Bill Hader é o craque do jogo na excepcional ‘Barry’

Por Júlio Black

28/08/2022 às 08h00 - Atualizada 26/08/2022 às 14h07

Oi, gente.

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Bill Hader é um dos grandes nomes surgidos nas últimas duas décadas do elenco de “Saturday Night Live” (aliás, saudades do tempo em que o programa era exibido por aqui pela Sony). Além de ótimo ator e humorista (duvida? Procure no YouTube suas esquetes como Stefon no “SNL”), ele tem se mostrado um roteirista e diretor excepcional, como pudemos confirmar na terceira temporada de “Barry”, que é exibida pela HBO e HBO Max.

Além de roteirista e diretor de vários episódios, Bill Hader interpreta o protagonista, Barry Berkman, um ex-fuzileiro naval traumatizado pela guerra que, ao retornar aos Estados Unidos, torna-se um implacável assassino de aluguel. Essa vida, porém, vem destruindo o que resta de suas emoções e sanidade, e a chance de mudar seus rumos, encontrar um novo propósito, surge quando ele aceita um serviço em Los Angeles e se depara com uma aula de teatro ministrada por Gene Cousineau (Henry Winkler).

Ele decide largar a vida de matador e investir na carreira de ator, por mais canastrão que seja, e ainda se envolve com Sally Reed (Sarah Goldberg), que sonha em se tornar uma estrela em Hollywood. Mas o passado continuar a perseguir Barry, seja na figura de seu antigo agenciador, Monroe Fuches (Stephen Root), ou no criminoso checheno NoHo Hank (Anthony Carrigan). Por isso, ele continua a deixar uma trilha de mortes em situações dramáticas, inacreditáveis, cômicas e violentas.

O drama, aliás, é o grande destaque da terceira temporada, que ainda tem espaço para situações absurdas; a comédia é que fica muito mais discreta. O mais notável é o desenvolvimento dos personagens: ainda implacável como matador, Barry segue a enfrentar os fantasmas do passado e as consequências de seus atos, ao mesmo tempo que segue em sua jornada de redenção – ainda que, em paralelo, fique evidente a sua masculinidade tóxica. Sally, por outro lado, se mostra ainda mais egocêntrica e capaz de passar por cima dos outros, principalmente quando o seu projeto de série para o streaming é aprovado. As situações de assédio e abuso trabalhista, a forma como se torna autocentrada e desprovida de autocrítica – assim como sua ascensão e queda -, são o verdadeiro suco de Hollywood.

Mas quem mais cresceu nesta terceira temporada foi Gene Cousineau. Ele precisa lidar com as perdas, as trágicas descobertas e o desejo de vingança em relação a Barry, apesar do medo que sente de seu ex-aluno. É nesse conflito de emoções que ele ganha uma chance de voltar a ser um artista respeitado, depois de anos visto como um nome arrogante e temperamental, mesmo que acredite não merecer uma nova chance. NoHo Hank, talvez o mais bizarro personagem da série, continua impagável, ainda mais por ser o mafioso gente-boa que tenta resolver os conflitos com diálogo – ainda mais por descobrir o amor ao lado de seu maior rival, o traficante boliviano Cristóbal (Michael Irby).

“Barry” é o tipo de produção que cresce com o tempo, a exemplo de “Breaking bad” e “Better call Saul”, e que entregou ao público, nesta temporada, episódios como “Starting now” e “710N” – que tem uma das melhores sequências de perseguição dos últimos anos, marcada pelo suspense, a ótima montagem e um desfecho surreal e brilhante.

Quando aquele seu amigo ou amiga pedir recomendações de séries, “Barry” deveria ser um dos primeiros nomes lembrados. Não perca tempo, vai lá assistir também – afinal, não colocamos os leitores e leitoras da coluna em roubadas audiovisuais.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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