Pós-graduandos paralisam atividades a partir desta quinta

Pesquisadores solicitam pagamento a bolsistas da Capes, afetado após bloqueio do Governo federal


Por Leticya Bernadete

08/12/2022 às 08h01

A fim de reivindicar o pagamento das bolsas de estudos vinculadas à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os pós-graduandos e cientistas brasileiros irão paralisar suas atividades a partir desta quinta-feira (8). Em Juiz de Fora, a Associação de Pós-Graduandos da UFJF (APG-UFJF) agendou dois atos. O primeiro ocorre a partir das 11h, na Reitoria da UFJF, e o segundo, a partir das 18h, no Parque Halfeld. A suspensão das atividades deve ocorrer até o pagamento de todas as bolsas. Na noite desta terça (6), a Capes emitiu uma nota informando que não conseguiria pagar mais de 200 mil bolsas.

Como destacado pela coordenadora da APG-UFJF, Dalila Varela Singulane, a agência de fomento é responsável pelo maior contingente de bolsistas de pós-graduação na Universidade. De acordo com informações da plataforma Sucupira, disponibilizadas pela UFJF, a instituição conta com 724 estudantes vinculados às bolsas da Capes, sendo 361 de mestrado, 347 de doutorado e 16 pós-doutorandos. O número representa 62,8% dos discentes de mestrado, 68,2% de doutorado e 100% de pós-doutorado.

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Há uma grande preocupação entre os estudantes em relação ao não pagamento das bolsas por parte da Capes, considerando que estas são utilizadas para cobrir despesas pessoais, como moradia e alimentação, de acordo com Dalila. “Alguns discentes estão se organizando para ajudar outros que estão em situação de vulnerabilidade. Estamos em um momento de muita mobilização por todos os lados”, diz Dalila, que também é doutoranda em história. Como bolsistas, os pós-graduandos não podem ter outro vínculo empregatício, mantendo dedicação exclusiva às suas pesquisas.

Demais bolsas da UFJF foram quitadas

As demais bolsas, vinculadas à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e as mantidas com verba própria da UFJF, foram quitadas normalmente neste mês. De acordo com a coordenadora de Pós-Graduação, Priscila Faria, este pagamento foi possibilitado pela organização da folha de pagamento por parte da Universidade, cuja fonte pagadora é diferente da Capes. “A UFJF sempre se antecipa na organização da folha do fim do ano. Nossa folha de pagamento tinha sido processada, inclusive, anteriormente às restrições que foram feitas às Universidades.”

Em relação aos bolsistas da Capes, a UFJF apontou que “a retomada dos pagamentos depende diretamente da regularização da situação pelo Governo federal”. No que diz respeito aos próximos meses, a coordenadora de Pós-Graduação explicou que a administração superior também deve esperar maiores informações sobre as questões envolvendo os cortes orçamentários para organizar suas ações.

No último dia 29, a UFJF informou que estava avaliando o valor e os impactos do montante efetivamente retirado em que foi atingida. Questionada novamente nesta quarta (7), a instituição manteve o posicionamento.

IF Sudeste aponta estar ‘com saldo negativo’

O corte imposto pelo Governo federal às instituições de ensino no dia 28 de novembro retirou R$ 375.431,33 da cota orçamentária do IF Sudeste MG, de acordo com nota emitida pelo instituto na última segunda-feira (5). Os limites chegaram a ser devolvidos depois, no dia 1º, entretanto, na mesma data houve um novo bloqueio ainda maior, acima de R$ 2,3 milhões, o que deixou a Reitoria “com saldo negativo”.

No texto, o instituto informou que aguarda orientações da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC e analisa o cenário para maiores informações. “Caso não se reverta a perda orçamentária relatada, o IF Sudeste MG não somente ficará impedido de emitir novas Notas de Empenho, que viabilizam aquisições e contratações essenciais ao seu funcionamento, como também será obrigado a anular de forma parcial ou total os empenhos já emitidos pela Reitoria e pelos campi, o que gera impactos nos serviços já contratados e em plena execução.”

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À Tribuna, o IF Sudeste MG informou que os cortes já estão afetando a instituição neste mês de dezembro, sendo que alguns bolsistas, por exemplo, estão com seus recebimentos atrasados. O instituto, entretanto, não informou a quantidade de alunos afetados, apontando apenas que os impactos no campus de Juiz de Fora estão sendo calculados.

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