Apuração de denúncias sexuais contra docente da UFV segue em sigilo

Caso foi encaminhado ao MPF em outubro de 2019, mas ainda não teve desfecho; crimes estariam ocorrendo há cerca de uma década


Por Sandra Zanella

07/10/2022 às 14h24

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) informou nesta sexta-feira (7) que segue em sigilo o processo administrativo disciplinar que apura as denúncias envolvendo um docente da instituição de ensino. O caso foi revelado pela Revista Veja na última semana e também é alvo de investigação sigilosa do Ministério Público Federal (MPF). Conforme a reportagem, o professor do curso de Letras, de 43 anos, foi denunciado por cerca de dez estudantes e ex-alunas por crimes como abuso de poder, violência física, assédio moral e sexual e estupro. Os delitos estariam sendo praticados há cerca de uma década.

“A universidade esclarece que o processo administrativo disciplinar que apura as denúncias contra o professor está em andamento no âmbito da Unidade Seccional de Correição da UFV, encontrando-se protegido pelo sigilo legal”, informou em nota a instituição, que garantiu estar apurando o caso com o máximo rigor e seriedade.

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Segundo a UFV, a denúncia foi encaminhada ao MPF em 29 de outubro de 2019, logo após a Reitoria tomar ciência do parecer resultante da sindicância que precedeu o processo administrativo disciplinar. “A comissão responsável finalizou a fase de instrução processual e, em breve, após análise das provas que foram reunidas e dos argumentos da defesa, indicará se haverá ou não o indiciamento.”

A instituição de ensino garantiu que “jamais se omitirá diante da necessidade de apuração e investigação de quaisquer fatos que, nas dependências dos campi universitários, atentem contra os princípios que regem a gestão pública”. A UFV destacou ainda “o absoluto respeito aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, pois sem o devido processo legal não pode existir democracia”.

A UFV não respondeu se o investigado foi afastado de suas funções. Conforme a Revista Veja, que teve acesso “a um espantoso conteúdo de 870 páginas, no qual 11 jovens relatam com riqueza de detalhes os abusos dos quais afirmam ser vítimas”, o professor chegou a ser afastado por 60 dias durante o processo. “Mas, com a pandemia, vieram as aulas on-line, e ele retomou o posto, onde permanece. Em setembro de 2021, já atropelado pela avalanche de acusações, recebeu uma promoção e escalou um nível na hierarquia docente”, apontou a reportagem.

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