A Parada não pode parar


Por Mauro Morais

24/07/2015 às 18h56

MGM confirmou a 17ª edição do Rainbow Fest, entre os dias 9 e 11 de outubro (Foto: Felipe Couri/Arquivo Tribuna)
MGM confirmou a 17ª edição do Rainbow Fest, entre os dias 9 e 11 de outubro (Foto: Felipe Couri/Arquivo Tribuna)

Num ano de muitas desistências na área cultural em Juiz de Fora (e em todo o país), confirmações servem como o sinal da esperança. Ainda que certos das muitas dificuldades que envolvem colocar o bloco na rua este ano, o Movimento Gay de Minas (MGM) confirmou a 17ª edição do Rainbow Fest, agora em outubro, entre os dias 9 e 11. “Optamos pela mudança de data porque, nos últimos dois anos, com o cancelamento do Miss Brasil Gay, muitos confundiam, considerando que nenhuma atividade seria realizada. Para desvincular, então, optamos por outro mês. A ideia inicial era fazermos em setembro, mas não haveria tempo hábil e coincidiria com o Festival Nacional de Teatro. Por muito pouco, não desistimos. A questão financeira pesou, mas a nossa comunidade não deixou esmorecer. E, com a preocupação de aquecer a economia, resolvemos manter”, comenta o presidente do MGM Marco Trajano.

Para não cancelar, foi preciso repensar a festa. Orçado em R$ 114 mil, o evento, que ano passado contou com apoio da Prefeitura na ordem de R$ 50 mil, este ano terá cerca de R$ 20 mil de subsídio municipal. A verba, mais enxuta, requer estrutura menor. Na Parada Gay, que acontecerá no domingo, dia 11 de outubro, encerrando a festa, terá apenas um trio elétrico. Alterado, o trajeto partirá da Praça do Riachuelo, às 16h30, em direção à Praça Antônio Carlos, passando pela Avenida Getúlio Vargas.

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“Voltamos para a Praça Antônio Carlos porque não precisaremos alugar espaço e fazer projeto para o Corpo de Bombeiros. A partir deste ano, vamos adotar a Getúlio como a avenida de desfile e não mais a Rio Branco. Começaremos na tarde e terminaremos na noite”, conta Trajano. “Na praça, na sexta-feira, dia 9, haverá um tributo ao Cazuza, cuja morte completa 30 anos em 2015. Lá também faremos as atividades culturais e o concurso Mister Gay Pride Brasil, que, de alguma forma, supre o vazio deixado pelo Miss Brasil Gay. Já no domingo, haverá o Miss Gay Plus Size, novidade desta edição”, diz o presidente do MGM.

 

Pelas famílias

No momento em que as questões ligadas à união civil homoafetiva estão em pauta no país e no mundo, a Parada do Orgulho Gay em Juiz de Fora traz como slogan “Pelo respeito às nossas famílias”. “A corte norte-americana reconheceu o casamento civil igualitário este ano. O Brasil já reconhece, mas ainda somos desconsiderados na sua dignidade e no direito, principalmente pela ala conservadora”, aponta Marco Trajano, apresentando a transexual Chris dos Brilhos como a rainha do desfile.

Primeira transexual a ocupar o posto de representante da Parada, Chris ajuda na organização do evento desde a primeira edição e foi a primeira juiz-forana a mudar os documentos na cidade. “Ela é uma pessoa de muita religiosidade e muito voltada para a família, que é o nosso tema. Ela nos representa”, comenta Trajano. Entusiasmado, o presidente do MGM espera que com todas as alterações, e mesmo com o redimensionamento do evento, a Rainbow Fest volte a ser um evento de “parar o trânsito” no país. “Queremos movimentar a cidade, trazendo turistas, fazendo com que seja, novamente, o maior evento gay do interior do Brasil.”

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