Pílulas de sabedoria


Por Júlia Pessôa

03/12/2017 às 07h00- Atualizada 04/12/2017 às 07h35

Muito se diz que a felicidade está nas pequenas coisas da vida – nestas horas, fico especialmente satisfeita por ter mais ou menos 1,60 m de altura, aumenta minhas chances. Aliás, a sabedoria popular, a cultura pop e os bacharéis, embaixadores, doutores e sabichões da internet adoram versar sobre as fórmulas “infalíveis” para sermos felizes. E o pior é que sempre haverá plateia. Óbvio: quem é que não quer ser feliz?

Ficamos tão obcecados na busca por isso que quase sempre perdemos a chance de viver a felicidade gratuita, desinteressada, descompromissada, a que chega a nos faz sorrir, assim, de graça. Só para depois soltarmos sobre o passado, com a cara mais deslavada do mundo, “eu era feliz e não sabia”. Claro, estávamos ocupados demais correndo atrás do rabo.

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Porque a gente sempre quer mais. Mais dinheiro, mais sucesso, mais viagens, mais musculação, mais amigos, “mais amor, por favor”. E nessa correria de tê-lo, a vida parece nunca ser suficiente, mesmo que tenhamos alcançado um a um de nossos sonhos.

Não faz muito tempo, estava no táxi, atrasada e rabugenta: chovia, tinha esquecido uma conta a pagar em casa, o trânsito estava um lixo, o WhatsApp tinha mais de 180 mensagens e todas as pequenas mazelas pareciam anunciar um dia “daqueles”. Minha rabugice habitual quase me fez questionar em voz alta se haveria um segundinho de paz naquela segunda. Toca o telefone: “Oi amiga, liguei porque tava pensando em você.” Meu delivery de paz, instantâneo, bem ali naquele aparelhinho.Desliguei rindo do mau humor besta em que eu estava, e pensando em como é bom ser feliz sabendo. É só olhar nos lugares certos.

 

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