Com apenas 14 anos, jovem é aprovado na Faculdade de Direito da UFJF

Candidato mais jovem aprovado também no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Caio Temponi decidiu seguir o sonho de se tornar juiz federal


Por Gabriel Magacho, estagiário sob a supervisão da editora Fabíola Costa

03/03/2023 às 07h49- Atualizada 03/03/2023 às 12h23

Configurando mais um passo em uma trajetória marcada por conquistas, o adolescente Caio Temponi, de 14 anos, recebeu com extrema alegria a notícia de que foi selecionado em terceiro lugar para o Curso de Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na última terça-feira (28). Após ter conquistado destaque nacional, no ano passado, por ter sido o candidato mais jovem da história a ser aprovado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), considerada uma das seleções mais difíceis do país, o estudante decidiu garantir sua estadia no Campus da UFJF pelos próximos anos. Em entrevista à Tribuna, o jovem, que demonstra mais maturidade do que sua idade exige por natureza, afirmou que sua decisão está embasada em diversos aspectos.

É apenas o começo de um dos meus maiores sonhos, que é me tornar juiz federal. Além de estar mais perto de casa, a escolha pela UFJF se deve pelo fato de que a instituição é uma das melhores do país. Eu também sempre achei a cidade muito agradável e boa para se viver.”

O mais novo calouro da UFJF que também residiu em Juiz de Fora quando cursou parte do ensino fundamental na cidade. Buscando garantir outra aspiração do adolescente, a família, natural de Três Rios, mudou-se em 2021 para Fortaleza, no Ceará, para que o menino tivesse a formação dedicada a um dos vestibulares mais disputados do país.

PUBLICIDADE

Nós já morávamos aqui em Juiz de Fora quando o Caio gabaritou, em 2020, a prova da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), tendo também ficado em primeiro lugar na classificação aos 12 anos. Pouco antes disso acontecer, ele chegou a ganhar uma bolsa integral em um colégio particular de Fortaleza, que também garantia o pagamento de todas as despesas de nossa família por lá. Sendo assim, como ele tinha o sonho de ser aprovado no ITA, e o ensino lá seria justamente direcionado para essa prova, nós decidimos deixar tudo aqui e mudamos para o Nordeste”, afirma Laurismara Temponi, mãe de Caio.

Sendo um menino que já demonstrava altas capacidades desde pequeno, o adolescente sempre teve o costume de participar de várias olimpíadas de matemática. Desde então, o jovem já acumulou medalhas de ouro, prata e bronze da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).

Além da UFJF, o jovem acumula 14 aprovações em diversas universidades e cursos país afora (Foto: Gabriel Magacho)

Ansiedade pelo início das aulas

O ingresso do adolescente na universidade, previsto para acontecer no final de março, somente será possível pelo fato de que o adolescente completou, no final do ano passado, o último ano do ensino médio. Adiantado em três anos escolares, Caio está ansioso para iniciar seus estudos na UFJF, de acordo com o relato da mãe. “Ele não cansa de reclamar comigo que está sem nada para fazer em casa e que não vê a hora de começar a estudar Direito”, ressalta Laurismara. Quando indagado sobre qual seria sua expectativa em relação aos novos aprendizados a serem adquiridos na universidade, o jovem confidenciou já ter iniciado o estudo de alguns conteúdos lecionados no meio jurídico. “Sobre a convivência com pessoas mais velhas, penso que será tranquila, porque quando eu fiz o curso para o ITA já estudava com pessoas de 20, 21 anos.”

De acordo com Laurismara, a escolha pela UFJF também irá permitir que ela e o marido acompanhem, bem de perto, essa nova etapa da vida do adolescente, tendo em vista a proximidade com a cidade natal de ambos. A escolha foi por Juiz de Fora, mas o jovem acumula 14 aprovações em diversas universidades e cursos pelo país. Como inspirações, Caio cita nomes conhecidos do meio jurídico brasileiro.

Eu quero ser juiz porque quero ajudar as pessoas e a sociedade como um todo. Quando penso nas minhas inspirações, posso citar o ex-juiz e atual senador pelo Paraná, Sérgio Moro (União Brasil), além do juiz federal Alexandre Piovesan e o desembargador federal William Douglas. Na minha visão, são pessoas que estão sempre tentando buscar a melhor solução possível e tomando as decisões mais adequadas.”

A Tribuna questionou à UFJF se Caio seria o candidato mais jovem da história a ingressar na instituição. Em nota enviada à reportagem, a Universidade parabenizou o candidato pelo resultado, além de agradecer seu interesse pela instituição. Já sobre o ingresso, disse que “é preciso aguardar a apresentação dos documentos de matrícula do candidato para avaliar o caso dentro dos critérios de seleção”.

Ajudar e ser ajudado pelo próprio ensino

Além da paixão pelo meio jurídico, o adolescente revelou à reportagem possuir outro hobbie: ensinar os conteúdos que já domina. Seja por meio de seu canal no YouTube ou em aulas presenciais, em que o jovem leciona conteúdos de matemática para alunos mais velhos em um cursinho preparatório da cidade, Caio vê no ensino uma das maneiras de realizar um de seus principais objetivos.

O conteúdo continua após o anúncio

Eu sempre gostei muito de dar aulas. Tudo começou quando eu tinha 12 anos e já ensinava matemática para algumas pessoas. Na pandemia, eu acabei conhecendo a plataforma do YouTube e isso se tornou mais uma oportunidade de disseminar o conhecimento que já adquiri com o passar do tempo. É, no fundo, um hobbie que gosto muito e pretendo continuar conciliando nos próximos anos, mesmo quando estiver na faculdade de fato”, assegurou.

Ainda na perspectiva de adquirir mais conhecimento nos próximos anos, Laurismara compartilhou outro desejo do menino, que quer conciliar a graduação em Direito com outro curso. “Ele ainda quer fazer o Curso de Matemática na parte da noite, porque Caio gosta muito desta área também. Não tem como ser aqui na UFJF, porque só é permitida uma matrícula por pessoa, mas nós estamos buscando uma bolsa de estudos para que ele possa realizar, também, esse outro sonho”, afirmou a mãe, que reforçou o orgulhosa pela trajetória do filho.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.