Presidente reeleito do Sport objetiva SAF e disputas do Mineiro e Carioca de base

Com novo e maior mandato, Dudinha afirma que clube se aproxima do AVCB para eventos, que dívidas têm sido abatidas e mira investimentos de empresários para “voltar ao cenário nacional” no futebol


Por Davi Sampaio, estagiário sob a supervisão do editor Bruno Kaehler

15/01/2023 às 07h00

O presidente do Sport Club Juiz de Fora, João Pereira de Almeida, o Dudinha, foi reeleito em dezembro último e irá continuar à frente da agremiação no quadriênio 2023-2026. Em busca de entender as pretensões para os próximos anos, a Tribuna entrevistou o mandatário, que afirmou objetivar a volta do Sport ao cenário nacional do futebol e admitiu a possibilidade do clube virar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o que já é possível conforme o estatuto da agremiação. O mandatário ainda reforçou a tentativa de obter o laudo de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), o qual permite a realização de eventos como jogos de competições chanceladas pela Federação Mineira de Futebol (FMF), no Estádio Doutor José Procópio Teixeira, o campo do Sport. Além disso, Dudinha afirma que o Sport irá disputar os campeonatos Mineiro e Carioca nas categorias sub-15 e sub-17 em 2023, e nega qualquer possibilidade de venda do clube. Confira a exclusiva com o presidente do Verdão da Avenida.

Dudinha recebeu a Tribuna no Sport para abordar as perspectivas do clube em sua nova gestão (Foto: Felipe Couri)

Tribuna de Minas: Presidente, você chegou no Sport em 2021 e cumpriu um biênio, certo? E agora foi reeleito, mas para um quadriênio, de 2023 até 2026, de acordo com o estatuto. Qual o motivo dessa mudança?

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Dudinha: Isso. O Sport Club está em uma transformação há alguns anos. Em um mandato de dois anos, é muito difícil para você trazer algum empresário para dentro do clube para acreditar no projeto. Eu era o vice-presidente do Jorge Ramos, virei presidente e agora vou para mais quatro anos. Nós montamos uma diretoria que todos eles são envolvidos, cada um no seu setor. Dentro de cada desenvolvimento, precisa de tempo para programar, planejar e trazer parceiros para caminhar com a gente. O Sport teve um último mandato conturbado, porque viemos da pandemia, todos os clubes passaram por muita dificuldade. Mas mesmo aos trancos e barrancos, conseguimos disputar várias competições, até de níveis estaduais. Tínhamos 146 alunos, hoje estamos caminhando para 500, isso na modalidade de futebol de campo, fora as outras.

– Quais são os principais planos do Sport Club para os próximos anos?

– O objetivo é voltar ao cenário não só estadual, mas até nacional no futebol. Estamos com um projeto para disputar o Campeonato Mineiro e também o Campeonato Carioca. Queremos jogar os dois porque são duas vitrines, e são em datas distintas. Nós já temos uma parceria também com a escolinha de base do Tupynambás.

– Então o sub-15 e o sub-17 vão disputar dois campeonatos estaduais? No Mineiro, o Sport entraria com o próprio nome? E no Carioca, teria alguma parceria como foi com o Barra Mansa?

– Isso, vamos jogar Mineiro e Carioca. A parceria com o time do Rio eu prefiro não falar qual é agora, mas está muito bem adiantada. O nosso calendário a nível municipal não te dá uma visibilidade tão grande. Só temos a Copa Bahamas e a Liga. Antes tinha a Copa Juiz de Fora, que ficava muito cheia. A rivalidade que tem na cidade é só Tupi, Tupynambás e Sport.

Sport quer seguir fortalecendo a base com mais disputas no futebol em 2023 (Foto: Felipe Couri)

– Você enxerga como possível um retorno do Sport Club ao futebol profissional?

