Farmácia Central garante estoque, com falta de apenas um antibiótico

Confederação Nacional de Municípios constatou carência de medicamentos nas farmácias públicas de 65,2% das cidades pesquisadas


Por Sandra Zanella

02/10/2022 às 07h00- Atualizada 03/10/2022 às 09h49

Secretaria de Saúde da PJF garantiu que está normalizado estoque da Farmácia Central. Segundo a Prefeitura, está em falta apenas o antibiótico específico “amoxicilina com clavulanato” (Foto: Felipe Couri)

A Secretaria de Saúde de Juiz de Fora garantiu nesta semana que está normalizado o estoque da Farmácia Central, a qual funciona em novo endereço desde o dia 15, na Avenida Itamar Franco, 982, próximo ao Procon. Segundo a Prefeitura, está em falta apenas o antibiótico específico “amoxicilina com clavulanato”, da lista de medicamentos voltados para os usuários sem Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de referência, que representam cerca de 5% do público. “A falta do produto é um problema nacional, devido à ausência de matéria-prima, o que tem afetado o sistema público e privado de saúde. Outros antibióticos com a mesma atuação estão sendo oferecidos pela rede de saúde”, informou a pasta, por meio de nota.

A escassez de alguns remédios foi registrada em farmácias públicas de 65,2% das cidades brasileiras inquiridas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). “A pesquisa foi aplicada no período de 1º a 29 de agosto, quando foram ouvidos 3.178 municípios, que representam 57,1% dos entes.” Conforme a CNM, há falta de antibióticos do componente básico em 89,4% das cidades pesquisadas e de outros medicamentos indicados para: transtornos respiratórios (55,2%), sistema nervoso (41,9%), anti-hipertensivos (40,5%), controle da diabetes (33,4%) e outros (23,7%).

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Em Juiz de Fora, no entanto, a população não tem sofrido com outras carências apontadas pela pesquisa, de acordo com a Secretaria de Saúde. “A Farmácia Central é responsável pela entrega dos medicamentos de saúde mental, tanto para pacientes de áreas cobertas por Unidades Básicas de Saúde de referência, quanto pacientes de áreas descobertas. Cerca de 95% dos remédios coletados pelos usuários no local são voltadas para esse público. A unidade está com o estoque normalizado.”

Foto: Felipe Couri

Usuários falam da importância do serviço

Para quem depende da Farmácia Central para garantir seus medicamentos, a normalização do estoque é um grande alívio. Na última terça-feira (27), a moradora da Zona Norte Tatiane Silva, 44 anos, esteve no novo espaço para buscar os remédios que utiliza há 12 anos para epilepsia. “Às vezes falta, mas não tenho dinheiro para comprar. Quando preciso, um vizinho ou parente ajuda, sempre tem uma pessoa caridosa.”

Residente na Zona Sul, Silmara Aparecida Macedo, 39, é usuária do serviço há cinco anos. “Quando falta medicamento (para o sistema nervoso), não consigo dormir. Venho de três em três meses e, quando não consigo pegar, também preciso recorrer a um vizinho que usa o mesmo remédio.” Pelo menos nas duas últimas vezes em que esteve na Farmácia Central, ela obteve os itens que precisava.

Segundo Edson Batista Pires, 68, morador da região Sudeste, o serviço público sempre garante seu medicamento para pressão alta. Outro usuário, que preferiu não se identificar na reportagem, também esteve no novo espaço na terça e disse que todas as vezes encontra os fármacos necessários para manter a sua saúde.

Pandemia e guerra na Ucrânia

A carência de medicamentos constatada nacionalmente pela Confederação de Municípios é um problema crônico, segundo o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski. “É claro que não podemos negar que ainda podemos sentir os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia, mas não podemos justificar a omissão da área pública para resolver esse que é um problema gravíssimo e já se tornou crônico.”

De acordo com a CNM, 57% das gestões municipais indicaram que não há prazo para normalização dos estoques, 27% informaram que a reposição deve ocorrer entre 30 e 60 dias, enquanto 14,5% dos municípios disseram que não há desabastecimento. “A situação preocupa a CNM, pois pode afetar a população quanto ao controle de doenças crônicas, como diabetes, por exemplo, e a recuperação de quadros infecciosos que exigem o uso de antibióticos, sendo que quadros clínicos leves podem gerar complicações e levar ao aumento das demandas por internação hospitalar.”

Novo espaço

Em Juiz de Fora, além de garantir a distribuição dos remédios, a PJF acrescentou que o novo espaço da Farmácia Central “foi pensado e planejado para oferecer aos usuários o cuidado farmacêutico, alinhado com as novas perspectivas do Ministério da Saúde, com acessibilidade e organização”.

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O local oferece salas para o atendimento farmacêutico e para a abertura de processos para as insulinas análogas, além de otimizar os setores administrativo e de armazenagem dos medicamentos. “É um esforço da PJF em melhorar todos os ambientes de acolhimento aos usuários, em todas as unidades de saúde, com o objetivo de humanizar esse atendimento e acolher com dignidade nossos usuários”, disse o secretário de Saúde, Ivan Chebli, na data da inauguração.

Conforme a PJF, a Farmácia Central realiza em média 5.500 atendimentos por mês e possui na Relação Municipal de Medicamentos (Remume) 141 apresentações farmacêuticas de remédios para tratamento de diversas patologias, sendo 24 pertencentes ao grupo da saúde mental e 118 do componente básico da assistência farmacêutica, para tratamento de doenças como hipertensão e diabetes, além de antibióticos e outros.

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