É isto o que eu levo


Por Renato Salles

30/12/2016 às 07h00

Não sou daqueles que caçam culpados. Assim, não vou eleger 2016 como responsável pelo momento estranho e de viés fratricida que vivemos atualmente. Como os nervos estão à flor da pele e o bom senso foi jogado para escanteio, o contraditório foi para o buraco e tornou-se artigo raro em um ano em que o respeito bateu na trave. Otimista inveterado, no entanto, tento procurar o lado bom das coisas para projetar um futuro menos distópico. Em meio a manipulações políticas e pensamentos preconceituosos da pior estirpe, consigo enxergar motivações para continuar sorrindo e acreditando na humanidade.

No já famigerado 2016, o exemplo de que podemos ser melhores veio da maior tragédia esportiva da história. O acidente com a Chapecoense fez com que muitos baixassem suas armas. Propiciou que, ao menos por um momento, respeitássemos pensamentos alheios aos nossos. Tornou possível o inimaginável, como a manifestação de torcedores organizados rivais de Corinthians, Santos, Palmeiras e São Paulo em homenagem às vítimas. Jogadores, comissão técnica e profissionais de imprensa jamais serão esquecidos. Mas não é só isso que devemos nos lembrar, mas também o sentimento de solidariedade que nos tocou naquele momento e nos levou a olhar para o lado e, por um instante, aceitar o outro sem qualquer tipo de julgamento prévio. É isto que eu guardo de 2016 e o que desejo para 2017. Feliz Ano Novo a todos.

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