O vai e vem do dólar e a estagnação do turismo

Por Matheus Dilon, Gabriele Ribeiro e Julyara Costa

20/10/2015 às 07h00 - Atualizada 20/10/2015 às 09h07

O movimento de valorização das moedas estrangeiras frente ao real, em especial do dólar, vem preocupando os brasileiros. Afinal, numa economia de “bananas” como a nossa, quem dita o preço são os produtores mundiais. Desde o petróleo até o trigo do pão nosso de todo dia, quase tudo é produzido fora do Brasil, a preços internacionais, cotados em moedas cuja valorização é naturalmente repassada aos preços aos consumidores. Há um ano, US$ 1 valia R$ 2,45; cotado atualmente a R$ 3,80 (15/10), tem-se que o dólar sofreu uma valorização de aproximadamente 55% nesse período, alta que, mais dia menos dia, chegará aos preços ao consumidor brasileiro.

A disparada é devida basicamente a dois fatores: a retomada do crescimento da economia norte-americana e o enfraquecimento da economia brasileira, refletido no encolhimento de 2,8% do PIB no período, na alta da inflação (que ameaça passar de 10% a.a.), nos juros de 14,25% a.a. e no recente rebaixamento da nota de crédito do Brasil por duas agências de risco internacionais (S&P e Fitch). Como a taxa de câmbio reflete o desempenho de uma economia frente à outra, quanto mais os EUA melhoram e o Brasil piora, mais o real vai perdendo valor frente ao dólar. A perda só não é maior porque, sistematicamente, o Banco Central (BC) vem promovendo leilões de moeda e inundando o mercado financeiro de dólares, reduzindo artificialmente seu valor pelo excesso de oferta.

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E quando o assunto é valorização do dólar, sofre mais rapidamente quem planeja viajar, angústia que termina no setor de turismo. Isso porque o valor do dólar que aparece nos jornais, a cotação “comercial”, é diferente da cotação “turismo”, utilizada para venda direta da moeda nas casas de câmbio. No último mês, essa modalidade de dólar rompeu a barreira dos R$ 4,50. Esse preço salgado tem influenciado fortemente as decisões dos turistas brasileiros. Em pesquisa recente do Ministério do Turismo, que mede a intenção de viagens nos próximos seis meses em sete capitais, 20,6% desejam visitar destinos turísticos nacionais este ano. Essa é uma chance para que toda a cadeia do turismo, da hotelaria a profissionais autônomos envolvidos no setor, tenha na crise uma oportunidade de crescimento local. Afim de não perder clientes na temporada à vista, companhias de cruzeiros que visitam o Brasil estão oferecendo promoções com a cotação do Dólar congelada a R$2,69. Um ótimo negócio.

E para o estrangeiro que visita o Brasil? Apesar da moeda mais barata para os turistas de fora, capaz de transformar o país em um destino atrativo, a combinação de falta de divulgação do turismo de qualidade em terras tupiniquins e más notícias relacionadas à segurança pública e atendimentos diversos aos turistas, estraga as chances de que tenhamos um aumento no fluxo de turistas estrangeiros por aqui. No balanço geral, os turistas brasileiros continuam gastando mais no exterior que eles aqui. Em 2014, a conta apresentou déficit de US$18,6 bilhões. Nesse ano, o padrão negativo será mantido, mas a perspectiva é que esse número não passe dos US$13 bilhões, uma queda de 30%.Segundo especialistas da área, empresas do setor devem combinar maior oferta de conteúdo, tecnologia e soluções que impulsionem negócios online. Do contrário, ainda corremos o risco de termos brasileiro comprando turismo local em agências do exterior.

Email para: cmcjr.ufjf@gmail.com

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Luciane Faquini

Luciane Faquini

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