A solução


Por João Carlos de Souza Lima Figueiredo, professor e advogado

19/07/2015 às 07h00

Sempre digo que, no Brasil, não queremos educação. Não queremos premiar quem lê e não incentivamos o alto desempenho para o autodesenvolvimento, deixando a maioria da população guiada para a simples alfabetização precária, sem exigência de leitura e sobretudo que as crianças sejam avaliadas para que haja a promoção automática, segundo um critério de mediocracia. Isto serve também para uma boa parte dos que seriam responsáveis por ensinar nossas crianças.

Muitas pessoas, principalmente educadores, conhecem professores que não sabem português e matemática. Alguns não conhecem qualquer disciplina para o uso próprio, mas são mestres na cartilha decorada, ou seja, aquilo que deverão induzir para conduzir. Uma condução automática. Método dedutivo só se for para o mau emprego do construtivismo do nada.

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Acompanhamos, nós brasileiros, as discussões sobre o quanto se deve deixar os menores dentro das cadeias ou das instituições (Funabem, Febem, Fundação Casa e até cadeias, penitenciárias, presídios, centros de detenção provisória ou calabouços), seja quais nomes derem. As propostas caminham para o isolamento dos menores por três, oito ou dez anos, conforme alterações que seriam feitas pelo Congresso no ECA, agora completando seus 25 anos de existência.

Não vejo outra solução senão que se implante um plano nacional de educação de qualidade, com o envolvimento de todas as cidades do país, e, por isto, insisto e persisto na ideia de que deveríamos começar a educar os nossos futuros professores, mesmo porque desaparecerão se não começarmos já.

Aumentar o grau de escolaridade e de qualidade na formação dos professores, com excelente remuneração, mediante planejamento sério e criação dos quadros de carreira deste servidor, que deveria ser federal, ou então que se privatize tudo, por concessões. Não podemos é deixar ficar do jeito que está. Que os impostos, orçamento, tributos paguem as melhores empresas do ramo para oferecer a educação.

Quanto ao tempo que o jovem infrator ficará dentro das unidades, espero que o tempo seja bem aproveitado e sugiro que implantem cursos profissionalizantes, fundamentais, médios e universitários e que o mérito não seja simplesmente um passaporte para a saída da cadeia, mas para a vida em sociedade, inclusive com a criação de um soldo, segundo o desempenho e descontos para uma futura aposentadoria.

Uma lástima que não se ouça nada disto por aí e que não se lembre de que já tivemos internatos e reformatórios. Não aproveitamos nada de nossas péssimas e excelentes experiências e vamos construindo o caos devagarzinho para uma nova desordem nacional.

Somos, e enfim seremos, sempre o falso povo cordial, o falso povo solidário, enquanto não cuidarmos das crianças e perseverarmos em não desejarmos a educação de verdade.

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