Capitão Caverna


Por Leonardo Costa

26/04/2016 às 07h00

Como qualquer brasileirinho viciado em futebol, lá com meus dez anos de idade, no final da década de 80, admirava os jogadores como se fossem alguma divindade. Carente de ídolos e influenciado pela mídia, as paredes do meu quarto se preenchiam com pôsteres das bandas de rock da geração anos 80 e recortes de jornais e revistas com fotos dos profissionais da bola. A vida foi mostrando para aquele guri que os ídolos também eram de carne e osso.

Um dos recortes que eu tinha era do atacante Luisão, artilheiro do Tupi no Campeonato Mineiro de 1987. Depois o camisa 9 foi jogar no Sport, quando, no Estádio Procópio Teixeira, tive a oportunidade de assistir a um treino e logo depois ser muito bem recebido, mesmo sendo um torcedor Carijó. Ganhei autógrafo, conselhos e uma conversa de dez minutos. Tenho certeza que o atencioso goleador não tinha ideia que aquela resenha marcaria para sempre a minha vida. Luisão mostrou o lado bom do ser humano, a sua humildade impressionou o então garoto aspirante a jornalista, que lhe encheu de perguntas.

PUBLICIDADE

Alguns anos pra frente, na escadaria de um hotel de Juiz de Fora, ao pedir autógrafo para um ponta-direita do Flamengo, que estava presente num pôster que eu tinha na parede, recebi uma finta de quebrar a coluna, como fez o Riascos com o César Martins, no clássico do último domingo. Ali eu conhecia o lado ruim dos ídolos. O vácuo eterno que me deixou o atacante veio à cabeça neste domingo, quando vi o time do Flamengo passar direto pelas crianças que sonharam a semana inteira com aquele momento único. Capitaneada pelo questionado Wallace, a nau Flamenguista começava ali a afundar pela falta de respeito com os torcedores mirins e pela falta de humildade ao fincar a bandeira antes da batalha vencida. Vencida por um Vasco consciente no jogo, competente e merecedor da vitória pelo campeonato que fez. Um time que carregou para dentro do campo a energia positiva das crianças, sem ódio e sem soberba.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.