Tinha uma barriga no meio do caminho


Por Juliana Netto

26/06/2015 às 09h12- Atualizada 26/06/2015 às 09h13

A manhã do dia 25 de junho de 1995 não foi uma qualquer. Aos 10 anos, nunca tinha vivido uma mistura tão grande de agitação e ansiedade. Ir ao Maracanã pela primeira vez era o motivo. Vesti minha camisa do Flamengo, dei a mão para o meu pai, Edson, e embarquei para três horas de excursão até o Rio de Janeiro. Ou seriam três dias?

A expectativa era grande para o Fla-Flu decisivo do Carioca. Era Romário em campo, e um empate para o título. Nada poderia dar errado! Subi a rampa para a arquibancada na escuridão, espremido entre centenas de torcedores. Só conseguia ver com clareza o pequeno quadro de céu azul, emoldurado pelo portão de acesso ao palco daquele gigante de concreto. Ainda hoje, vinte anos depois, consigo sentir o frio no estômago, a vibração da torcida, a apreensão nos gols sofridos, a euforia do empate e as lágrimas da derrota.

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Tinha uma barriga no meu caminho. Os dribles de Ailton pela direita me davam certeza da decepção que sentiria. Antes do Renato Gaúcho pensar em desviar a bola, eu já tinha certeza que seria o título do Flu. A derrota por 3 a 2 foi dolorida…mas maravilhosa! Obrigado, Ailton. Obrigado, Renato. Hoje, relembrando a oportunidade que tive, não dá para lamentar. A experiência de compartilhar emoções em um estádio com mais de cem mil pessoas redefiniu minha relação com o esporte. Que bom seria se todo garoto apaixonado por futebol pudesse viver algo parecido, além da assepsia das arenas “padrão FIFA”.

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