Banda Daki reúne foliões para celebrar o legado de Zé Kodak
Pela primeira vez em 50 anos, o bloco não desfilou pelas ruas da cidade, mas permaneceu concentrado no Largo do Riachuelo
Sábado de carnaval é a vez do bloco mais tradicional de Juiz de Fora ocupar as ruas. Há 50 anos, a Banda Daki desfila com personagens que marcaram a história do carnaval da cidade, como Isabelita dos Patins, o Palhaço Trombetinha e, claro, o inesquecível General da Banda, que ganhou vida através de Zé Kodak, referência e um dos fundadores da festa popular. Diferente dos outros anos, a banda não desfilou pela Avenida Rio Branco, mas permaneceu na concentração no Largo do Riachuelo, ao lado da estátua em homenagem a Zé Kodak, inaugurada nesta sexta-feira (17), para que todos conseguissem ficar mais perto do general da banda.
Reconhecido como patrimônio cultural da cidade desde 2002, a banda, depois de dois anos sem botar o bloco na rua, retornou levando alegria e humor para os foliões. Neste ano, o evento homenageou o José Carlos Passos, o Zé Kodak, que faleceu em 2021, vítima da Covid-19. O sobrinho de Zé, Gustavo Passos, assumiu a presidência da Associação Recreativa General da Banda, responsável por organizar o bloco. “O que motivava meu tio na loja e na banda era ver a alegria das pessoas no carnaval. Esse é o legado que ele deixou e que eu vou tentar seguir. Não vou substituí-lo, mas sim representá-lo.”
A diretora-geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Giane Elisa Sales de Almeida, estava presente, representando a prefeita Margarida Salomão. Giane protagonizou o momento simbólico do carnaval juiz-forano ao entregar a chave de abertura das festividades a Gustavo. Além disso, a diretora destacou a importância da homenagem que a Prefeitura de Juiz de Fora prestou à figura do Zé Kodak por meio da estátua, feita pelo artista plástico Yure Mendes, que representa o fundador da Banda Daki envolto de suas duas paixões: o carnaval e a fotografia.
“É o primeiro carnaval que estou organizando e eu queria muito a presença física do Zé, mas sinto a presença espiritual dele, pois pessoas como o Zé não morrem nunca, porque ele deixou um legado fantástico para a cidade como um todo e, principalmente, para o carnaval”, afirmou a diretora da Funalfa.
‘A cada flash Kodak tem um Zé Daki’
Desde 1980, o professor Júlio Lopes é presença confirmada na banda. Todo ano ele prefere investir em uma fantasia nova, ao invés de ter um traje fixo como muitos fazem. Neste ano, Júlio foi inspirado na personagem Wandinha, da série homônima da Netflix, mas fez referência ao General da Banda no quepe. “Em cada flash Kodak tem sempre um Zé daqui.” Esse é o trecho de um enredo que Júlio está desenvolvendo em homenagem ao Zé Kodak. “Isso é para eternizá-lo na memória da cidade. Tudo que o Zé queria era paz e alegria, e isso é o que desejo para todos nós neste carnaval”, diz Júlio.
Há 25 anos, o personagem Pierrot alegra a Banda Daki. Por trás da máscara, está o folião André Tavares, que vem de outra cidade para curtir o bloco. “Sou muito honrado por ter conhecido o Zé. Nós perdemos um dos maiores incentivadores do carnaval da cidade, mas o mais importante é ter a consciência de que o Zé não fica na memória de uma história, ele é a própria história do carnaval vivenciada por nós, foliões“, afirma.
Por volta das 11h, os foliões começaram a se aglomerar no entorno do Largo do Riachuelo. Eleuza da Silva Soares foi curtir o bloco ao lado dos netos. Ela trabalha como gari no Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) e, todos os dias, quando vai sair de casa para o trabalho, seus quatro netos ficam encantados com o uniforme. Pensando em agradar as crianças e homenagear a avó, a mãe dos meninos decidiu produzir um uniforme igual ao do Demlurb para cada um ir ao bloco. “Fico muito feliz vendo eles assim e todos nós juntos aproveitando a Banda Daki.”
História de outros carnavais
A Banda Daki foi fundada em 1972 por um grupo de amigos entusiasmados com o carnaval. Na primeira vez em que o bloco foi à rua, conseguiram reunir cerca de cem foliões. Hoje, milhares de pessoas saem de suas casas e vão celebrar junto com a Banda. Mas foi em 1979 que Zé Kodak assumiu a liderança do grupo e assim o fez por mais de 40 anos. O empresário do ramo de fotografia era referência carnavalesca na cidade e incentivava a Folia de Momo, além de apoiar diversos outros blocos e eventos.