Rainbow Fest volta ao coração da cidade nesta sexta
Edição 2022 do tradicional festival vai até domingo no Parque Halfeld com dezenas de atrações
Após não acontecer em 2020 e ter que realizar uma edição no formato híbrido ano passado – nos dois casos, devido à pandemia de Covid-19 -, a Rainbow Fest retorna com todas as atrações presenciais a partir desta sexta-feira (19), com diversas atrações até domingo (21). A edição deste ano marca, ainda, o retorno da festa ao Parque Halfeld, onde foi realizada entre 1999 e 2003 – nos anos seguintes, o evento passou para a Praça Presidente Antônio Carlos, atualmente em reforma.
Na sexta-feira, as primeiras atividades têm início ao meio-dia, com a parceria entre a GAG-MGM e a ONG Amor não tem raça JF para a realização da Feira de adoção de animais. Organizador do evento, Oswaldo Braga dará as boas vindas às 18h, seguido por apresentações de DJs e, às 20h, show das drag queens Joanne Portilla, Natasha Houston, Nayla Brizard, Wandera Jones, Penélope Fontana, Nicary e Felipe Feitosa. No sábado, também ao meio-dia, os DJs preparam terreno para a abertura oficial da Rainbow Fest, às 14h, com a presença da prefeita Margarida Salomão, movimentos sociais, execução do Hino Nacional cantado por Thales Tácito e participação da cantora Sandra Portella.
Na sequência, shows das drag queens TITIago, Nayla Brizard, Wandera Jones, Penélope Fontana, Nicary, Felipe Feitosa, Uiara Cardinally e Ajailla. As atividades de domingo também terão início ao meio-dia, com mais DJs e as drag queens Nayla Brizard, Wandera Jones, Penélope Fontana, Nicary, Felipe Feitosa, TITIago e Ursulla Scavolinni.
Uma das atrações mais marcantes da Rainbow Fest, a Parada Gay – realizada pela última vez em 2015 – não acontecerá mais uma vez este ano. O motivo, segundo Oswaldo, é a falta de recursos para contratar trio elétrico e o esquema de segurança, entre outros. “A Parada exige da cidade como um todo uma estrutura muito grande, de contenção de violência, mudança de trânsito, então vamos esperar um pouquinho mais para tentar voltar. Juiz de Fora chegou a fazer a maior parada de Minas, chegamos a colocar 120 mil pessoas. Numa cidade com mais de 500 mil habitantes, é muito significativo.”
Emoção pelo retorno da Rainbow
Oswaldo Braga afirma que o retorno da Rainbow Fest tem feito a organização viver o que ele definiu como “uma chuva de emoções”. “Primeiro pela expectativa do retorno; muita gente que ficou ausente por anos de Juiz de Fora já avisou que estará presente, e poderemos matar a saudade e dar um abraço nessas pessoas que nos apoiam há 24 anos. Ainda tem a simbologia do retorno ao Parque Halfeld, da Rainbow Fest fazer parte do calendário oficial da cidade e das políticas de inclusão da Prefeitura, e os cidadãos que nos recebem com tanto carinho.”
“Outro fator importante, que faz o evento ter uma proporção ainda maior, é o momento em que vivemos, com o governo que temos no Brasil, a promoção da violência e preconceitos”, prossegue. “E a Rainbow Fest traz essa defesa da democracia, a mensagem de que não estamos de acordo com a forma que o combate à homofobia e à violência contra os homossexuais tem sido feito.”
Além do caráter de proteção dos direitos da comunidade LGBTQIA+, Braga lembra que o evento terá “um gostinho de saudade, lembrando do Marquinho (Marco Trajano, idealizador e organizador do evento ao lado de Oswaldo, que morreu em julho de 2021 por complicações da Covid) e do Zé Kodak (morto em fevereiro do ano passado, também por Covid), que nos deixaram por causa da pandemia e eram icônicos no nosso evento. Vamos honrar o legado do Marco e fazer uma festa bonita”.
Sem Marco Trajano e Zé Kodak
Ao falar de Marco Trajano, Oswaldo se emociona com a lembrança do companheiro de 30 anos. “Está difícil organizar o evento sem ele; cada tenda ou placo que é montado, banner que é feito, material que é distribuído, me faz lembrar dele. Vai faltar o beijo que dávamos para marcar nossa maior conquista, que é a Lei Rosa, que fez com que Juiz de Fora fosse conhecida como uma cidade que respeita os direitos humanos e dos homossexuais. É preciso deixar a dor se transformar em lembrança, saudade, e conviver com ela. Fui casado com ele por 30 anos, nosso projeto começou em 1998, e sempre acreditamos que poderíamos fazer diferença no mundo, passar uma imagem positiva dos homossexuais; isso fez parte da nossa vida, era um dos nossos objetivos como casal e como gays.”
Por isso mesmo, para honrar sua memória, ele promete que não vão “deixar a peteca cair”. “Vamos arrasar e sempre lembrar do Marquinho, que sempre nos deu muito orgulho. O evento vai ser lindo, vai ter a inclusão de todas as letrinhas na nossa sigla, vamos colocar no palco toda a diversidade de nosso movimento.”
Vitrine para o país
Para esta edição da Rainbow Fest, Oswaldo Braga destaca que a maioria dos artistas no palco são da própria cidade, pois ele entende que o evento é uma vitrine para o país. “Temos que aproveitar que os turistas estão aqui para mostrar nossos valores, por isso estarão no palco nosso artistas, e o pessoal está caprichando”, diz. “E a Prefeitura tem nos apoiado por meio da Funalfa e da Secretaria de Turismo, eles sabem que nosso evento traz recurso para a cidade. Juiz de Fora não pode perder esse pioneirismo de incentivar a cultura LGBTQIA+, que possui características só nossas, como o transformismo, as drag queens. A Rainbow Fest, assim como o Miss Brasil Gay, é um evento aberto para todos que faz com que saiamos do nosso gueto e que as pessoas que eram forçadas a ter vergonha de sua condição subam com orgulho em nosso palco.”