Preço da carne tem queda, mas valor ainda aperta orçamento

De acordo com o IBGE, preço geral das carnes apresentou queda de 0,21% em julho; para consumidores, no entanto, redução não é suficiente para retomar o consumo diário da proteína


Por Nayara Zanetti, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

24/08/2022 às 07h42

Muita gente não percebeu, mas o preço das carnes apresentou leve queda, de apenas 0,21% em julho, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente ao mês de julho, divulgado pelo IBGE. Que a carne bovina estava cara, ninguém contesta. Mas a de porco, que estava sendo usada como alternativa na mesa de muitos brasileiros, também subiu, mesmo que em menor percentual ante a sua principal concorrente. A carne de porco aumentou 0,43% no mês passado. Entre as carnes de boi, acém (1,14%) e lagarto (0,50%) apresentaram alta ainda maior. Em contrapartida, patinho (-0,93), alcatra (-0,92) e picanha (-0,93) ficaram mais em conta, o que não significa, necessariamente, mais acessíveis à mesa do juiz-forano.

Há uma semana, a Tribuna percorreu açougues e realizou levantamento com a média de preços da carne bovina e suína praticada na cidade. Sempre considerando o alimento de menor valor disponível nas gôndolas, o preço mais alto encontrado para a carne de boi foi de R$ 98,90 o quilo. Já o mais barato saía a R$ 34,98. No caso da carne de porco, o quilo mais caro custava R$ 29,99, enquanto o mais barato, R$ 17,98.

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O economista Lourival Batista analisa que a aceleração da inflação nos últimos meses agravou as dificuldades econômicas já sentidas pela população durante a pandemia de Covid-19 e, consequentemente, o aumento dos preços reduziu o orçamento familiar. “Essa deflação do IPCA ainda é problemática, vários preços ainda subiram. Tem famílias que estão endividadas e cada vez mais se endividando, e os recursos que as pessoas têm não são suficientes para chegar ao final do mês. Mesmo agora com essa deflação, ela foi apenas suficiente para dar um pouco de conforto em termos de renda para a população.” O economista refere-se à deflação de 0,68% no IPCA verificada no mês passado, a menor taxa já identificada desde o início da série histórica em 1980.

Para o professor de economia da Universidade Estácio de Sá Bruno Dore, a deflação do mês de julho deve impactar no dia a dia do brasileiro, liberando um pouco de espaço no orçamento familiar para a compra de outros produtos nos próximos meses. “A gasolina e a energia elétrica são itens essenciais e estavam, em muitos casos, competindo com a compra de comida e de produtos não tão essenciais.”

Para ele, a redução superior a 20% nos preços dos combustíveis significa que haverá uma sobra no orçamento da população. “Quando reduz o preço de bens essenciais, acaba não só dando uma folga às compras. O brasileiro pode voltar a consumir outros itens que tinha deixado no passado, como alimentos que apresentaram alta elevada nos últimos meses, como a carne e os grãos”, exemplifica. A redução dos preços dos combustíveis e da energia elétrica foram os principais fatores que influenciaram na deflação verificada no IPCA.

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