Parte das linhas de ônibus suspensa na pandemia continua sem circular em JF
PJF afirma que outras linhas passaram por adaptações para atender moradores de pontos em que houve desativação
Ainda no primeiro mês da emergência sanitária causada pela pandemia de Covid-19, em março de 2020, a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), atual Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), determinou a suspensão de algumas linhas no período mais crítico do isolamento social, diante da queda brusca no número de passageiros no sistema de transporte coletivo da cidade naquele momento. Passados quase três anos do início da medida, e diante de um cenário de plena retomada no número de usuários, com aproximadamente seis milhões de passageiros mensais, algumas linhas que foram suspensas à época ainda não foram retomadas até o presente momento, causando impactos a diversos juiz-foranos afetados pela falta delas.
Em reportagem publicada em setembro, a Tribuna revelou que 23 linhas do transporte público municipal não eram operadas desde março de 2020, de acordo com dados sobre viagens realizadas, disponíveis no site da SMU. Em demanda feita pela Tribuna à pasta no início deste mês, a informação é que não teria havido mudança no quadro. Na época, diante da finalização do processo de transferência das operações do Consórcio Manchester para o Consórcio Via JF, a prefeita Margarida Salomão (PT) divulgou, em vídeo publicado nas redes sociais da Prefeitura de Juiz de Fora no dia 16 de setembro, que, além de “exigir cumprimento dos horários e trajetos, nós vamos restabelecer linhas que tinham sido desativadas desde a época da pandemia”.
A Secretaria de Mobilidade Urbana, por meio de sua assessoria, informa que realizou adaptações no itinerário das linhas existentes para assistir usuários de linhas suspensas devido à pandemia. “No estudo de reformulação do sistema de transporte coletivo urbano, que está sendo elaborado pela UFJF, possíveis adaptações estão em avaliação para atender cada dia melhor a população.” A pasta ressalta, ainda, que os pontos de ônibus da cidade estão em conformidade com a determinação da legislação, de distância máxima de 500 metros entre cada parada.
A solicitação da retomada dos itinerários suspensos já foi protocolada por líderes de associações de moradores, principalmente de bairros que possuem menor oferta de linhas. A presidente da Associação de Moradores dos bairros São Bernardo, São Sebastião, Jardim do Sol e Cesário Alvim, Ana Paula Moreira, afirmou à Tribuna que a linha 437 (São Bernardo) não estaria circulando praticamente desde o início de 2020, motivo pelo qual já teria feito solicitações à PJF para retomada do itinerário. Já a presidente da Associação de Moradores do Bairro Marumbi, Lindalva Mantovani, afirmou que também registrou diversos pedidos pela retomada da linha 232 (Marumbi) pela plataforma “Prefeitura Ágil”, mas que não teria recebido nenhuma resposta por parte da PJF.
Medida dificulta locomoção de usuários
Ainda que grande parte das linhas atualmente suspensas pela PJF seja complementar à operação de outros itinerários que estão em circulação, seja pela proximidade dos pontos finais ou pela coincidência de boa parte do trajeto realizado, a ausência de determinados itinerários prejudica alguns moradores de partes mais isoladas de determinados bairros, conforme assegurou Lindalva à reportagem. “As linhas que passam atualmente no Marumbi e que, teoricamente, deveriam atender todo o bairro, não chegam a atender todas as ruas e regiões que as linhas suspensas passavam anteriormente. Aqui no bairro, por exemplo, as ruas próximas à ‘margem da Leopoldina’ estão desassistidas do transporte público desde então”, alega.
A mesma queixa têm usuários que se deslocam no sentido Centro-bairro, como é o caso do coordenador de cozinha Leandro César dos Santos, que trabalha na Avenida Olegário Maciel. “Antes da pandemia, eu conseguia utilizar linhas como 503 (Paineiras), 510 (Dom Bosco) e 599 (São Pedro) para ir ao trabalho. Como hoje estou restrito a um número menor de linhas que passam nesse trajeto, fica bem mais complicada a locomoção.”
Em entrevista, o diretor do Grupo CSC (que assumiu a Ansal em 2015), Rafael Santana, avaliou que “anteriormente, nós tínhamos um sistema de transporte público em Juiz de Fora que estava superdimensionado, com muitas linhas e com várias sobreposições nos itinerários. A Prefeitura faz o monitoramento diário da demanda de passageiros em todas as linhas e tem os seus próprios parâmetros para definir o aumento ou a diminuição da oferta de linhas e carros”, afirmou.