para manterem seus projetos ano após ano, diante da quase inexistente valorização do vôlei no país, imagine em meio a este pesadelo para todos os setores da nossa sociedade. Se não houver baixas na elite do voleibol nacional para a próxima temporada, estarei surpreso.

E uma programação bem planejada também poderia diminuir o número de viagens, já que temos vários clubes representando um mesmo estado, como na própria Minas Gerais. Mas virou passado. E diante disto, basta torcer. Enquanto ficamos em casa, orando para que o ser humano coopere e mantenha o isolamento social, e que as vacinas cheguem cada vez mais rapidamente à população, o esporte de JF vive um momento histórico. Mas as arquibancadas lotadas no caldeirão do Ginásio da UFJF – ou mesmo no novo, ainda não inaugurado – não passam de sonho.

Em meio aos caos, seres humanos que trabalham com o esporte têm que se arriscar em viagens como de JF a Natal para cumprir com suas obrigações profissionais. Têm, nas mãos, o futuro de uma temporada, mesmo sem treinar há quase um mês. E o esporte segue como vilão, em mais um episódio da história do nosso país, para milhões de pessoas, por atitudes de quem não faz o espetáculo, mas acha que tem o direito de comandar o destino de vidas.

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