Palanques digitais

A campanha oficial já está autorizada, mas os candidatos já usam as redes sociais para apresentarem suas metas, o que requer atenção do eleitor para não ser envolvido, especialmente, em fake news


Por Tribuna

17/08/2022 às 07h00

Embora ainda falte a propaganda no rádio e na televisão, prevista para começar no dia 26, a campanha eleitoral foi oficialmente inaugurada nessa terça-feira. Os candidatos, que já há algum tempo estavam na estrada, agora podem adotar a palavra mágica de qualquer postulante a um mandato: quero o seu voto. Até então, ela era vedada, e quem pedia voto antecipado poderia ser punido pela legislação eleitoral. O jogo, agora, começa a ser jogado em toda a sua plenitude, o que permite ao eleitor conhecer de perto os atores do processo que terá seu principal momento no dia 2 de outubro.

Desde a implementação da internet e, sobretudo, das redes sociais, o processo de captação do voto mudou de formato. Os comícios e os showmícios são coisa do passado, embora ainda sejam possíveis em eventos esporádicos e rápidos. Ontem, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro falou primeiro num evento fechado a religiosos e, depois, para a massa, no Calçadão, fez um pronunciamento de pouco mais de 15 minutos. E foram poucos os oradores, ao contrário dos palanques de outros tempos, em que havia uma fila de de candidatos e pressões para falar primeiro.

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As redes sociais, sobretudo, mudaram o comportamento dos políticos e dos eleitores, que agora recorrem às plataformas para acompanhar o desempenho de seus candidatos, e estes, por seu turno, reduzem as longas e estafantes viagens, especialmente em estados como Minas Gerais e seus 853 municípios. Hoje, embora a sola do sapato ainda seja uma grande e importante ferramenta, é possível chegar às bases por uma simples postagem. E é o que já está sendo feito, agora com o pedido do voto.

Os novos tempos têm suas mazelas, mas permitem, também, avaliação mais aguda dos candidatos. Acompanhar suas realizações, custos de campanha e promessas feitas em outros pleitos estão disponíveis no infindável mundo digital. O eleitor, hoje, conhece os gostos dos candidatos e têm espaço para efetivar suas cobranças com maior eficiência.

Com tantos avanços, a definição do voto deve ser feita com atenção. Entre as perversidades da pós-modernidade, as redes sociais trouxeram consigo as fake news, próprias para desconstruir biografias ou apresentar falsos discursos. Mesmo com as restrições da legislação, uma avaliação descuidada ou repostagem leva a sérias implicações. O zelo no acompanhamento das publicações e a checagem dos dados são importantes para garantir a eleição de candidatos verdadeiramente interessados em cumprir programas de interesse coletivo, em vez daqueles que olham apenas para o próprio umbigo, sem qualquer comprometimento com causas da população.

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