Petrópolis – História e Universo Gourmet

Ligadas pela Estrada União Indústria, as cidades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, comungam de algumas particularidades, inclusive, gastronômicas.


Por Claudia Figueiredo

18/11/2017 às 07h00

Ligadas pela Estrada União Indústria, as cidades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, comungam de algumas particularidades, inclusive, gastronômicas.

A influência germânica, presente nas cidades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, teve origem na construção da rodovia que liga os dois municípios, cuja inauguração aconteceu no ano de 1861. Entre os anos de 1850 e 1860, as duas regiões receberam centenas de imigrantes germânicos que vieram contribuir para a construção desta via e também para o início da industrialização. A expressiva presença destes povos deixou uma herança importante para a construção da identidade gastronômica de Petrópolis e também de Juiz de Fora (antiga Santo Antônio do Paraibuna), inclusive para a produção de cervejas artesanais.

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Antes da chegada dos brancos à região, por consequência da abertura do Caminho Novo, após a descoberta de ouro em Minas Gerais, pesquisas da Prefeitura de Petrópolis dão conta de que até o século 18, o território era habitado pelos Índios Coroados (denominação atribuída pelos portugueses colonizadores para identificar os índios que usavam coroas de plumas na cabeça). A partir de então, a região passou a ser habitada por não-índios.

Petrópolis

A História relata que, em 1822, o Imperador Dom Pedro I, a caminho de Minas Gerais, hospedou-se na fazenda de um padre chamado Correia e, encantado com o clima e a vegetação do local, teria adquirido a fazenda vizinha, de nome Córrego Seco. Em 16 de março de 1843, o herdeiro do trono, Dom Pedro II assinou um decreto determinando o assentamento de um povoado formado pelos imigrantes germânicos e a construção do palácio de verão, que foi finalizado em 1847. O batismo de Petrópolis vem da junção da palavra em latim Petrus (Pedro) com o vocábulo grego Pólis (cidade), dando origem ao significado “Cidade de Pedro”.

Fotos: Claudia Figueiredo – Museu Imperial
Jardim do Museu Imperial
Carruagem Real

Réplica da caneta tinteiro utilizada para assinar a Lei Áurea

A partir de então, durante o escaldante verão da cidade do Rio de Janeiro – sede da monarquia, a cidade tornava-se a capital do Império do Brasil. Segundo os historiadores, durante os 49 anos de governo, Dom Pedro II deve ter passado pelo menos 40 verões em Petrópolis, eventualmente por até cinco meses. No século 19, o então imperador brasileiro teria dividido o terreno original da Fazenda do Córrego Seco e o cedido à exploração de terceiros que, em contrapartida, pagariam uma taxa à família real toda vez que a propriedade trocasse de mãos. Em torno da realeza, portanto, palacetes foram erguidos e até hoje podem ser contemplados no Centro Histórico da cidade. E, no caso de negociações imobiliárias nesta região, é necessário pagar o laudênio (benefício previsto em lei no valor de 2,5%) aos descendentes da família real.

Passeios

O passeio pela Avenida Koeller e Rua da Imperatriz para admirar os palácios vale a caminhada. Alguns estão ocupados por repartições públicas, outros por estabelecimentos comerciais, como escolas e hoteis, e poucos são museus. Entre essas duas vias, a Catedral de São Pedro de Alcântara, de estilo neogótico, guarda os restos mortais do Imperador Dom Pedro II, da Imperatriz D. Tereza Cristina, da Princesa Isabel e seu marido, Conde D´Eu, o Príncipe Gastão.

Catedral de São Pedro de Alcântara
Sepultura da Família Imperial

Outro ponto de destaque turístico na cidade é o Palácio de Cristal, cuja estrutura de ferro fundido foi encomendada a uma fundição francesa pelo Conde D´Eu, e inaugurado em 1884. Neste Palácio, em abril de 1888, foram libertados os últimos escravos de Petrópolis, em uma comemoração que contou com a presença da Princesa Isabel, signatária da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil Imperial.

Casa que pertenceu à Princesa Isabel (somente membros da família real podem pintar a casa desta cor, em Petrópolis)

Algumas construções, como o Palácio Rio Negro, casa de veraneio dos presidentes da República, e a Casa da Ipiranga, conhecida como Casa dos Sete Erros, também estão abertas à visitação. Em Petrópolis, é programa obrigatório conhecer a Casa de Santos Dumont, apelidada de “Encantada”, que exibe todas as geniais invenções do “Pai da Aviação” e o Museu de Cera, com réplicas de personagens nacionais e internacionais.

Palácio Rio Negro
Interior do Palácio Rio Negro. Descascado nas paredes revelam pintura anterior
Quarto do ex-presidente Juscelino Kubitschek

Para quem gosta de caminhadas, a dica é se aventurar pelas trilhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que ainda possui entrada por Teresópolis e Guapimirim. Entre cachoeiras e piscinas naturais, os caminhos levam a vários pontos da Serra, inclusive o pico conhecido como Dedo de Deus, a cerca de cinco horas de caminhada, só de ida.

Gastronomia

Petrópolis e os distritos de Itaipava e Araras são famosos no universo gourmet. Até o dia 20 de novembro acontece, na Serra Fluminense, a décima-sétima edição do Petrópolis Gourmet, reunindo bons pratos, produtos da região e oficinas culinárias. Com o tema “De Volta às Origens”, os chefs abusaram da criatividade para preparar menus, compostos de entrada, prato principal e sobremesa em 45 restaurantes participantes. A programação completa você confere clicando aqui. As casas participantes estão concentradas nas áreas do Centro Histórico, Valparaíso, Retiro, Bonsucesso, Itaipava, Araras e arredores.

