Soul Rueiro lança o single ‘Um exército pra nós é nada’

Mais de dois anos após o lançamento do EP “Juventude é resistência”, a banda Soul Rueiro lançou no último dia 2, nas plataformas de streaming musical, o single “Um exército pra nós é nada”. A canção foi gravada no estúdio Blessed, no Rio de Janeiro, com produção de Márcio Sampaio e Thiago Alves “JahBass”, e marca a introdução de elementos eletrônicos na sonoridade do grupo, com o uso da programação do beat e sintetizadores digitais.

O vocalista e guitarrista Hugo de Castro conta que jamais poderia imaginar tudo o que viria nos próximos anos de Brasil quando escreveu a canção, em 2018. “Escrevi com a intenção de trazer um som muito potente e que desse vida a uma mensagem de autoconfiança para a organização de ideias em comunidade, visando a mudanças, internas ou na sociedade”, explica. “A música é um chamado para todo mundo que acredita que essa mudança acontece diariamente e em nosso cotidiano, seja nas artes, na comunicação ou no tratamento diário. A nossa visão de mundo precisa ser construída pela troca, embora toda a lógica do sistema nos empurre para o individualismo.”

Ainda de acordo com ele, a letra da canção também é um desafio às estruturas conservadoras que naquela época já eram evidentes, mas vieram à tona no Brasil com uma intensidade não vista nas últimas décadas. “Infelizmente, a música só ganhou mais sentido com o tempo, e o que a torna completamente ligada ao momento atual é que a luta pela garantia dos nossos direitos, que antes era necessária, agora se faz urgente! ‘Um exército pra nós é nada’ é para dizer que reconhecemos a opressão, a tememos, e por isso jamais aceitaremos essa posição. A resistência diária é a ocupação do espaço com nossas ações, que devem ir no sentido da descolonização do pensamento, a certeza de que podemos ser quem somos e almejamos, independente das barreiras impostas pelo sistema.”

Um som um pouco diferente

O novo single marca o primeiro trabalho da Soul rueiro com a dupla de produtores conhecida por trabalharem com a banda Ponto de Equilíbrio. O guitarrista Henrique Villela diz que os integrantes do grupo têm um gosto musical diverso, mas entre as unanimidades no que diz respeito às referências musicais está justamente a Ponto de Equilíbrio. “É um projeto de forte relevância, consolidado na cena reggae nacional, do qual os produtores Thiago e Marcio fazem parte desde os primórdios de sua formação. Acompanhando os trabalhos de ambos através das redes sociais, descobrimos o Blessed, estúdio onde as duas feras já vinham desenvolvendo diversos trabalhos musicais – o que nos despertou a possibilidade de uma colaboração.”

Henrique conta ainda que enviaram uma “guia” da composição, marcaram uma conversa por vídeo, e a conexão foi instantânea. “A pré-produção rolou durante algumas semanas à distância, até que a gente colou para a Ilha da Gigoia, no Rio de Janeiro, para dar início às gravações. Fomos muito bem recebidos, guiados através das vielas pelo Márcio, que nos resgatou no centro da ilha! As gravinas (gravações musicais) duraram o fim de semana e o processo foi só alegria, a gente estava em casa.”

Entre os frutos dessa parceria está a proposta de inserir elementos eletrônicos no som da banda, que veio dos produtores durante o processo de pré-produção. “Em um trabalho tão colaborativo quanto a gravação de uma música, o mais importante é estar alinhado e sintonizado com quem você busca para assumir a produção musical. Foi exatamente o caso”, diz Henrique. “De certo, a Soul Rueiro é um elemento vivo que respira e reflete as nossas vivências e momentos, e a renovação é parte natural dos ciclos da vida. Uma coisa é certa, você sempre vai saber que é SR na primeira nota!”

Mais novidades a caminho

Além de marcar a primeira novidade em dois anos, “Um exército pra nós é nada” é só uma prévia do que está por vir. O baixista Marcelo Castro adianta que a Soul Rueiro já tem mais material gravado, mas o principal objetivo, agora, é expandir o público. “Conseguimos atingir pessoas e lugares diferentes desde que a música saiu, e isso está dando uma motivação extra para trabalharmos as novas gravações. Ainda não dá para dizer se o próximo som vai ser um single ou um EP, mas garantimos que estamos cada vez mais empenhados em espalhar a nossa mensagem para todos os cantos.”

E já que o assunto é expandir o público, o músico destaca que voltar a tocar ao vivo é preciso. “Lançamos o ‘Juventude é resistência’ literalmente às vésperas de fechar tudo, e, como todo mundo, não conseguimos apresentar as canções ao vivo. Fizemos uma temporada de volta no primeiro semestre deste ano para reunir o público que não via a gente desde o início da pandemia e para conhecer uma galera que chegou até a banda no período de isolamento através das plataformas de streaming. Tivemos a oportunidade de apresentar um show inédito ao lado do rapper RT Mallone, o que nos criou mais algumas possibilidades de circulação. Ainda em 2022 faremos mais uma edição desse show, temos propostas de nos apresentar na região e acabamos de ser aprovados no edital Esparrama, o que vai viabilizar nos apresentarmos no lugar que a gente mais gosta, que é a rua.”