Furtos no comércio de Benfica aumentam quase 40%

Comerciantes reclamam de insegurança após fechamento de posto policial na praça, há mais de um ano, e relatam ameaças por telefone


Por Sandra Zanella

20/11/2022 às 07h00

Posto policial da principal praça de Benfica, a Jeremias Garcia, foi fechado há mais de um ano (Foto: Leonardo COsta)

Comerciantes do Bairro Benfica, Zona Norte de Juiz de Fora, estão preocupados com a incidência de crimes contra o patrimônio, como furtos e roubos. Lojistas também relataram à Tribuna que estão sendo ameaçados por telefone, com ligações inclusive para celulares pessoais, levantando a suspeita de criminosos estarem enviando pessoas para rondar o comércio na área.

A sensação de insegurança teria sido agravada após o fechamento do posto policial situado na principal praça de Benfica, a Jeremias Garcia, há mais de um ano, em outubro de 2021. No último dia 6, um homicídio a tiros foi praticado contra o frequentador de um bar no mesmo espaço público, levando pânico a moradores em pleno domingo, quando o movimento é intenso.

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Dados da Polícia Militar indicam que os furtos no comércio do bairro aumentaram 38,8% na comparação entre este ano (até o fim de outubro) e o mesmo período de 2021, saltando de 134 para 186 ocorrências. Já os roubos, caracterizados por emprego de violência ou grave ameaça, como assaltos à mão armada, tiveram queda de 31,25%, caindo de 32 para 22 crimes.

A percepção dos lojistas, entretanto, é que a criminalidade estaria disseminada de forma geral. “Estão ocorrendo muitos furtos e roubos na Zona Norte, principalmente no Bairro Benfica. A polícia retirou o ponto de apoio na praça, local onde podíamos registrar ocorrências. Agora não temos mais isso. Queremos saber por que o posto foi abandonado. No Santa Cruz, onde também deveria ser feita a ocorrência, há problemas administrativos, e muitas vezes a internet não funciona”, detalhou um comerciante, que preferiu preservar sua identidade por temer represálias.

Um dos casos de furto este ano foi registrado no dia 19 de setembro, quando o proprietário de uma lanchonete, de 49 anos, comunicou à PM um crime ocorrido durante a madrugada na Rua Henrique Dias. Ao chegar a sua loja, por volta das 4h30, ele constatou a falta de um televisor de 42 polegadas, certa quantia em dinheiro e dez maços de cigarro. A polícia verificou as características do invasor, pelo sistema de monitoramento de câmeras, e chegou até um suspeito, 35, que seria conhecido no meio policial na região de Benfica pela suposta prática de pequenos furtos.

Ele foi localizado na entrada da Vila Esperança, nas imediações de uma boca de fumo, e encaminhado à delegacia.
Já no dia 22 de setembro, um ladrão chegou a fazer um buraco na parede, durante a madrugada, para invadir uma loja de artigos para festas na Rua Martins Barbosa. O bandido ainda danificou um forro de PVC e teve acesso ao escritório, de onde furtou cerca de R$ 200. A ação criminosa chegou a ser filmada, e um suspeito foi apontado.

Delitos do tipo, sobretudo nas madrugadas, aconteceram no decorrer de todo o ano. No dia 17 de março, uma comerciante, 43, acionou a PM relatando que, por volta das 4h, um criminoso quebrou a porta de vidro de uma mercearia, também na Rua Martins Barbosa, subtraindo alguns potes de doces.

PM diz estudar Base de Segurança Comunitária

A insegurança na Praça Jeremias Garcia após o fechamento do posto policial ficou evidente com a ousadia de criminosos, que praticaram o assassinato a tiros no dia 6. Segundo a PM, o crime teria sido motivado por rixa entre moradores das vilas Esperança I e II. Wellerson de Oliveira Nascimento, 21 anos, chegou a ser socorrido até a UPA Norte, mas não resistiu e faleceu na manhã seguinte. O atirador estaria com mais três pessoas em um carro e teria aproveitado uma distração do jovem ao celular para abrir fogo contra ele. Ainda conforme a PM, a morte do jovem, morador da Vila II, teria motivado o tiroteio que levou pânico a moradores da Vila Esperança I na tarde do dia 7.

Questionada sobre o motivo do fechamento do posto policial na praça, a assessoria do 27º Batalhão da PM ponderou que está em fase de estudo a implementação de uma Base de Segurança Comunitária no Bairro Benfica, “capaz de acompanhar a migração do crime, reduzindo o índice de criminalidade e aumentando a sensação de segurança da população local”. A estrutura móvel, conforme a PM, também otimiza o patrulhamento preventivo, alcançando mais extensão territorial e, consequentemente, maior público.

“Considerando a constante evolução no cenário social, surge a necessidade de a Polícia Militar de Minas Gerais promover reestruturações de seus recursos logísticos e humanos, a fim de continuar mantendo a excelência nos serviços de segurança pública direcionados para atuar em maior proximidade com a comunidade, em atenção aos problemas que afetam a qualidade de vida local, em especial a prevenção/combate ao crime, a reação qualificada à violência e a desordem. Nesse viés, a instituição realizou a devolução do local do posto policial para a Prefeitura, objetivando atuar com base nas mais modernas estratégias de segurança pública voltadas para um policiamento mais dinâmico, capaz de fazer frente às demandas criminais”, justificou a corporação.

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Ameaças por telefone

Sobre locais próximos para registros de ocorrência, a PM indicou o posto policial do Bairro Santa Cruz e a Base de Segurança Comunitária. Em relação às ameaças por meio de ligações feitas para lojistas, a assessoria disse que essas situações foram relatadas informalmente no grupo de comerciantes de Benfica e garantiu estar agindo para coibir essa prática, “orientando os comerciantes sobre as tentativas de golpes (crimes de estelionato tentado) realizados via telefone”. Nenhum suspeito foi identificado.

Por fim, a PM informou que o policiamento na região de Benfica, para garantir a segurança dos comerciantes e da população em geral, é feito por equipes preventivas diurnas e noturnas, além do Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar), que atua diretamente nos bairros Vila Esperança I e II e no Miguel Marinho. “Bairros próximos de Benfica que, devido às características, necessitam deste policiamento especializado.”

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