Unidade no discurso

Com 74 candidatos, a cidade precisa eleger parlamentares engajados em suas muitas demandas e garantir, sobretudo, processos mais ágeis para facilitar os investimentos


Por Tribuna

20/09/2022 às 07h00

Restando apenas duas semanas para as eleições, boa parte dos eleitores ainda não decidiu seu voto para deputado ou deputada e, especialmente, para o Senado Federal. Quando indagados, boa parte desses mesmos entrevistados não se lembra de seu voto proporcional em 2018, numa clara demonstração de descaso pela via legislativa. É preciso reverter tal situação, pois deputados e senadores são parte imprescindível nas relações de poder. No equilíbrio dos poderes está a principal base da democracia, mas, para tanto, é preciso também eleger parlamentares que cumpram esse papel de acordo com as prerrogativas, em vez de serem meros seguidores das lideranças, e também comprometidos com as causas de suas regiões.

Para o pleito deste ano, pelo menos 74 nomes estão inscritos nas urnas em busca de um mandato, mas não se sabe se pela falta de tempo numa campanha de curta duração, ou por desinteresse mesmo, poucos foram os que se apresentaram para discutir as demandas de Juiz de Fora e da Zona da Mata. Questões para serem avaliadas não faltam, pois não é de hoje que a Zona da Mata, especialmente, está na retaguarda dos investimentos, e só agora começa uma ligeira recuperação.

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Para acelerar esse processo, os parlamentares devem atuar no aperfeiçoamento de normas de incentivo e atualização de processos burocráticos que emperram a tramitação de projetos. O caso mais emblemático ocorreu com a M. Dias Branco, do setor de massas. Todos os esforços desenvolvidos para sua vinda para a região foram feitos, sobretudo, pelo próprio setor produtivo, mas faltou pressão da instância política para o Estado cumprir a sua parte, que envolvia a construção de uma via de acesso. A demora foi tanta que fatores externos, como a compra da fábrica de biscoitos Piraquê – que ampliou a capacidade de produção na região Sudeste -, acabaram influenciando o resultado final. Os executivos do grupo, ao comunicarem sua desistência, disseram que “diante de um investimento de tamanho porte, uma estrada não foi nem seria empecilho para implantação do projeto em Juiz de Fora”. Com ações no mercado, a empresa, de fato, define prioridades, mas, se ações tivessem tido celeridade, o panorama seria outro antes da compra da fábrica de biscoito.

Com uma infraestrutura invejável e com mão de obra de excelência, que hoje migra para outros centros em busca de oportunidade, Juiz de Fora tem motivos de sobra para acolher empreendimentos. Na semana passada, a Prefeitura anunciou que, partir de novembro, plantas industriais de duas subsidiárias da multinacional Ardagh Group começam a ser construídas. São a fábricas da Ardagh Glass Packaging (AGP), responsável por produzir garrafas e embalagens de vidro. Em seguida, será construída a unidade que abrigará a Ardagh Metal Packaging (AMP), exclusiva para a fabricação de latas de alumínio. As indústrias serão instaladas em um terreno que pertencia anteriormente à montadora Mercedes-Benz, às margens da BR-040, na altura do KM 773, no Distrito Industrial II.

Já nesta terça-feira, a Prefeitura anuncia um novo empreendimento na área do varejo. Enfim, há demanda, e a cidade tem capacidade, mas a via política precisa estar engajada em tais projetos de forma integrada, a fim de garantir mais forças nos pleitos da cidade e do seu entorno.

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