Chuvas voltam a causar transtornos no Mariano Procópio e no Democrata

Transbordamento de córrego gerou alagamentos em diferentes pontos dos bairros entre a tarde e a noite de domingo


Por Gabriel Silva

23/01/2023 às 14h43

As chuvas que atingiram Juiz de Fora durante o domingo (22) voltaram a causar transtornos nos bairros Mariano Procópio e Democrata, na Zona Nordeste. O temporal acarretou o transbordamento do córrego São Pedro, que passa pela região, levando a alagamentos em diferentes ruas. A Tribuna esteve, nesta segunda-feira (23), nos locais mais impactados e ouviu a insatisfação de moradores com a situação que se repete todos os anos, além de flagrar a atuação de servidores da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para mitigar os danos.

Limpeza na Rua Benjamin Guimarães, no Democrata, na manhã desta segunda-feira (Foto: Gabriel Silva)

Segundo o Executivo, equipes da Guarda Municipal, agentes de trânsito e da Defesa Civil estiveram no Bairro Mariano Procópio durante o domingo para atender à população e organizar o fluxo de trânsito. A Prefeitura afirma que o córrego saiu da calha devido ao grande volume de chuvas que atingiu o Bairro São Pedro, na Cidade Alta. O volume de água afetou principalmente a Rua Feliciano Pena e também impactou as avenidas Brasil e Rui Barbosa, mas em menor nível.

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Por volta das 22h, ainda segundo a Prefeitura, houve a redução do nível da água no córrego e a mitigação do alagamento. As equipes do Demlurb realizaram a limpeza das ruas, processo que terminou na madrugada desta segunda. Durante a manhã, servidores ainda trabalhavam na limpeza de bocas de lobo na Rua Feliciano Pena. Morador do local, José Welington de Paula criticou a falta de solução para as enchentes. “Todo ano é a mesma coisa. Não tivemos prejuízos financeiros, mas tivemos prejuízo moral”, diz. Para ele, as pessoas afetadas pelas chuvas deveriam ter isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) como forma de diminuir os danos.

Na Rua Doutor Duarte de Abreu, também no Bairro Mariano Procópio, o alagamento também causou transtornos. Proprietário do Giru’s Bar, Tarcísio Afonso Gonçalves estava no local quando a água começou a tomar conta da rua. “Aqui (a rua) se transforma num rio”, resume o empresário, que, após dois anos de locação, vai deixar o imóvel e mudar o estabelecimento de endereço para tentar fugir das enchentes.

Chuva no Mariano Procópio (Foto: Divulgação PJF)

Água invade casas no Democrata

No Bairro Democrata, os estragos se concentraram na parte baixa da Rua Benjamin Guimarães, onde alguns moradores ficaram ilhados entre a noite de domingo e a manhã de segunda. No momento da chegada da reportagem no local, equipes do Demlurb realizavam a limpeza da calçada, que ainda estava enlamaçada.

Moradora da rua na altura do número 574, Jacileia Gomes ficou “presa” no segundo andar do imóvel por conta da água que invadiu o primeiro andar, que está sem morador. De acordo com ela, o alagamento chegou a alcançar 1,2 metro na residência. “Todo ano entra água. Neste, ainda não havia acontecido, foi a primeira vez”, conta a moradora, relatando ainda que tenta alugar o primeiro andar do prédio, mas as recorrentes enchentes afastam interessados.

A água também tomou o primeiro andar do imóvel de Marília Maia de Paulo, moradora da rua há cerca de 50 anos. No ano passado, ela se mudou para o segundo andar para fugir dos transtornos causados pelas chuvas. No local, nem mesmo uma estrutura de ferro improvisada na entrada da residência para tentar impedir a passagem de água teve sucesso, de maneira que todos os cômodos do primeiro andar tinham grande volume de água represada ainda na manhã de segunda, horas depois do término das chuvas.

“Eu passei para a casa de cima, mas não posso deixar o andar de baixo desse jeito. Quando eu morava embaixo, os móveis ficavam todos empenados por conta da água”, lamenta Marília. “Para alugar e para vender (a casa) é difícil, ninguém vai querer”.

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Marília mostra os danos causados pela chuva e o nível em que o acúmulo da água chega (Fotos: Gabriel Silva)

Prefeita defende empréstimo para financiamento de obras

Durante a manhã, a prefeita Margarida Salomão (PT) esteve na Rua Feliciano Pena para conversar com moradores e constatar a situação do local após a enchente. De acordo com ela, o alagamento aconteceu por conta do alto nível de precipitações na Cidade Alta, onde foram registrados 50 milímetros de chuva no período de uma hora. “As pessoas estão indignadas e estão cobertas de razão, porque é preciso que aqui se adote uma solução definitiva”, defende.

A prefeita lembrou do projeto de lei que busca viabilizar o empréstimo de R$ 420 milhões para a execução de obras de drenagem. “Nós já temos o projeto, estamos pedindo à Câmara a licença para contrair o financiamento. A obra para resolver o problema dos bairros Democrata e Mariano Procópio custa R$ 80 milhões, mas é uma obra para durar cem anos”, argumenta.

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O Executivo afirma que o dinheiro permitirá intervenções contra problemas históricos de enchentes e alagamentos nos bairros Industrial, Santa Luzia, Linhares e na Rua Cesário Alvim, além dos bairros Mariano Procópio e Democrata. “Estou aqui para dizer que sou solidária nesse momento de aflição, de perda e de grande dificuldade. Nós fizemos a limpeza da rua, o que diminui o estrago, mas não elimina. Mas vamos encaminhar o projeto resolutivo”.

Bombeiros fazem dois salvamentos

O Corpo de Bombeiros confirmou que foi acionado para atender a duas ocorrências de salvamento de pessoas em interior de veículo entre 20h e 22h30 do domingo. Os chamados foram nas ruas Professor Pedro Henrique Krambeck, no Bairro São Pedro; e Professora Violeta Santos no Bairro Vale do Ypê. Nos dois casos, ainda conforme os bombeiros, os solicitantes relataram que a água ultrapassou um metro e impossibilitou que saíssem dos veículos.

A Defesa Civil, por sua vez, registrou quatro ocorrências relacionadas às chuvas ao longo do final de semana, mas nenhuma de maior gravidade, segundo informado pela assessoria do órgão. Entre domingo e segunda, equipes da Defesa estiveram nos locais mais impactados por alagamentos para vistoriar imóveis e apoiar os moradores prejudicados pelas chuvas. O órgão afirma, no entanto, que não houve nenhum registro grave.

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