Não vai ter colo


Por Daniela Arbex

02/10/2016 às 07h00

A Fundação Abrinq pelos direitos da Criança e do Adolescente acertou na mosca. Em meio à disputa política pelo voto do eleitor através do famoso corpo a corpo, a entidade lançou uma campanha bem humorada que critica o descumprimento das promessas feitas por candidatos eleitos em relação à proteção dos direitos de meninos e meninas. Com a hashtag #NãoVaiTerColo”, crianças deixam no “vácuo” representantes da velha política em tempo de eleição e se negam a ser carregadas por adultos incapazes de cumprir sua palavra.

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“Eu posso ser criança, mas eu sei quem vocês são, são aqueles que aparecem só em ano de eleição. De terno e gravata vão para a televisão, prometem nos ajudar só pra ganhar voto da população. Dizem que oferecem educação de qualidade, mas pôr o próprio filho na rede pública não têm coragem. Como vocês querem que a gente aprenda? Falta creche, falta escola, e as que tem, não tem merenda. E a verba da saúde? Não sei para onde vai, não tem remédios, poucos médicos e faltam hospitais. Não dá para acreditar que vai ser diferente, depois que são eleitos nunca se lembram da gente”, diz a música cantada por crianças e adolescentes.
A campanha é uma forma de pressionar os candidatos a assinarem parceria com o programa da Abrinq Prefeito Amigo da Criança. A sátira não serve apenas para o mundo infantil. Encaixa-se perfeitamente na realidade que se repete a cada eleição, quando políticos de carreira colocam o bloco na rua, sobem morro, apertam as mãos de gente que eles jamais receberão em seus luxuosos gabinetes e beijam excluídos, aqueles cuja qualidade de vida não se esforçam pra mudar.

Cheios de fórmulas milagrosas para melhorar os municípios do país, os candidatos a salvadores da pátria só conseguem salvar a si mesmo e o mandato que lhes permitirá desfrutar do poder.
Se o voto é o exercício da cidadania, a fiscalização e a mobilização são as armas da população contra gente sem vocação para atender ao bem comum. Neste domingo em que o país vai às urnas, não basta transferir a um grupo político a responsabilidade pela mudança do cenário social. Somos todos responsáveis por quem elegemos e pelo acompanhamento da gestão pública.

Não queremos colo, tapinha nas costas, nem gente maquiada. Exigimos respeito, transparência e aplicação eficiente dos recursos públicos. Que o dia em que decidiremos os próximos quatro anos nos encontre lúcidos para sermos capazes de separar o joio do trigo.

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