As trilhas e as minúcias


Por GUSTAVO PENNA

19/07/2015 às 07h00

 Impacto ambiental causado pelas motocicletas é compensando com plantio de árvores

Impacto ambiental causado pelas motocicletas é compensando com plantio de árvores

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Manoel Resende

Manoel Resende

Comemorando 26 anos de criação, o Ipiranga Ibitipoca Off Road passa pelos ajustes finais antes da largada, no dia 1º de agosto, no estacionamento da Faculdade Suprema. Um dos mais charmosos ralis de regularidade do Brasil, o evento vai atrair 400 motos e 60 carros para os quase 400km de trilhas entre Juiz de Fora e Conceição de Ibitipoca. Relembrando o passado com orgulho, o coordenador geral do evento, Manoel Resende, mira um futuro em que tecnologia e responsabilidade sócio-ambiental caminham juntas.

“Em cada fase, tivemos uma dificuldade diferente. No início era hospedagem, falta de comunicação, energia elétrica precária em Conceição de Ibitipoca. Fazer a apuração de prova pelo computador era um problema. Naturalmente, o mundo foi evoluindo, facilitando umas coisas e dificultando outras. O evento cresceu muito, a vila não comporta tantos veículos assim, e passamos a ter um problema ecológico sério. Sempre primamos muito pela preservação, alternando trilhas para dar tempo de se recuperarem. Apesar da procura enorme, não podemos passar de 400 motos e 60 carros”, explica Resende.

Se o contato com a natureza é o ponto alto dos ralis, a chave para o sucesso da competição está na preservação do meio ambiente. O evento conta com o selo Evento Neutro de Carbono, concedido pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza, que calculou a emissão de dióxido de carbono na prova, e fez a compensação com o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica em áreas desmatadas. “Criamos também um movimento para recuperar as trilhas que foram degradadas, fazer o plantio de vegetação para evitar erosão. É outro desafio que vamos encarar daqui para frente. Nesses 25 anos, fizemos várias coisas legais para a sociedade. Ajudamos o turismo, doamos computadores, material escolar e equipamentos para escolas carentes. Para os fazendeiros, demos arame farpado, porteira. Coisas que fazemos em contrapartida, para retribuir os favores que nos fazem.”

Tecnologia no meio

do mato

Nos dois dias do Ibitipoca Off Road, mais de cem pessoas trabalham diretamente no funcionamento do evento. Um exército que atua com a ajuda fundamental da tecnologia. “Hoje toda a prova é monitorada por satélite. Quando saem de Juiz de Fora, os competidores levam dois aparelhos que registram todo o trajeto feito. Assim que chegam a Ibitipoca, os equipamentos são entregues para a organização, e as informações, baixadas para o computador. Na mesma hora passamos uma ficha de performance para o piloto. A tecnologia tem sido muito importante nesse sentido”, afirma Manoel Resende.

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Apesar da beleza do cenário ser um dos principais atrativos para os competidores, a prova não passa dentro do Parque Estadual do Ibitipoca. A reserva de proteção ambiental possui uma área de amortecimento com 3km de raio que impede a criação de trilhas nas proximidades. “Começamos a estudar a viabilidade de cada trilha com três, quatro meses de antecedência. Depois vem o simulado da prova, quando uma pessoa faz o circuito programado. Quando completamos tudo isso, vem a questão de consertar uma porteira aqui, uma ponte ali. No dia da largada eu vou na frente, abrindo a prova. É uma dinâmica complexa, mas prazerosa”, diz Manoel Resende.

Restando apenas 20 vagas para motos e oito para carros, o Ibitipoca Off Road conta pontos para o Campeonato Estadual de Regularidade, promovido pela Federação de Motociclismo de Minas Geais. A chegada da prova acontecerá no dia 2 de agosto no estacionamento da Faculdade Suprema. Antes da divulgação dos resultados oficiais acontecem eventos comemorativos, como a apresentação de motocross freestyle com Fred Kyrillos, Joss Cândia e Giancarlo Bergamini, a partir das 14h.

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