Educadora Thereza de Azevedo Leite morre aos 89 anos
Thereza foi uma das fundadoras do Colégio Magister e ajudou a criar o Centro da Mulher Mineira, primeira entidade feminista de Minas Gerais
A educadora Thereza de Azevedo Leite, conhecida pela sua atuação em temas ligados à educação e aos direitos das mulheres, morreu na última quinta-feira (16) aos 89 anos. Thereza nasceu no Rio de Janeiro, mas morava em Juiz de Fora desde 1952, onde também contribuiu para a educação do município como secretária da Secretaria de Educação na primeira administração do ex-prefeito Custódio de Mattos.
O velório acontece no cemitério Parque da Saudade e o sepultamento está previsto para às 14h desta sexta-feira (17).
Com princípios da educação transformadora, ela foi responsável por inserir seus conhecimentos de educação popular à rede estadual de ensino e em 1970 foi uma das fundadoras do Colégio Magister, antiga instituição que foi referência pedagógica na cidade. Após ser secretária de educação da PJF, ainda atuou na vida pública como assessora da mesma secretaria. Em 1996, ela se candidatou a vice-prefeita ao lado de Reginaldo Arcuri.
Além dos feitos na área da educação, Thereza também ficou conhecida por defender os direitos das mulheres e criar a primeira entidade feminista de Minas Gerais, o Centro da Mulher Mineira.
Em 2010, Thereza recebeu uma homenagem da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) com o troféu Mulher Cidadã, dedicado a mulheres que se destacaram em suas atividades profissionais e sociais no ano de 2009. Na época, a coordenadora Especial de Políticas para a Mulher, da PJF, Sônia Parma, disse que a educadora foi escolhida para receber o prêmio em função dos seus trabalhos em prol da mulher.
Repercussão
A PJF manifestou, nesta manhã, sentimentos de pesar aos amigos e familiares. Em suas redes sociais, a prefeita Margarida Salomão lamentou a morte da educadora. “Uma perda irreparável. Thereza foi uma educadora exemplar, profundamente preocupada em fazer da Educação algo transformador na realidade dos estudantes.”
Em entrevista à Tribuna, o ex-prefeito Custódio Mattos destacou a importância da professora para o município de Juiz de Fora. “Thereza foi única e formidável como educadora no sentido mais amplo. Conviver com ela era aprender sobre humanidade, fraternidade, tolerância, igualdade. Corajosa e líder natural, iniciou lutas históricas do feminismo e da renovação da educação em nossa cidade. Sempre com ternura e energia contagiantes.”
O jornalista e escritor Rodrigo Barbosa foi aluno de Theresa no Magister e, mais tarde, trabalhou na mesma gestão de quando ela foi secretária, como superintendente da Funalfa. Para ele, o cuidado que Theresa tinha com as pessoas e com a vida pública foi o que a fez uma personalidade da história da cidade. “Além de ter uma estrutura de excelência com grandes professores, o Magister era muito mais que uma escola, era um espaço de vivência extraordinário. A Theresa criava um espaço de criatividade, liberdade, estimulo a imaginação e troca de conhecimento raro. Mais raro ainda no momento em que tínhamos um país vivendo em um regime de restrição de liberdade que atingia especialmente a educação e no Magister a gente era livre, o que acabou sendo um lugar na cidade para abrigar uma forma da população se organizar e contestar esse momento”, relembra Rodrigo.
Amigos e colegas de profissão também lamentaram a morte da educadora nas redes sociais. José Luiz Ribeiro do grupo Divulgação, que trabalhou com Theresa no colégio Magister, onde era professor, escreveu: “aos poucos vamos perdendo referencias. Mais uma amiga que deixa um vazio em nossa memória.” Companheira de Theresa no tempo em que atuou na Secretaria de Educação, Sônia Miranda, também lastimou a perda. “Assim ela existira para sempre em milhares de corações atravessados pelo lendário Colégio Magister e pela Secretaria Municipal de Educação de Juiz de Fora.”