Chulapada


Por Renato Salles

20/02/2015 às 07h00

Já se passaram cinco anos desde que Neymar e Ganso conquistaram os títulos da Copa do Brasil e do Paulistão em 2010 e motivaram apelos de mídia e torcida, que pediam a dupla na Seleção que disputaria o Mundial da África do Sul naquele ano. A comoção nacional tirou o sono do casmurro técnico Dunga, mas o comandante não deu o braço a torcer e, junto com o Brasil, sucumbiu diante da Holanda.

Sigo criticando a opção de Dunga, contudo, admito que fiz coro a um equívoco que, hoje, mostra-se uma verdadeira sandice. À época, apostava minhas fichas de que o craque da dupla seria Ganso. Inteligente, o meia era um espécime de camisa 10 que já parecia extinto no Brasil. Da mesma forma, torcia o nariz para a sanha de Neymar pela plasticidade. Imaginava que, no futuro, o atacante se revelaria pouco objetivo, como um Denílson ou um Robinho. Ledo engano.

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Não foi necessário muito tempo para Neymar silenciar seus críticos. Todos. Enquanto ele pavimentava a estrada que leva ao panteão dos gênios, Ganso fazia o caminho inverso. De craque promissor a estrela cadente, foram poucas temporadas. Sempre de salto alto, forçou sua saída do Santos. Até hoje, não fez valer os quase R$ 24 milhões pagos pelo São Paulo em 2012. No clássico contra o Corinthians da última quarta-feira, mais do que o bom futebol, mostrou que também pode ter perdido aquilo que um dia o colocou como aspirante a craque: a lucidez.

“Se fosse o Serginho Chulapa, ia no vestiário bater nele”, disse, ao reclamar do árbitro no lance que originou segundo gol da vitória corintiana. Apesar do erro claro, nada justifica destempero. “Ele quis desviar o foco da incompetência dele e do São Paulo, que foi completamente dominado pelo Corinthians”, defendeu-se Serginho, que reforçou que nunca havia batido em um juiz. Ex-encrenqueiro, Chulapa colocou o são-paulino em seu lugar com luva de pelica. Depois da chulapada, o melhor para Ganso é reaprender a se colocar em campo e fora dele.

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