Imbróglio sobre ausência de cobradores será discutido em reunião

Sinttro protocolou ofício solicitando providências na segunda; encontro do Comitê Gestor do Transporte Público vai reunir consórcio, Prefeitura e sindicato


Por Gabriel Magacho, estagiário sob supervisão da editora Rafaela Carvalho

18/01/2023 às 16h48- Atualizada 18/01/2023 às 20h31

Diante do imbróglio envolvendo a ausência de cobradores em algumas linhas do transporte coletivo de Juiz de Fora, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) convocou, nesta quinta-feira (19), uma reunião do Comitê Gestor do Transporte Público. O intuito é reunir as partes envolvidas no sistema de transporte coletivo da cidade em busca de possíveis soluções para o dilema, que vem se arrastando desde o final de dezembro de 2022 na cidade. O encontro vai acontecer na mesma semana em que o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro) enviou ofício à PJF por meio do qual demanda soluções imediatas para o problema.

No início da manhã e no final da tarde desta quarta-feira (18), o Consórcio Via JF, composto pela Ansal e a Viação São Francisco, realizou duas reuniões com todos os cobradores do sistema de transporte público. Como pauta principal, de acordo com o diretor do grupo CSC, que assumiu a Ansal em 2015, Rafael Santana, o consórcio garantiu o emprego de todos os cobradores até que a transição para a bilhetagem realizada de forma totalmente eletrônica aconteça, tendo em vista que, na visão de ambas as empresas, essa é uma condição considerada inevitável e irreversível.

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“Nós estamos trabalhando para que essa transição possa acontecer da melhor maneira possível, causando o menor impacto entre os colaboradores do transporte coletivo da cidade. O Consórcio Via JF está realizando um grande investimento para modernizar a bilhetagem eletrônica, de maneira a trazer muitas facilidades para o usuário, tais como recarga dos cartões de vale-transporte por meio de Pix, pagamento da passagem por meio de QR Code e outras possibilidades ainda em testes. Além disso, estamos oferecendo todas as condições e qualificações possíveis para os cobradores, de maneira que eles possam ser incorporados em outros setores das empresas, sejam como motoristas ou em setores administrativos”, garantiu Santana.

Sindicato aponta 25 linhas sem cobrador e não descarta greve

Instada pela Tribuna nesta quarta, a assessoria do Sinttro afirmou que, diante da falta de diálogo da Prefeitura com o sindicato, além da ausência da realização das reuniões do Comitê Gestor do Transporte Público, foi enviado um ofício à PJF, na última segunda-feira, requisitando a tomada de medidas concretas contra o Consórcio Via JF em razão da retirada gradual dos cobradores das linhas. A Tribuna teve acesso ao documento protocolado pelo Sinttro, que apontou que a operação dos coletivos sem a presença dos cobradores, além de ser ilegal, de acordo com o próprio contrato de concessão do transporte público assinado em 2016, vem acontecendo em ao menos 25 linhas do transporte coletivo de Juiz de Fora.

Ainda de acordo com o ofício, o Consórcio Via JF estaria exigindo que alguns motoristas realizem funções típicas dos cobradores, além da própria direção do veículo, sem que a bilhetagem seja totalmente eletrônica nestas operações. O Sinttro também indicou que “os motoristas trabalham sob condições de estresse e pressão contínua de cumprimento de horário, seja por conta do trânsito caótico, excesso de passageiros e condições precárias de trabalho”, assim como a “ausência do cobrador nas linhas (…) está ocasionando o atraso e muitas das vezes perda de viagens, causando transtorno aos usuários e fazendo com que o motorista desempenhe dupla função”.

Dupla função

A Tribuna mostrou, no último domingo (14), que a ausência de cobradores em algumas linhas estaria causando desgaste nos motoristas, que passaram a exercer a dupla função, recebendo em compensação um acréscimo de R$ 200 no tíquete-alimentação, além de atrasos no embarque dos usuários do transporte coletivo. Dentre os motoristas ouvidos pela reportagem em condição de anonimato, ambos relataram que se sentem sobrecarregados e que, em uma das linhas que já contam com a nova operação, a média era que cinco passsagens fossem pagas em dinheiro a cada dez passageiros que entravam nos coletivos.

A condição exposta pelos trabalhadores é antagônica à justicativa utilizada pelo Consórcio Via JF para a adoção da medida. Entretanto, de acordo com Rafael Santana, são utilizados diversos critérios para determinar quais linhas serão operadas sem os cobradores. “Não estão acontecendo atrasos nas operações sem os cobradores. Nós possuímos critérios apurados todos os dias por nossos sistemas de bilhetagem e GPS que indicam quais são as linhas com baíxissima demanda e com baixo volume de pagamento das passagens em dinheiro”, afirmou o diretor. Questionada pela reportagem sobre quais seriam as possíveis medidas a serem adotadas para a solução do dilema, a Prefeitura de Juiz de Fora afirmou que todas as questões serão discutidas entre as partes na reunião do Comitê Gestor do Transporte Público a ser realizada nesta quinta-feira.

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