Copa reacende alerta para cuidados com animais

Lei municipal proíbe soltura de fogos de artifício barulhentos, porém venda é permitida e ocorre em 11 estabelecimentos da cidade


Por Mariana Floriano, sob a supervisão de Fabíola Costa

18/11/2022 às 15h19- Atualizada 19/11/2022 às 16h16

 

O Buldogue Inglês Ulisses e a Dobermann Sophia felizes sem foguetes nem rojões, fotografados na tarde desta quinta no ParCão do Bairro São Mateus (Foto: Felipe Couri)

Com o início da Copa do Mundo neste domingo (13), os donos de animais de estimação vão ter que lidar com um problema já conhecido em datas comemorativas: os fogos de artifício. O barulho alto dos rojões pode causar sofrimento a muitos bichinhos e acarretar problemas mais graves, como fugas e até mesmo atropelamentos.

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Em Juiz de Fora, a Lei 14.296, publicada em 2021, proíbe o “uso, manuseio, a queima e a soltura” de fogos de artifício das categorias “C” e “D”, que são os mais barulhentos, com multa de R$ 1 mil para quem desrespeitar a determinação. No entanto, o texto não proíbe a venda desses artefatos na cidade e nem prevê fiscalização para impedir a prática, que deve ser mais frequente nas próximas semanas, principalmente em dias de jogo do Brasil.

Questionada, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que, desde o início de setembro, fiscalizou 30 estabelecimentos comerciais e constatou a venda de fogos de artifício em 11 deles. Em nota, foi afirmado que os responsáveis receberam orientações acerca do cumprimento da lei e foram notificados, através de documento fiscal, atestando o conhecimento sobre a determinação que proíbe o uso fogos de artifício com ruído em Juiz de Fora. A PJF ainda informou que a lei determina que quem compra fogos de estampidos e de artifícios assine uma declaração de ciência de que esse artefato não pode ser solto no município.

Este ano, a Câmara Municipal acrescentou ao documento a obrigatoriedade de que bares, restaurantes, clubes e casas noturnas fixem placas informando a proibição. Além disso, a PJF lançou a campanha “Comemore no grito” para evitar a soltura dos fogos, com cartazes em ônibus e publicações nas redes sociais. A intenção é conscientizar a população para que esse tipo de prática não aconteça, mas, para não contar com a sorte, os tutores de cães e gatos já estão preparados para os dias de jogos.

Música clássica para acalmar

O Toby, um shih-tzu de 9 anos, só fica calmo em dia de estouro de fogos de artifício ouvindo música clássica. A estratégia foi descoberta pela tutora, Luciana Rocha, que já tem uma playlist pronta para acalmar o cãozinho. “Eu coloco a música bem alta, ele ainda fica um pouco assustado, mas resolve bem.”

Luciana e Toby moram em Juiz de Fora há pouco mais de um mês, antes disso eles viviam em Três Corações, cidade do Sul de Minas. “Lá, como é uma cidade menor, também havia fogos de artifício em dia de jogo, mas não tanto quanto aqui.” Segundo a tutora, Toby naturalmente já fica assustado com barulhos mais altos, sejam trovoadas ou chuvas fortes, mas com os fogos é bem pior. “Geralmente ele tenta se esconder, seja embaixo da cama, ou dentro do armário. Se tiver uma porta aberta, ele vai tentar fugir. Em dia de jogo a atenção tem que ser redobrada com ele.”

De acordo com a médica veterinária Nadja Leite, a melhor estratégia é tentar abafar o som alto dos fogos, deixando o pet em um ambiente com janelas fechadas e na companhia do seu tutor. “As recomendações são as mesmas para animais de qualquer porte e para qualquer tipo de residência, sejam casas ou apartamentos menores. No caso de residências com piscina, é preciso ter atenção redobrada para que o animal, com o susto, não acabe caindo.”

Treinamento pode minimizar o drama

Nadja ainda explica que é possível fazer um treinamento para que o animal lide melhor com o medo dos fogos de artifício. “Chama-se contracondicionamento. Essa tática é ainda melhor se você possui animais que estão na fase de desenvolvimento e que não tiveram experiência com barulhos extremos. Para colocá-lo em prática é simples: basta ter emoções positivas, oferecer petiscos e realizar brincadeiras com seu pet em um local que tenha menos barulho, para que ele consiga se distrair.”

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Em casos mais sérios, existe a possibilidade de o tutor entrar em contato com o veterinário para que ele receite algum tipo de calmante ao animal. Nadja afirma que no mercado existem alguns medicamentos destinados a esse tipo de caso. “Podemos prescrever produtos à base de feromônios, óleos essenciais e produtos homeopáticos. Para animais que enfrentam um estresse muito grande, o tutor pode optar por um adestrador ou pode comprar coletes de pressão que têm como objetivo acalmar o pet.”

Tampões de algodão podem ajudar

Segundo a médica veterinária Lígia Oliveira, os tampões feitos com algodão podem ser uma solução. “Principalmente para cães que geralmente ficam em área externa ou semidomiciliados, os tampões vão auxiliar a reduzir a quantidade de ruídos.” Isso pode ajudar, visto que os animais possuem uma sensibilidade auditiva muito maior que os seres humanos e conseguem ouvir até quatro vezes mais.

“Sendo assim, a queima de fogos com barulho pode trazer prejuízos tanto de estresse físico quanto psicológico. O animal pode tremer, ficar inquieto, se esconder em locais mais calmos, fugir da casa no momento do barulho, convulsionar, até mesmo desenvolver queixas cardiológicas decorrentes da preexistência de morbidade do tipo.” Lígia afirma que é imprescindível ter o contato de um veterinário de confiança em mãos, para, em casos de estresse grave, se dirigir a ele.

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