A mulher e sua luta para se exercitar


Por Luiz Henrique Fernandes

05/03/2020 às 16h49

Com a comemoração do dia internacional da mulher no dia 08 de março, se faz presente a necessidade de falarmos um pouco sobre a relação da mulher com a atividade física.

São sabidos os vários benefícios que a atividade física traz aos seus praticantes e que a prática regular de exercícios tende a manter uma maior qualidade de vida e conseqüentemente mais saúde a quem é ativo fisicamente.

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Dentro dos benefícios, podemos destacar que a atividade física pode prevenir várias doenças e manter o corpo em forma através do fortalecimento muscular, articular e ósseo, da perda de peso e da diminuição do percentual de gordura, da normalização dos níveis de pressão arterial, da diminuição do colesterol total e o aumento do HDL (o colesterol bom), do controle da glicemia, além muitos benefícios psicológicos.

Mais especificamente voltado para as mulheres, além de promoverem a produção de endorfinas que proporcionam a sensação de bem estar, os exercícios físicos auxiliam na regularização do ciclo hormonal, ajudam na redução das cólicas menstruais, são notados menos efeitos com relação à tensão pré menstrual (TPM), as alterações de humor são mais controladas, podem ajudar a mulher a ter menos dificuldades para engravidar, e até mesmo a aumentar a libido, o que somados resultam em mais qualidade de vida e saúde para a mulher.

Não tem por que as mulheres deixarem de praticar suas atividades físicas e assim poderem ter o direito de usufruírem de todos os seus benefícios, mas, alguns fatores podem atrapalhar, tais como: a falta de incentivo na infância, a dupla e na maioria das vezes múltipla jornada feminina, a vergonha do próprio corpo e até mesmo a falta de motivação.

Mas alguns fatores e situações específicas atrapalham e muito as mulheres que querem se manter saudáveis através da atividade física e da prática esportiva.

Para falar com conhecimento de causa e luta, convidamos a Professora Fernanda Dias, educadora física, fundadora da #deixaelatreinar, que aborda questões como a falta de patrocínio, preconceito, assédio, e desigualdade de gênero no esporte, e que afirma que além de reconhecimento, visibilidade e igualdade, as mulheres também lutam por liberdade, e buscam um ambiente mais seguro e mais justo no esporte, para se sentirem à vontade em suas práticas.

Fernanda Dias, educadora física, professora universitária e fundadora da #deixaelatreinar

Segundo a Prof.ª Fernanda Dias, as dificuldades que as mulheres passam para saírem para treinar ou a pouca visibilidade da mulher no esporte está muito relacionada a fatores históricos. Assim como no mercado de trabalho, a entrada da mulher nas modalidades esportivas e nas práticas corporais se deu bem depois dos homens, porque historicamente a mulher ficava em casa para cuidar dos filhos, e o esporte seria uma coisa muito masculinizada, que está relacionada à virilidade, e ao fato de que teoricamente a mulher tem que ser mais delicada, mais sensível.

Algumas mulheres são precursoras de modalidades esportivas. A primeira mulher maratonista foi impedida de correr uma maratona, e quando descobriram que ela estava vestida de homem foi um marco bastante interessante, e vemos isso tudo refletindo hoje no esporte, por exemplo, com a realização da copa do mundo de futebol de mulheres no ano passado, que foi a primeira copa do mundo que de fato as mulheres foram com uniformes feitos para mulheres, a primeira a ser transmitida em canal aberto, a primeira em que a bilheteria se esgotou para se assistir um esporte feminino e mesmo assim as mulheres recebem muitas críticas, com alegações de que futebol não é lugar de mulher ou que mulher não sabe nada de futebol, e que é só um monte de mulher correndo atrás da bola. Além disso, existe o assédio, que é uma das causas que a #deixaelatreinar aborda, onde toda dificuldade que a mulher tem, principalmente a que pratica esporte outdoor passa para sair para treinar.

“A gente sempre tem que ficar por conta do percurso, do horário, se a gente tem companhia pra ir, o que a gente vai encontrar no caminho, seja a mulher que corre, a mulher que pedala, a mulher que vai pra academia com roupa de ginástica, ela sofre assédio na academia, ela sofre assédio na rua em que ela passa.”

A #deixaelatreinar aborda várias causas, como a questão do assédio, a questão da cobertura midiática em relação ao esporte de mulheres ser inferior ao esporte dos homens, os cargos que as mulheres ocupam em equipes esportivas, pois, ainda é associado à mulher cargos como o de nutricionista, fisioterapeuta, massagista, mas raramente um cargo de preparadora física, técnica.

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As mulheres árbitras de futebol e bandeirinhas têm pouca credibilidade em relação aos homens e a mídia também sempre faz a cobertura dos esportes de mulheres relacionando à sensualidade e ao corpo da mulher e não à sua performance.

O esporte de mulheres ainda tem muito que avançar e isso faz com que as barreiras das mulheres no esporte ainda permaneçam.

“Ainda temos muito a conquistar, e só conseguiremos isto por meio da mídia, pela conscientização da população e conscientização dos homens, que são os principais assediadores das mulheres, e alguns ainda não acreditam no empoderamento feminino no esporte.”

Feliz dia internacional das mulheres, feliz todos os dias, pois todos os dias são DELAS!

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