– Temos um social muito ativo, e o futebol do Sport Club é uma das maiores integrações do município. Tem uma história muito grande, é um clube centenário. Resgatamos muitas coisas, não tínhamos acesso a nenhuma certidão dentro do clube. Hoje, o Sport não deve tributos federais, estaduais ou municipais. A divida de IPTU com a Prefeitura eu já julgo sanada por parceria e futuros compromissos que temos com ela. Mas a maior tacada que temos é que o clube iria a leilão com a dívida que existia de mais de R$ 8 milhões. Conseguimos um desconto muito bom, fomos até Brasília. Já parcelamos e estamos pagando. Queremos também, em 2024, montar um sub-20 para disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior, e depois talvez usá-los no profissional.

– No novo estatuto, há uma cláusula que fala da possibilidade do Sport virar SAF. Você tem essa intenção?

– O patrimônio do Sport Club é intocável para mim. Meu slogan é “crescer sempre, vender jamais”. Nosso objetivo é trazer grandes investidores junto com a SAF, seria muito importante. É uma das intenções, retornar e retomar o futebol no cenário nacional. Então, existe a possibilidade de conversarmos com grandes empresários.

– E sobre o campo, o laudo AVCB que estava vencido, vocês já conseguiram essa documentação? 

– Uma grande pergunta, estou satisfeito que você me fez ela. Fiz uma reunião no Corpo de Bombeiros com o Capitão Santana, e estamos na fase final do AVCB. Ele colocou lá para mim, que dentro de uma legislação, da legalidade, podemos sim trazer jogos oficiais para o Sport. São poucas adequações, como banheiros químicos. Agora, vou pedir o laudo da Federação Mineira, que ela venha aqui, para nós podermos trazer grandes eventos.

– No ano passado, o Villa Real realizou treinos aqui. O Tupynambás ainda não definiu onde irá treinar em 2023. É do interesse de vocês fazer uma parceria com algum desses clubes?

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– Hoje, o Sport Club não vê viabilidade em parceria com algum clube da cidade em relação ao campo. Não temos o espaço por causa da escolinha. Mas já temos a parceria com o Tupynambás onde cuidamos da escolinha deles, o Cláudio (Dias, presidente do Baeta) é muito meu amigo. Acho, inclusive, que o Tupynambás vai se tornar um dos maiores times da região. Mas nosso objetivo hoje é voltarmos ao cenário estadual e nacional no futebol e também nas outras modalidades.

– Nessas outras modalidades, o que você pretende para os próximos anos?

– Temos o basquete muito forte aqui dentro, assim como o futsal, inclusive o feminino. Estou conversando com algumas pessoas para aparecermos em cenários em que as pessoas ficarão surpreendidas. O empresário de Juiz de Fora precisa de um projeto sério para mostrar, e também levar a população. O Sport deu um avanço muito grande, não devemos mais nada a ninguém, isso é muito difícil em um clube. Consegui, junto com o vice (Daniel Moreira – da chapa “Crescer sempre, vender jamais”), através de muito trabalho. Nós vamos ter tempo para colocar em prática muito mais que conseguimos nos últimos anos, sanando as dívidas. O Sport quer trazer também atletas de fora, abrindo núcleos em outras regiões. A nossa região é coberta de craques.

Daniel Moreira, vice-presidente do Sport, ao lado de Dudinha (Foto: Felipe Couri)

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– Para finalizar, Dudinha, gostaria que você falasse qual será seu foco máximo na sua presidência. No último dia do seu mandato, o que você ficaria orgulhoso de ter feito?

– Estarei muito satisfeito se eu conseguir disputar o Mineiro e o Carioca com a base e levar esse grupo para a Copa São Paulo e quem sabe para o profissional. Isso será um dos maiores triunfos meus se eu conseguir. Tem também as melhorias no clube, que já estão em andamento. Penso em grama sintética para o campo, a quadra menor vamos fazer uma cobertura. Temos condições de trazer uma piscina aquecida. Eu tenho pessoas que me ajudam, que possuem boas qualidades, e quem sabe eu nem fique os quatro anos na presidência. Eu posso passar a bola para eles darem continuidade, são pessoas jovens. Meu grande orgulho é que o Sport não foi a leilão, ele é nosso. Caminhamos com nossas próprias pernas, estamos para finalizar o AVCB para fazer grandes eventos.

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