Funcionários da Mercedes cruzam os braços contra suspensão de produção


Por Fabíola Costa

07/10/2014 às 15h25- Atualizada 08/10/2014 às 10h04

Do lado de fora da montadora, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos fala aos trabalhadores
Do lado de fora da montadora, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos fala aos trabalhadores

Atualizada em 8 de outubro de 2014, às 10h

Pelo segundo dia consecutivo, os trabalhadores da Mercedes-Benz devem cruzar os braços nesta quarta-feira (8) em protesto contra a intenção da montadora de suspender a produção de caminhões na planta local, que ficaria responsável apenas pela montagem bruta (estrutura das cabines) e pintura de veículos. Conforme o Sindicato dos Metalúrgicos, a comunicação teria acontecido na terça, em reunião entre executivos da empresa e direção do sindicato. Em seguida, a categoria realizou paralisação. Para esta quarta está prevista assembleia para definir os “passos de resistência”. A Mercedes, por meio de sua assessoria, informou que divulgará, nos próximos dias, informações sobre o assunto. Adiantou, no entanto, que “desativar a planta de Juiz de Fora não é uma opção para a empresa”.

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Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, o encerramento da produção do caminhão leve Accelo aconteceria em 2016 e o do extrapesado Actros, em 2018. Os modelos passariam a ser fabricados em São Bernardo do Campo, em São Paulo. “É o pior cenário que a gente poderia imaginar”, considerou o presidente João César da Silva. A principal preocupação, diz, é em relação a situação dos trabalhadores, hoje 750 diretos, contando os 168 que estão em lay-off, suspensão temporária dos contratos de trabalho por cinco meses. O receio é maior em relação aos 300 funcionários que não atuam diretamente no chamado setor operativo.

O sindicalista analista o impacto em toda a cadeia produtiva, especialmente terceirizados que prestam serviço no parque de fornecedores. No mês passado, a Randon, uma das fornecedoras da montadora, encerrou as atividades na cidade, dispensando 22 funcionários. O presidente sindical diz que, desde o ano passado, tem alertado autoridades sobre o risco de esvaziamento da unidade. “Infelizmente, não vimos aqui uma mobilização para defender a fábrica na mesma proporção que houve em São Bernardo do Campo.” Para ele, não existe uma fundamentação técnica, financeira ou logística para a medida.

A Prefeitura, por meio de sua assessoria, informou que foi procurada pela montadora, que teria se comprometido a divulgar, em breve, “uma nota afirmando que não procedem as informações divulgadas pelo sindicato”. O Poder Público afirmou, ainda, que “reforça que está acompanhando, de perto, o assunto para defender os interesses dos trabalhadores e da cidade”.

Após saber da notícia, a deputada federal Margarida Salomão (PT) se disse não só preocupada, mas “indignada” com a situação. Ela afirmou que fez contato com o governador eleito Fernando Pimentel (PT), que faria contato direto com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, com o objetivo de “adiar este tipo de decisão antes que haja conclusão de nova rodada de entendimentos”.

 

Conversão

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Considerada uma das fábricas mais modernas da indústria automobilística da América do Sul, a planta juiz-forana foi inaugurada em abril de 1999 e era usada para a produção de automóveis até 2010. No ano seguinte, recebeu investimentos da ordem de R$ 450 milhões, para ser convertida para a fabricação de caminhões, especificamente os modelos Actros e Accelo. Pelas contas da entidade de classe, a fábrica contou com incentivos fiscais da ordem de R$ 1 bilhão até 2009.

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