Vaza-jato


Por Júlia Pessôa

16/06/2019 às 07h00

Vazamento é um inferno. Tem sempre alguém que estava com a vida tranquila, sem sequer imaginar que a vida ia ser interrompida por um fluxo inesperado que interdita a ordem normal das coisas, fazendo com que a gente tenha que estancar um problema que segundos atrás não estava ali. A culpa sempre é de alguém: de quem não teve o cuidado devido e acabou prejudicando o vizinho, de um sistema cheio de falhas e gambiarras de quem ninguém suspeitava e até da má-fé de quem quer mais é que os outros se explodam. Seja como for, é sempre um estorvo.

Muitas vezes, na tentativa de resolver o desastre, cria-se um outro pior. Tapa-se um buraco e o fluxo vai, louco, para mil outros, abrindo mil novos buracos de que a princípio o vazamento sai feito jato. Vaza-jato. mas mesmo depois que se fecha o registro, não para de gotejar. Sempre sai mais alguma coisinha, escapa mais um pouco de onde tanto queriam que, depois de tanto jorrar, já feito o estrago, o vazamento ficasse delimitado onde está, pronto. (Até porque, não raramente, quanto mais vaza, mais fede).

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Como tenho talento zero para qualquer reparo doméstico, em todas as vezes que algum vazamento me estragou o dia, a semana e o humor, sempre apelei para alguém com conhecimento técnico que pudesse resolver minha vida. Mas desconfio que alguns escapamentos são inestancáveis que outros, criando danos irreversíveis e sempre apontando, no fim das contas, quem teve culpa no cartório. Mas pode ser apenas fruto de, como bem disse, minha inaptidão para consertos e afins. Na maioria das vezes, para pias, banheiros e similares, um bom serviço hidráulico resolve. Sobre desmandos, abusos e outras modalidades, aí eu já não sei.

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