Varíola dos macacos: primeira morte no Brasil e nova suspeita em JF acendem alerta

Cidade teve o primeiro caso confirmado da doença na última semana; entenda como está a situação no município 


Por Gabriel Silva

31/07/2022 às 07h00

No último dia 22, Juiz de Fora confirmou o primeiro caso de varíola dos macacos, quase um mês depois da primeira confirmação em Minas Gerais. Em todo o estado, 44 pessoas tiveram testes positivados para a doença, enquanto outros 69 pacientes da rede de saúde estadual com suspeita de contaminação aguardam o resultado de exames e uma pessoa morreu. Ao contrário do que ocorre no estado, ainda não há transmissão comunitária da enfermidade em território juiz-forano, mas a comunidade médica segue em alerta com a proliferação da doença. Na sexta-feira (29), um novo caso suspeito de varíola dos macacos passou a ser investigado na cidade, conforme informação da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).

A primeira morte em razão da doença foi confirmada pelo Ministério da Saúde, também na sexta, dias após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter reconhecido a enfermidade como emergência de saúde global. O óbito foi registrado em Uberlândia e foi informado que se trata de um homem, sem mais detalhes como idade e comorbidades.

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Na cidade, o paciente infectado com a varíola dos macacos era acompanhado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) desde o dia 20 e foi a segunda suspeita de contaminação no município, uma vez que outra hipótese da doença havia sido descartada em 30 de junho pela SES-MG.

No comunicado em que confirmou a infecção, a Prefeitura informou tratar-se de um caso importado e que o paciente segue em isolamento domiciliar, “mantendo bom estado geral de saúde” e sendo monitorado pela Vigilância Epidemiológica. Os exames que confirmaram a varíola dos macacos foram feitos na Fundação Ezequiel Dias (Funed). Na nota, o Executivo reforçou a importância das medidas de proteção. Foi a primeira confirmação da doença na Zona da Mata, que teve o segundo teste assinalando a enfermidade em Cataguases, na segunda-feira (25).

O subsecretário de vigilância em saúde da PJF, Jonathan Ferreira Tomaz, ressaltou que o município não possui transmissão comunitária da enfermidade. Questionado sobre a chance de subnotificação, ele minimizou. “Os serviços de saúde têm sido constantemente orientados com relação a circulação do vírus e possível ocorrência de casos. Então, acreditamos que não há subnotificação, mas que alguns casos podem ser confundidos com outras doenças, daí a importância da vigilância”.

No âmbito estadual, a SES-MG afirma que apenas Belo Horizonte tem transmissão comunitária da doença. Entre os pacientes confirmados com a doença no estado, todos são homens, com idades entre 22 e 44 anos e em boas condições clínicas. Dois deles passam por acompanhamento hospitalar por conta da necessidade de isolamento. A pasta ainda informa que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas) acompanha diariamente as notificações de casos e monitora as pessoas que tiveram contato com os infectados.

Doença já virou emergência de saúde global

A OMS, no último dia 22, reconheceu o avanço da varíola dos macacos como uma emergência global de saúde. Com registro da doença em 75 países, a entidade classificou o contexto de proliferação da enfermidade como “extraordinário”. A partir da classificação, a organização passa a emitir alertas contra a propagação do vírus e pode propiciar maiores investimentos em pesquisas sobre as causas da doença, além de impulsionar as buscas por tratamentos eficazes. O estado de emergência ainda obriga agências sanitárias pelo mundo a aumentar as medidas preventivas.

A declaração da OMS aconteceu mesmo sem consenso entre os membros do comitê de emergência da entidade. Entretanto, segundo o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi levada em conta a veloz proliferação da doença. “Em suma, temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo por meio de novos modos de transmissão sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios das regulamentações internacionais de saúde”, disse.

O subsecretário de vigilância da PJF, Jonathan Ferreira Tomaz, ressalta que “o foco, agora, é tratar a doença com prioridade a fim de se evitar o aumento de casos” (Foto: Arquivo pessoal)

O subsecretário de vigilância da PJF, Jonathan Ferreira Tomaz, afirma que a nova classificação da varíola dos macacos mundialmente não modifica as medidas de contenção da doença em Juiz de Fora, que incluem diagnóstico rápido, isolamento dos casos e divulgação de informações para conscientização. “O foco, agora, é tratar a doença com prioridade a fim de se evitar o aumento de casos”, constata. O Executivo municipal, segundo ele, atua reforçando as orientações aos profissionais e serviços de saúde da cidade, além de monitorar os casos suspeitos e controlar o fluxo de atendimento.

A varíola dos macacos foi identificada pela ciência em 1958, mas não se mostrava capaz de alcançar um nível de proliferação como o atual e ficou restrita a partes da África central e ocidental por décadas. No último mês de maio, autoridades de saúde detectaram epidemias na Europa, na América do Norte e em outros continentes, iniciando um movimento que seguiria pelos meses seguintes e alcançaria, em julho, a escala de dezenas de países com registros.

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Prevenção

A varíola dos macacos é causada por um vírus semelhante ao da varíola humana e apresenta sintomas como dor de cabeça, febre, dor no corpo e surgimento de lesões com pus, que podem deixar cicatrizes. O contágio acontece por meio da secreção respiratória e dos fluidos corporais, sendo que as bolhas surgidas no corpo do indivíduo contaminado podem impulsionar o contágio.

No Brasil, as lesões têm aparecido na área genital, o que pode levar a confusão entre a varíola dos macacos e infecções sexualmente transmissíveis. A doença, por outro lado, não tem se demonstrado altamente letal.

Medicamentos e vacinas para se proteger da varíola são usados ​​para prevenir e tratar a varíola dos macacos. Entretanto, como a varíola foi erradicada há mais de 40 anos, as vacinas estão em falta. A mudança de classificação na OMS também pode ser um fator impulsionador de investimentos em imunizantes e fármacos. 

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