Câmara adia votação para criação de feriado em JF
Em lados opostos nas discussões acerca do projeto de lei que pretende transformar o dia 20 de novembro em feriado municipal, em alusão ao aniversário de morte do líder negro Zumbi dos Palmares, lideranças de movimentos sociais e representantes dos comerciantes deixaram o plenário da Câmara insatisfeitos, após a sessão ordinária desta sexta-feira (23). Isso porque um pedido de vista do vereador Chico Evangelista (PROS) adiou a votação da matéria, que deve retornar à ordem do dia na segunda-feira.
Para justificar o uso da prerrogativa, que posterga a votação mais uma vez – é o sexto pedido de vista da matéria, que ainda teve um sobrestamento -, Chico afirmou que é preciso aprofundar a discussão da proposta. “Tem gente que quer o feriado, assim como tem gente que não quer”, afirmou o parlamentar. Proponente do projeto, o vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT) chegou a pedir voto contrário ao pedido de vista. “Esse projeto já está tramitando há dois anos e já fizemos várias reuniões para tratar do tema.” Apoiado apenas por Cido Reis (PPS), Jucelio Maria (PSB), Léo de Oliveira (PMN) e Wanderson Castelar (PT), o pleito do petista foi em vão, e a apreciação da peça acabou mesma adiada.
Entre as pessoas que acompanhavam a sessão do plenário, as lideranças do movimento negro se manifestaram em várias situações. Por um lado, aplaudiram os posicionamentos favoráveis de Léo e Jucelio à implantação do feriado. “A população negra nunca é reverenciada. Historicamente, é alijada de qualquer oportunidade. Não somos descendentes de escravos. Somos descendentes de seres humanos. Esse feriado é para reverenciar esse nome que foi um símbolo de resistência. Votar favorável é dar voz aos negros, que representam a maior parte da população brasileira”, considerou o parlamentar do PSB. As vaias dos militantes da igualdade racial foram dirigidas aos vereadores que se mostraram reticentes com relação ao projeto ou fizeram discursos contrários à peça, considerada pelos comerciantes como prejudicial à geração de emprego e renda na cidade.
Assim, parte dos presentes repreenderam a fala de Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC). “Queremos chegar a um ponto satisfatório, já que se tratam de dois setores que precisam ser ouvidos”, afirmou o líder do Governo, a despeito de os defensores do proposta afirmarem que já foram feitas reuniões entre os setores interessados, sem, porém haver consenso. Oliveira Tresse (PSC), que se disse contra a implantação de novos feriados, também foi alvo das críticas por parte de representantes dos movimentos sociais. “O país não suporta mais feriados. Temos sim que dar voz aos empresários. São eles que geram emprego.”