O semeador
“O semeador da vida semeia sempre a boa semente, que nos corações alheios assemelham–se muitos às glebas rurais”
Cada ser humano é um vasto campo no exercício de incontáveis experiências, que tem como ponto de partida a vontade pessoal, o livre arbítrio do indivíduo.
Tal como o lavrador modesto, que encontra um pequeno lote de terra, o espírito reencarnado utiliza-se do corpo físico, que lhe cabe, com a intenção de corrigir o passado faltoso e semear o futuro revigorante.
O semeador semeia onde lhe é possível e necessário para sua vida de engrandecimento. Os campos que o recebe poderão estar recobertos de pedregulhos de preconceitos; os pés de outro agricultor podem ficar emaranhados nos cipoais das ilusões lhe atando os passos; vastos campos hão de existir repletos de parasitas de egoísmos e ganâncias. Imensidões de terras abandonadas frutificam frondosas árvores da inércia e do materialismo avassalador, aguardando plenas de esperanças as mãos calejadas de um trabalhador.
Eis que o semeador saiu a semear.
Jesus, o grande Semeador, não pergunta quem semeará e não indica que haja contratado terceiros para o serviço. Apenas diz “o semeador saiu a semear”. O cristão não se refere à qualidade da terra a ser ocupada pelos grãos, não menciona sobre o clima e as possíveis condições propícias à semeadura, não pergunta sobre o proprietário ou o rendeiro, se homem ou mulher, se jovem ou velho, no gozo da saúde ou carregado de enfermidades. Salienta apenas que o semeador saiu a semear.
O semeador da vida semeia sempre a boa semente, que nos corações alheios assemelham-se muitos às glebas rurais.
Sementes de auxílio, compreensão, amparo, consolação, carinho e instrução podem ser lançadas no solo fértil dos corações de boa vontade, que habitam em todos nós, mesmo que estejam por algum tempo soterradas pelos detritos das emoções contundentes.
E o semeador saiu a semear.
Após arar o solo, em muitos casos, precisará irrigá-lo, equilibrar e corrigir com adubos, lidar com o barro e a poeira do mundo. Aí, sim, estará pronto o ninho para as sementes, então o semeador deverá aguardar, com calma e esperança, a germinação, com a influência do calor e da chuva, sem se distrair do cuidado contra as ervas daninhas e pragas. Até que a delicada muda frutifique a vasta colheita que a tantos outros há de alimentar.
Assim está dito que o semeador saiu de si mesmo, deixando ao lado do caminho todas as antigas ideias e atitudes separatistas, expressões de egoísmo, com o único objetivo de auxiliar sempre, compreender constante, trabalhando e servindo em nome Daquele que é o caminho, a verdade e a vida.