Risco em caixas eletrônicos


Por Tribuna

17/02/2015 às 07h00

Praticamente uma ocorrência de roubo ou arrombamento a caixas eletrônicos foi registrada por mês em Juiz de Fora em 2014. De janeiro a novembro, foram 11 casos. E mais um já foi registrado este ano, no final de janeiro, quando um vigia foi amarrado por bandidos armados com pistola em um supermercado no Grama. As ações, cada vez mais audaciosas, colocam em risco inocentes que trabalham ou transitam pelos locais onde estão instalados os equipamentos: órgãos públicos, estabelecimentos comerciais e de ensino. Somente em 2014 e neste início de ano, 27 pessoas foram feitas reféns durante os últimos registros, sendo amarradas, amordaçadas e ameaçadas por criminosos. Temendo pela integridade de clientes – funcionários e até estudantes -, shoppings, faculdades, escolas, supermercados, padarias e outros pontos de grande circulação de pessoas estão pedindo a retirada dos caixas de suas dependências. Na maioria dos locais alvos dos criminosos desde 2013, não há mais os equipamentos. A Prefeitura já oficializou contato com agências bancárias para dar início ao processo de retirada dos caixas eletrônicos de prédios públicos.

Em um intervalo de um ano, entre novembro de 2013 e novembro de 2014, três faculdades particulares foram invadidas pelos bandidos na região central, dois prédios públicos – Escola de Governo, no Bairro Ladeira, e o Procon, no Centro -, quatro supermercados e a sede de um plano de saúde, em plena Avenida Rio Branco. Em outubro, um gerente de supermercados foi obrigado por criminosos a entrar em um veículo e ir até a casa dele, onde o bando algemou sua esposa, 42, e a filha, de 3 anos. Um deles ficou na residência, enquanto os outros dois voltaram ao supermercado, na Zona Norte, onde estouraram um caixa eletrônico. No ano passado, cinco homens armados renderam e amarraram um recepcionista de um shopping, onde também funciona um flat, e fizeram outras seis pessoas reféns enquanto arrombavam dois caixas eletrônicos que ficavam no centro comercial. Uma das vítimas foi agredida com chutes na cabeça e chegou a desmaiar. Após roubar o dinheiro, o grupo prendeu as vítimas no banheiro. No mesmo ano, o Centro Comercial do São Pedro também registrou caso semelhante.

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[Relaciondas_post] Em Juiz de Fora, a forma de atuação é praticamente a mesma em quase todos os casos, o que leva a crer na ação de uma única quadrilha. O bando armado chega ao local, geralmente no período noturno, rende vigia ou porteiro. Enquanto três ou quatro deles entram no estabelecimento, um outro dá cobertura em um veículo, vigiando a aproximação de policiais.
Em fevereiro do ano passado, o comando da Polícia Militar disse ter desmantelado, em megaoperação no Salvaterra, Zona Sul, uma quadrilha envolvida em roubos e arrombamentos a caixas eletrônicos na cidade. Em março deste ano, outros dois homens de 33 e 36 anos, de São Paulo, foram presos após invadirem uma agência bancária no Cascatinha e furtarem, com auxílio de chaves de fenda, marreta e outros instrumentos, envelopes de depósito, cheques e R$ 13.700 em dinheiro. Mesmo com as prisões, os crimes continuaram a acontecer no município.

Em 2012, os criminosos invadiram a Embrapa. E, na ação considerada a mais audaciosa da cidade, tentaram explodir um dos caixas do Demlurb, na Avenida Francisco Valadares, na altura do Bairro Vila Ideal. Funcionários foram amarrados, amordaçados e ameaçados, e uma mulher, 46 anos, que passava pela via no momento da invasão, foi rendida pelos suspeitos e levada para o interior do departamento. Encapuzados e armados supostamente com pistola, submetralhadora, escopeta e explosivos, eles tinham como objetivo arrombar os caixas eletrônicos, mas os artefatos não teriam funcionado. Neste momento, um outro funcionário chegou para trabalhar e buzinou para que o portão fosse aberto. Surpreendido, um dos suspeitos atirou contra o veículo do funcionário, atingindo o pneu e o vidro traseiro. Ele conseguiu fugir em direção ao Centro e acionar a polícia. Militares do Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate) e do Corpo de Bombeiros estiveram na sede do Demlurb para desativar os dois explosivos encontrados pela Polícia Militar. Cada artefato possuía cerca de 200 gramas de TNT (dinamite). Além das invasões a prédios e empresas, os criminosos também têm atuado dentro das agências bancárias e, com auxílio de instrumentos como serras e maçaricos, arrombado os caixas.

 

Após assaltos, equipamentos são retirados

Os recentes e audaciosos episódios nos prédios da Prefeitura levaram o Município a realizar um estudo para verificar a viabilidade de retirada de parte das máquinas das edificações públicas. Segundo a assessoria de comunicação da PJF, antes mesmo do último episódio na sede do prédio da Escola de Governo, no Ladeira, quando 12 pessoas foram rendidas, em julho, a Administração Municipal já vinha articulando a remoção de equipamentos instalados em órgãos públicos junto a alguns bancos. O estudo realizado pela Secretaria da Fazenda está em fase final, mas ainda não há previsão de quantos e quando os caixas serão retirados.

Vítimas cada vez mais frequentes, instituições de ensino também estão solicitando a retirada dos caixas eletrônicos temendo pela segurança de funcionários e alunos. A assessoria da Universo disse que solicitou a retirada do caixa logo após os trabalhos da perícia, depois do episódio de roubo. A Faculdade Vianna Júnior, outro alvo dos criminosos, também não conta mais com os equipamentos. Na região do Morro da Glória, somente as agências bancárias têm as máquinas de autoatendimento. “Ficamos reféns das agências, e clientes de alguns bancos específicos só conseguem realizar saques e transações se forem até o Centro ou Manoel Honório. Mesmo assim, fui utilizar o caixa de um centro comercial no Manoel Honório e passei por momentos de tensão. Não havia iluminação, estava tudo escuro, só a luz da tela. Se alguém chegasse, eu seria presa fácil”, contou o jornalista Gustavo Carvalho.
O Centro de Ensino Superior (CES)/ Colégio Academia, no Centro, também pediu a remoção dos caixas. “Hoje só contamos com o pronto atendimento que funciona das 11h às 15h. Mas após esse horário, se precisamos sacar dinheiro, temos que ir até o Calçadão”, comentou um funcionário do Colégio Academia, que preferiu não se identificar.

 

Combate

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A Polícia Civil informou que todos os casos estão sendo apurados. Ainda segundo a delegada titular da especializada em Roubos, Patrícia Ribeiro, apesar de inocentes estarem sendo feitos reféns na maioria das ações, não há motivo para pânico já que a única intenção dos criminosos é o roubo aos caixas. Já a Polícia Militar, por meio da assessoria de comunicação, informou que intensificou o patrulhamento nos locais onde estão instalados os caixas eletrônicos visando a impedir o arrombamento desses equipamentos.
Em relação aos vigias e seguranças, a PM orienta que redobrem seus cuidados. A qualquer situação suspeita, a Polícia Militar deve ser acionada por meio do 190.

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