Carnaval pode ser mantido fora da data oficial em JF


Por Mauro Morais

17/03/2015 às 19h34- Atualizada 18/03/2015 às 09h02

Se seguir o formato desse ano, antecipando a folia oficial em 17 dias, o carnaval oficial da cidade ano que vem deverá começar na última semana de janeiro. A festa promovida pela Prefeitura no mês passado começou no dia 1º e terminou no dia 14. Contudo, pensar os desfiles para o mês de janeiro, em período de férias, tem sido um desafio, tanto para o Governo, quanto para os dirigentes de escolas. Quando a proposta de adiantar a festa foi colocada em jogo, também foi dado um prazo, de dois anos, para que fosse discutida tal viabilidade. O momento chegou, e, em audiência pública na tarde desta terça (17), na Câmara Municipal, ficou bastante clara a tendência em manter o carnaval juiz-forano fora da data oficial.

De acordo com o superintendente da Funalfa, Toninho Dutra, a partir de abril, serão feitas reuniões setoriais para discutir a antecipação desse ano e a possibilidade de adiantamento em 2016. O mesmo será feito pela Liga Independente das Escolas de Samba de Juiz de Fora (Liesjuf), que deverá debater o assunto com as agremiações. “É preciso pensar em um modelo para fortalecer o carnaval. Essa decisão de alterar a data não foi tomada pelo Governo, foi amplamente discutida”, comentou Dutra. Para José Adriano da Silva, representante da Unidos das Vilas do Retiro, “a cidade está no caminho”, mas falta uma divulgação maior da programação.

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Jornalista e pesquisadora, do blog FoliaJF e da webrádio Pagodeira, Rosiléa Archanjo destaca a urgência em retomar o carnaval realizado na década de 1970, quando a cidade foi reconhecida nacionalmente pela festa. “Carnaval dá dinheiro”, ressaltou. Segundo ela, a falta de opções de atividades para o carnaval é uma das justificativas para retornar à data, valorizando mais a festa. “Nos anos 1970, tinham várias coisas que funcionavam e hoje não funcionam mais. A cidade se transformou”, discordou Dutra. Para ele, os dados por si só demonstram a maior adesão da população aos desfiles: os ingressos para a arquibancada da noite de sábado se esgotaram, as entradas para camarotes terminaram em um dia, e para as mesas, em três.

Muito além dos recursos
“Defendo a antecipação, porque só quem participa sabe da dificuldade que é colocar componentes na avenida”, disse Maria das Graças de Castro, representante da União das Cores, que ainda sugere fazer os desfiles, em 2016, na semana seguinte ao feriado. Proponente da audiência, o vereador Chico Evangelista (PROS) sugere que a festa comece em 29 de janeiro, com os desfiles de escolas de samba, deixando uma semana para os blocos de bairros e, do dia 7 a 9, os desfiles dos principais blocos locais. O parlamentar também aproveitou para propor um discutível fechamento da Avenida Getúlio Vargas, para que os blocos saiam, “desafogando” a Halfeld.

Sambista e intérprete, Juliano Silva também sugere que exista um recuo para a bateria, durante os desfiles das agremiações, e reivindica a apresentação das campeãs, retirada do cronograma atual. Tudo isso, logicamente, recairia na questão orçamentária, sobre a qual o superintendente da Funalfa é enfático: “O dinheiro gasto com o carnaval já é bastante significativo dentro do orçamento da PJF. Podia ser construída uma escola pública por ano”.

Recusando a ideia de acréscimo na verba dedicada à folia, Toninho Dutra ainda confirmou que, esse ano, houve interesse de diversas frentes no cancelamento da festa, mas a Prefeitura decidiu por manter o festejo. Sem chegar a uma perspectiva, a audiência pública, bastante esvaziada, demonstrou o que, ano a ano, já é debatido: é preciso repensar tudo, para não deixar o samba morrer.

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