Bordeaux Ipiranga

O Bordeaux Ipiranga, por exemplo, apresenta o Bacalhau a Moda do Chef Luciano Amaral. Na entrada é servida Berinjela recheada com tomate seco, manjericão e geleia de tomate. O prato principal é lombo de bacalhau com crosta de amêndoas e ervas e rosti de batata baroa, com toque de bacon. E, de sobremesa, rabanada com sorvete de banana e calda.

Fotos: Claudia Figueiredo

O Bordeaux Ipiranga existe há 11 anos, em uma antiga estalagem para cavalos, no jardim da Casa da Ipiranga. O local foi remodelado, preservando as baias para os equinos onde hoje estão acomodadas algumas mesas para os clientes. O atendimento é muito elogiado e os pratos bem servidos.

Fotos: Divulgação

Solar do Império

O Solar do Império é um requintado hotel cujo casarão, datado de 1875, foi completamente restaurado. No restaurante, aberto ao público, o Chef Bertrand Materne criou uma entrada de bacalhau com azeitona e feijão guandu e, como prato principal, um mexidinho de legumes com filé de frango crocante ao molho agridoce e arroz integral. Para a sobremesa, o Chef inovou com Crème Brúlèe com doces de mamão, figo e abóbora.

Fotos: Claudia Figueiredo

De acordo com o Chef Bertrand, a entrada é um prato português conhecido como Punheta de Bacalhau e, para o festival, acrescentou o feijão guandu, colhido na fazenda dos proprietários do hotel, na cidade de Paraty, RJ. Um toque de limão taiti, azeite de boa qualidade, azeitonas frutadas e cebolas crocantes equilibram o prato. O filé de frango do prato principal é empanado de um lado só com sucrilhos, segundo o chef, para dar crocância e trazer um adocicado para a preparação.

Solar do Império

Produtos orgânicos

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Reserve um lugar na mala para as compras de produtos orgânicos, diretamente com o produtor no Mercado Gourmet, instalado no Shopping Vilarejo, em Itaipava, somente até o dia 20 de novembro.

Hospedagem

Há inúmeras opções de hospedagem na Serra Fluminense, mas se quiser um bom custo-benefício, uma boa possibilidade é o Casablanca Imperial, bem próximo das principais atrações turísticas de Petrópolis. Ele está localizado a alguns passos do Museu Imperial, além de ser perto da Catedral de São Pedro de Alcântara, o Palácio Rio Negro e a Casa onde morou Princesa Isabel. Embora mantenha suas características, o Casablanca Imperial é um belíssimo casarão, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, totalmente reformado.

Hotel Casablanca Imperial

Com tantas singularidades e construções arquitetônicas históricas, a cidade recebeu influência de várias culturas como portuguesa e italiana, além da germânica, que estão refletidas na atmosfera petropolitana e ainda com mais uma curiosidade: o trânsito costuma ser conturbado para turistas, principalmente porque algumas vias têm mão inglesa.

Na Cozinha com Claudinha

A receita que vamos apresentar agora não é a mesma do Chef Luciano Amaral do restaurante Bourdeaux Ipiranga, mas uma versão mais fácil de fazer em casa. A sugestão da Beer Sommelier Marcelle Ferreira é harmonizar com a Cerveja Antuérpia Taberebá, medalha de Ouro no Concurso Brasileiro da Cerveja, em Blumenau, Santa Catarina. É uma cerveja do estilo Berline Weisse com adição de polpa de taperebá, uma apreciada fruta amazônica. Ela traz uma acidez agradável ao paladar, é leve e extremamente refrescante, bem ao estilo brasileiro.

Bacalhau com Crosta de Amêndoas e Rosti de Batata Baroa

Ingredientes:
2 pessoas

2 lombos de bacalhau
3 batatas baroas
100 g amêndoas laminadas
1 colher de sopa de coentro picado
2 colheres de sopa de azeite virgem extra
1 dente(s) alho
sal e pimenta a gosto

Modo de Preparo:
Prepare os lombos de bacalhau, limpando as espinhas.
Pique os coentros e a amêndoa e envolva com azeite até ficar ligado.
Cubra os lombos com esta pasta e leve ao forno a 200 ºC durante 12 a 15 minutos.
Cozinhe as baroas durante 10 minutos.
Rale a polpa cozida.
Numa frigideira com um pouco de azeite, faça 2 panquecas com a baroa ralada, sal e pimenta.
Coloque o rosti (panqueca) no fundo do prato e sobre ele o bacalhau, regando com o restante azeite, previamente aquecido com um dente de alho.
Decore com folhas de manjericão.

 

TAPEREBÁ – BRASILIEN WEISSE (COLABORATIVA C/ ROCKBIRD)

* Medalha de Ouro no Concurso Brasileiro da Cerveja – Blumenau/SC

Taperebá é uma cerveja colaborativa entre a Cervejaria Antuérpia e RockBird Craft Brewery.

3,8% Vol. | IBU 06 | 355ml/500ml

Taperebá é perfeita com arenque, ostras, melão com blanquet de peru, torta de limão, panna cotta italiana e sorvete de creme.

Temperatura ideal: 2ºC / 3ºC

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