Alinhamento entre poderes


Por WALLACE MATTOS

08/02/2015 às 07h00

A pasta esportiva local tem novo secretário desde a última segunda-feira. Em substituição a Francisco Canalli, deslocado para a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Carlos Bonifácio, 48 anos, assumiu a Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) e, mesmo antes de tomar rédeas efetivamente de seu novo cargo, já colocou a mão na massa. O político do Partido Republicano Brasileiro (PRB), ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, articulou com seu correligionário e novo ministro do Esporte, George Hilton, uma visita a Brasília, acompanhado do prefeito Bruno Siqueira, para começar a cumprir sua principal missão: garantir o término da construção do Ginásio Poliesportivo Municipal Jornalista Antônio Marcos.

Mas não é só em relação à arrastada obra do aparelho esportivo tão aguardado pela comunidade juiz-forana que Bonifácio tem compromisso. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o novo secretário falou sobre como pretende atuar para tornar menos dura a vida de esportistas e equipes locais. Com um discurso conciliador, o titular da SEL propõe uma grande união da comunidade esportiva local. “Queremos debater o esporte como um todo em Juiz de Fora. Discutir com as pessoas que querem fomentar as modalidades esportivas aqui. Devemos estar focados naquilo que nos une. Estamos à disposição de quem quer o melhor para o esporte da cidade”, garante Carlos.

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Tribuna – Qual é a sua relação com o esporte?

Carlos Bonifácio – Vem desde criança, aquele sonho comum a quase todo menino brasileiro. Sou nascido no morro, sonhei em ser jogador de futebol como tantas crianças, mas não deu certo. Pratico ainda uma ou duas vezes por semana. Hoje é um prazer poder ajudar a quem tem esse sonho de ser um atleta não só de futebol, mas de vôlei, de corrida e outras modalidades. Já pude conhecer vários desses esportistas locais nos últimos dias e pretendo ajudá-los nessa caminhada.

– Na sua opinião, qual é o principal problema do esporte em Juiz de Fora?

– A parte financeira, atrair patrocínio, principalmente para as modalidades individuais. Porque no futebol temos o Tupi, se é pouco, razoável ou muito não é tão relevante, mas sempre há recursos, empresas patrocinando. Nos esportes individuais e naqueles que são menos difundidos é mais difícil atrair investimento. Acredito ser este o maior problema do esporte local. Precisamos muito da iniciativa privada nesse sentido.

– O que se pode esperar da ponte partidária formada com a sua chegada à SEL, já que é do mesmo partido do secretário estadual e do ministro do Esporte?

– Estivemos em Brasília (em janeiro), ficamos na casa do ministro dois dias e conversamos muito sobre Juiz de Fora. Colocamos as necessidades de investimentos no esporte local, mostramos para eles que existem muitos atletas que precisam demais da ajuda do Governo federal para alavancar as modalidades não só na cidade, mas na região. Como cidade pólo, nós acolhemos praticamente toda a Zona da Mata e temos essa responsabilidade. Ele se colocou solidário, como sempre foi como parlamentar, e agora mais ainda vai poder nos ajudar como ministro. Assim como o Carlos Henrique também. Vamos precisar muito tanto da Secretaria Estadual como do Ministério também em alguns projetos que temos: trazer uma sede da Taça BH (torneio sub-17 de futebol) para a cidade; voltar a sediar os Jogos de Minas; temos também a intenção de realizar na microrregião uma copa de futebol sub-20, buscando revelar talentos que possam atender, por exemplo, o Tupi. O município e nosso entorno têm muito a ganhar com essa integração entre as esferas municipal, estadual e federal.

– Há como garantir que, com esse alinhamento, finalmente o Ginásio Municipal será concluído?

– Essa foi a finalidade de irmos a Brasília, eu e o prefeito Bruno Siqueira ainda antes de eu assumir a SEL. Ele foi o primeiro prefeito atendido pelo novo ministro. E ele (o ministro) colocou que quer concluir essa obra. Está somente esperando votar o orçamento, pois haverá um grande corte, para saber de que forma os recursos chegarão. Se vem o volume de uma vez ou se será fatiado, mas de forma que a obra não pare mais. Hoje estamos calculando que cerca de R$ 20 milhões seriam necessários para sua conclusão, e a Prefeitura já tem em caixa R$ 4 milhões, então faltariam R$ 16 milhões. Estamos tentando trazer o ministro aqui ainda em fevereiro para que ele veja como está o local e o sensibilizarmos ainda mais. Com a visita recebida essa semana (de representantes da Caixa Econômica Federal e de representantes do Ministério do Esporte) e o realinhamento do contrato colocando a contrapartida do município em um patamar possível (passando de quase R$ 8 milhões para cerca de R$ 2 milhões), estaremos mais perto de recomeçar a obra para não parar mais. Calculamos que, depois de seu início, em 24 meses consigamos entregá-lo ao povo de Juiz de Fora.

– Como ajudar os esportistas que são carentes de recursos para despesas pequenas?

– Temos o ICMS Esportivo, um programa do Governo estadual que destina parte dos impostos pagos pelas empresas que têm sede em Juiz de Fora para o esporte. Hoje estamos com cerca de R$ 99 mil em caixa ao ano. É pouco, mas se conseguirmos transferir para o Conselho Municipal de Desportos (CMD) esses recursos já conseguiremos ajudar muita gente. Aliás, é o que mais temos de pedidos na SEL, uma inscrição, uma passagem para ir competir, coisas relativamente baratas. Além disso, queremos trazer a iniciativa privada para isso, mostrar que muitas vezes não é preciso o patrocínio grande, de alto valor. Tudo com transparência, para que esses empresários vejam o retorno em imagem e encarem esse apoio como um investimento, não um gasto, muito pequeno e que pode gerar um retorno muito grande.

– Como promover a integração da SEL com outras pastas do Executivo municipal?

– Se nós conseguirmos integrar outras secretarias para utilizarem o esporte como instrumento vamos ter menos pessoas doentes, por exemplo. Hoje temos 14 praças pela cidade que possuem equipamentos de academia ao ar livre. O que precisamos agora é de profissionais para ficarem nesses locais, pelo menos um horário, se não conseguirem ficar todo o tempo, duas horas por dia, para orientar a maneira correta de se exercitar. Alguém da saúde para aferir a pressão, falar sobre alimentação saudável. Queremos promover essa integração. Com a educação, por exemplo, já temos uma grande parceria, visto que a maioria de nossos profissionais vêm da Secretaria de Educação. Quero agregar a própria Empav, que é quem faz a instalação dessa academias. Procuraremos dar aos juiz-foranos a condição de se exercitar e ter uma vida mais ativa e saudável com orientação de qualidade.

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– A SEL não tem recursos próprios destinados ao esporte local. Há sempre a promessa de que terá 1% no orçamento municipal, mas não se chega nem perto desse número. Como fazer para administrar uma pasta sem margem para investir no desenvolvimento das modalidades na cidade?

– O prefeito quer muito investir no esporte, pediu um carinho especial com os campos de várzea, com o Bom de Bola (Bom de Escola, maior programa atualmente desenvolvido pela SEL, atendendo em 21 núcleos 2.700 crianças e adolescentes no contraturno escolar). Não discutimos ainda com ele sobre valores. Sabemos que o município é quem fica com a menor fatia do bolo, passando por um momento de arrocho. As verbas vêm carimbadas para saúde e educação, por exemplo, não tem como mexer. Desta maneira, dependeremos de recursos vindos dos governos estadual e federal para termos capacidade de investimento.

– Como pretende que seja a relação da SEL com o Tupi, única equipe de futebol profissional da cidade?

– Trabalhamos junto com o Tupi quando eu era vereador, mostrando para prefeito na época, Custódio Mattos, que era necessário fazer o repasse ao qual o cube tem direto por lei não só nos meses de competição, mas nos outros do ano, pois as despesas continuam correndo. Tivemos uma reunião com a diretoria do clube e estamos certos de que conseguimos sanar os problemas de falta de comunicação que existiam.

– Recentemente o Estádio Municipal passou pela troca do gramado e ainda precisa de uma segunda parte de sua reforma. Quando e de que maneira será realizada essa obra?

– A verba já está em poder da Caixa Econômica Federal, por isso é tranquilo afirmar que a obra acontecerá esse ano, e não está previsto fechamento do local. O Tupi poderá utilizá-lo normalmente. Enquanto estivermos fazendo a reforma de um vestiário, o outro ficará sendo utilizado, e mais os outros dois menores. Faremos a licitação o mais breve possível, a empresa ganhadora vai executar a obra e em pouco tempo conseguiremos reformar os prédios. Após a reformulação dos vestiários, as cabines de rádio e TV passarão pela reforma e ampliação de espaço.

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